Os Ganso convidam para um passeio urbano-rural com um “conjunto apetitoso” de nove canções.
Ao terceiro álbum, Graciela Costa assume-se como voz principal dos Dear Telephone.
Música mais expansiva e mais directa, diz o músico e realizador André Tentúgal.
Woolgather significa sonhar acordado e é isso que os Flying Cages dizem transmitir com o segundo disco.
São comparados aos Arctic Monkeys, mas não gostam dessa comparação.
Quatro anos depois do último discos de originais, a banda juntou-se a Flak, dos Rádio Macau, que produziu este Território Desconhecido.
Fitxadu é criolo cabo-verdiano para fechado, e marca o início de um novo ciclo.
Kalaf Epalanga, Nancy Vieira e Totty Sa’Med estão entre os convidados.
Estreia a solo de Diron Animal, dos Throes and the Shine. Ele promete soltar a fera que tem dentro, com um disco mais eletrónico do que fazia em banda.
George Marvinson é o pseudónimo de Tiago Vilhena, e este disco acompanha os seus dilemas, paixões e devaneios.
Composto, gravado e produzido pela própria banda, assume-se como o registo mais pop dos Paraguaii.
Depois dos Deolinda, Ana Bacalhau estreia-se a solo e chama vários compositores para a ajudarem a descobrir-se.
Miguel Araújo, Samuel Úria, Jorge Cruz, Capicua ou Márcia, estão entre os convidados.
Rock e Blues em canções influenciadas pela mudança que o nascimento de filhas gémeas trouxe a Frankie Chavez, e o conturbado contexto social atual.
Depois de rejeitarem um disco inteiro gravado em Londres, os The Poppers reencontraram-se e regressaram com este álbum produzido por The Legendary Tigerman.
S. Pedro é Pedro Pode, vocalista dos doismileoito. Em 2017 decidiu dar um novo começo ao “Fim”, e reeditou o trabalho originalmente lançado em 2016.
Encontro improvável entre a banda de Braga e a sinfonieta de 15 elementos. A carreira dos Mão Morta revisitada e apresentada com novos detalhes.
Disco de estreia em nome próprio de um músico muito experiente, move-se em doce melancolia.
Leonard Cohen era uma das principais referências de Mazgani, a sua morte levou-o a escrever um disco inspirado no músico e poeta.
Sete músicos a tocar soul, rock e Rythm and Blues, com um pé no presente e outro nos anos 60 do passado século.
O quotidiano de uma geração é cantado sobre melodias inspiradas na canção tradicional portuguesa.
Os portugueses Capicua e Valete juntam-se aos brasileiros Rael e Emicida. O rap consciente a fazer a ponte sobre o Oceano Atlântico.
Xinobi lança um disco cheio de camadas, em ambiente soturno. Conta com vozes de Margarida Falcão, Ana Miró, do poeta sul-americano Lazarusman e do ícone punk Ian McCay.
O homem do pijama explora aqui o seu lado “maninho”. A ironia nas letras em batidas minimais continuam por lá.
Há uma certa cena lisboeta atual que leva vários artistas a escreverem e cantarem sobre uma cidade em mutação, ou pelo menos a tê-la como pano de fundo. Também acontece com as Pega Monstro. Mas Casa de Cima é muito mais do que isso. Mais do que a cidade, é o som de Maria e Júlia Reis que está em mutação. Continuam a atirar-nos rock à cara sem piedade, é certo, mas agora fazem a viagem em várias velocidades. Em “Casa de Cima” há vontade de partir a loiça toda e a cabeça aos betinhos, mas também há vontade de casar. Tem tons de punk, mas rende-se às melodias e às harmonias. São as vidas inteiras, com tudo o que têm de poético e cru.
Magnatas do Incomum. É este o epíteto dado aos Ermo com o lançamento de “Lo Fi Moda”. Percebemos. Quatro anos depois da estreia com “Vem por Aqui”, a dupla de Braga aposta na exploração eletrónica embrenhada na estranheza. “Lo Fi Moda” é uma crítica ao comportamento humano dedicado à futilidade e vaidade digital. Não será por isso de estranhar que os Ermo combatam esse narcisismo na persona que criam em público. Não mostram as caras, deixam as canções e as palavras fazerem o trabalho. Já foram apelidados de pop-eletrónica com tonalidades pós-punk e footwork. A verdade é que ao segundo álbum, eles soltam-se das amarras do estilo. São nove canções urgentes, e cheias de detalhe. Incomuns, certamente.
E a subida leva-nos até ao altar dos The Gift. Depois de nomes como Devo, Talking Heads, U2, ou Coldplay, o mítico produtor Brian Eno juntou-se à banda para produzir este que os próprios dizem ser “o disco de uma vida”. Além de produir, Eno também canta com a banda em “Love Without Violins”, algo raro. Os The Gift dizem falar a mesma língua do produtor, e isso transparece num disco que apesar destas novas influências mantém a identidade da banda. Pop alternativa rendida aos sintetizadores, de melodias épicas e canções cheias de cores. “uma banda mais experimental, que apesar de uma certa idade continua fresca”, explicou o músico Nuno Gonçalves.
Em oitavo lugar, os The Gift com “Altar”, um disco que os tem levado à volta do mundo em concertos.
De Alcobaça, voltamos a Lisboa e a quem a canta. Luís Severo é de Odivelas, e mudou-se há ano e meio para Lisboa. É essa Lisboa que canta no álbum homónimo que editou este ano. Canções simples, sobre o quotidiano de uma pessoa numa cidade que tende a afastar quem lá quer viver. Para este segundo disco, Luís Severo juntou-se à Cuca Monga (casa de gente como os Capitão Fausto) e criou as canções ao piano, atirando-se primeiro à melodia, e só depois à letra. É um álbum da cidade, mas também é de amor. Oito canções que relatam a experiência de vida de Luís Severo, experiência que é dele, mas que é também de muita gente que se identifica com a descoberta das dores de crescimento trazidas pela vida adulta. Luís Severo em sétimo lugar com um álbum homónimo que faz parecer fácil criar canções simples.
No sexto lugar, também há canções sobre as dores da idade adulta, mas desta vez vêm de outros pontos geográficos. O vocalista dos Glockenwise Nuno Rodrigues lança o primeiro longa-duração em a solo, com o alter-ego de Duquesa, depois de em 2014 ter lançado um EP homónimo. Em “Norte Litoral”, Duquesa não arruma as guitarras, mas torna-as mais suaves. Lançado em fevereiro, é um disco que soa a um verão nostálgico. São sete canções de indie-pop sonhadora, onde Nuno Rodrigues se estreia na escrita de alguns temas em português. Os anos oitenta e os seus saxofones, mas também Mac DeMarco são algumas das influências que se ouvem por “Norte Litoral”, mas é sobretudo a identidade eclética e as memórias deste Duquesa que aqui sobressaem. A culpa é da nortada.
2017 foi ano de festa para a editora Discotexas, da qual Moullinex é um dos fundadores, com a celebração do décimo aniversário. O próprio Moullinex ajudou a que a festa fosse ainda maior e lançou este “Hypersex”, que diz ser uma “carta de amor à club culture”. À pista de dança como lugar de comunhão onde todas as diferenças são bem aceites. Um disco que usa o amor como protesto, como resposta às manifestações de ódio que têm vindo a atravessar o mundo. “Hypersex” é, então, um álbum de portas abertas. Além das colaborações musicais de gente como Fritz Helder, Best Youth, Marta Ren, entre muitos outros, Moullinex apostou nas colaborações visuais, de vídeo e ilustrações, para fazer passar ainda melhor a mensagem. “Hypersex” foi este ano apresentado em locais que vão desde a Casa da Música, ao Coliseu de Lisboa, passando pelo MAAT. O resultado foi sempre o da comunhão pela dança. Ao que parece, a missão está cumprida.
Surma tem uma linguagem própria. Tão própria, que além das letras, a cantora de Leiria criou um dialecto individual para as suas canções. Em “Antwerpen”, Surma é a confirmação da promessa que era há muito. Um disco de sonoridade nórdica influenciada pela viagem da cantora à Escandinávia. Foi, aliás, essa viagem que deu título ao primeiro single do álbum: “Hemma” é nome de um filme que Surma viu na viagem, além de ser o nome da sua avó. É assim Surma, ligada ao mundo, e colada às raízes. Antwerpen está, também ele, dividido entre os sintetizadores espaciais e as melodias tribais, um mundo particular de Surma, onde nos entranhamos durante toda a viagem que é Antwerpen. Quem a vê fora de palco, ou do estúdio, franzina e doce, não a imagina sozinha a dominar sintetizadores, guitarras, samples, e todos os muitos instrumentos que a ajudam a construir esta fortaleza delicada de pop-eletrónica experimental.
Estamos já mesmo na recta final da contagem, e entramos no Top 3 dos Melhores Álbuns do ano. 1986 é o ano de nascimento de Luís Nunes, ou Benjamim, e do britânico Barnaby Keen. Eles conheceram-se em Londres, quando ambos por lá moravam em 2012. Formaram amizade com base num álbum “Construção”, de Chico Buarque. Além de Chico, têm muito mais em comum, como as paixões por Dylan, Beatles ou Beach Boys, e o facto de serem ambos multi-instrumentistas. Não é pouco, e bastou para que achassem que fazia sentido criar um álbum em conjunto, entre o português e o inglês. Em 1986, Benjamim e Barnaby Keen cantam e tocam quase todos os instrumentos. O álbum é um meio caminho entre as influências e as identidades, que resulta em pop sem fronteiras, com pulsar bossa nova.
A 16 de janeiro de 2016, os Orelha Negra apresentavam ao vivo um novo álbum, na íntegra. O concerto estava esgotado, a aclamação foi geral, mas o disco…não chegava. Passou mais de um ano até que chegasse o terceiro álbum homónimo da banda de Sam The Kid, João Gomes, Fred Ferreira, Cruzfader e Francisco Rebelo. Chegou em setembro de 2017, a provar que há esperas que valem a pena. Neste terceiro álbum, os Orelha Negra continuam fiéis à missão de busca do sample perdido para redescobrir o hip-hop e a soul, reinventando-os. Por outro lado, mantêm a novidade, e seguem a exploração de novos mundos. Aqui, a Orelha Negra vai à conquista do espaço, em viagem cósmica e psicadélica, à boleia dos sintetizadores e dos samples de voz que parecem ter sido propositadamente criados para cada uma das canções.
Slow J é geralmente catalogado como um artista hip hop, mas cria canções que ultrapassam as barreiras de estilo. Tão confessional como combativo e filosófico, Slow J apresenta-se como a mistura de todas as experiências que viveu, e pessoas que conheceu. De pai cabo-verdiano e mãe portuguesa, o músico setubalense tem a mistura no sangue e vontade de absorver conhecimento. Mudou de casa dezenas de vezes, e diz neste disco que “Casa é o mundo inteiro”. Diz que a música dele é uma “sopa de influências” que foi ouvindo ao longo do tempo. Isso reflecte-se num disco de estreia que tem hip-hop, semba, ou rock. O resultado não só não é confuso, como é coerente e torna-se um clássico instantâneo. É difícil perceber que caminhos musicais ele vai percorrer a seguir, mas é certo que o futuro de Slow J é cristalino. Comparado a Manel Cruz pela forma como cruza a poesia com a melodia, diz que quer fazer com o Rui Veloso o que o Ronaldo fez com o Figo. A primeira bola de ouro já está ganha.