Andar desnorteado faz destas coisas: canções puras e etéreas, que ecoam pelo espaço. Que o diga o quinteto liderado pela voz de João Firmino, os Cassete Pirata.
É o primeiro single do projeto de Marcos Alfares. Promessas de amor eterno, sintetizadores nostálgicos e saxofones aveludados.
O regresso do cantautor Samuel Úria, com uma canção a lembrar-nos das batalhas em Namek.
Potente e enérgica a agigantar um trabalho-bónus, o EP Marcha Atroz.
A personagem nascida da imaginação do poeta João Pedro Porto, a quem Carlos Medeiros e Pedro Lucas deram uma vida dançante em Sol de Março.
Os beats do DJ campeão do mundo Stereossauro, as cordas da guitarra portuguesa, as palavras de Capicua na voz de Camané e a benção divina de Amália Rodrigues.
Um regresso carregado de convidados mais orquestrais com a banda de Alvalade a mostrar as ambições para o novo disco: A Invenção do Dia Claro.
Uma faixa íntima e pessoal a refletir nas dores de crescimento e a atirar-nos à cara mais um rapper de enorme valor, Papillon.
Surf-garage rock inebriante com uma guitarra intensa a dar mote para a vida caótica de um millennial. Sem esquecer os prazeres da carne.
Um vendaval de pop jazzístico pela voz de uma cantora e compositora que transborda destreza técnica e confiança na criação, Beatriz Pessoa.
Regresso às canções depois da glória da Eurovisão. Um corpo-a-corpo com o pianista Júlio Resende, a pensar nos combates do amor.
Abre o Odeon Hotel de peito feito. Instrumentação mais pesada numa música-prece ao Nosso Senhor do Fim do Mês e dos Bolsos Cheios.
Das melhores canções que o músico de Leiria já compôs: ao ritmo de um coração feliz e apaixonado e um dos ex-libris de Radio Gemini.
Mais musculada e consistente. Música com o dedo de Xinobi a garantir a mistura da pop com a eletrónica. A justificar o título de “eletropop”.
Desinibido, divertido e palavroso. Pedro Pode a fazer canções certeiras e a refletir sobre as relações com dispositivos móveis, que insistimos em não desligar.
Tranquila e serena; fresca e autobiográfica… agitamo-nos suavemente com estas reflexões ‘auto-tunadas’ de uma das figuras do trap nacional.
Se há bandas que sabem fazer rock à moda antiga são os Razors… Tal como os amores, o rock quer-se assim: aguçado e para a eternidade.
A tradição da música crioula reinventada a partir de Lisboa. Um convite ao baile e a pedir muita dança. E quem não dança ao som dos Fogo Fogo… só pode estar a dormir.
Uma boca salgada, sedenta de rock. A intensidade e ferocidade sónica nas mãos e vozes agitadas de André, Cláudia, Geraldes e Hélio.
Além da percussão, sobressaem os sopros a mexer-nos com a imaginação. Podíamos estar numa charrete a rodar pelas montanhas de Sarajevo.
Uma canção que faz parte do mais recente disco da compositora, Vai e Vem. Aqui a cantar sobre os desafios que a vida nos coloca e a forma de os encarar.
Numa entrevista nas Manhãs da 3, Márcia assumiu que, depois de quase dez anos a fazer canções a solo, sente-se hoje uma mulher livre de quaisquer preconceitos.
Um tema feito a pensar nos filhos e que nós também abraçamos de boa vontade.
“Lança-te a voar/nada como abrir
as asas ao vento/e aprender a cair”,
É o conselho que Márcia nos deixa nesta “Tempestade”…
Em nono lugar temos o regresso à boa forma e às boas canções de um dos maiores nomes do rap em Portugal.
Falamos de Carlão que, depois de em 2015, ter celebrado os seus quarenta anos com um disco, voltou este ano às gravações.
Foi com “#Demasia” que Carlão apresentou o novo álbum, com o título Entretenimento?… Um trabalho que junta alguns temas que o rapper andou a amealhar nos últimos anos a outras novidades bem frescas.
Esta “#Demasia” é um regresso de Carlão, acompanhado da família: porque puxa de volta ao jogo o irmão, Jay-Jay – também ele fundador dos Da Weasel… e foi Jay-Jay que desenhou o beat desta que é a nona melhor canção de 2018 para a equipa da Antena 3.
Uma faixa a apontar o dedo à importância que damos às redes sociais; à devoção que fazemos aos objetos que nos ligam ao mundo digital; e que critica o culto das aparências.
Quando é demais… é… “#Demasia”.
Passamos de um banger rap para um instant classic rock ‘n’ roll.
O oitavo lugar pertence ao rugido do homem tigre.
“Motorcycle Boy” – é o título do segundo single do disco Misfit, que Paulo Furtado editou em 2018. Um trabalho que serviu para Legendary Tigerman aprofundar a sua relação com o rock’n’roll, com o cinema e com a fotografia.
E no imaginário de “rocker à séria” não podia faltar uma corrida de motas misturada com uma luta de gangues, que, neste caso, é uma homenagem a “Rumble Fish”, filme clássico de Francis Ford Coppola.
“Motorcycle Boy” é uma canção potente, a roncar aos demónios, com um riff de guitarra a soar a tubo de escape. Com as explosões do saxofone de João Cabrita a serem como o vento na cara de uma viagem sem capacete; e com a bateria de Paulo Segadães a levar os motores à “red line”.
Tudo isto reunido num videoclipe tremendo… um dos maiores e imperdíveis estímulos visuais do ano.
É o gang de Legendary Tigerman com este “Motorcycle Boy”.
Agora com a passagem do homem-tigre para um rapaz que terá vindo do futuro para nos adoçar a boca deste 2018 com duchesses, queques, palmiers e guardanapos.
Conan Osiris começou por ser um ovni que andou a atravessar-nos os céus. Quando demos por nós, já estávamos todos a falar dos bolos e a trautear… “se não estás lá tu no meio, o que é que há?”.
Tiago Miranda apareceu sem grandes avisos e cresceu na cena da música nacional por mérito próprio. Desinibido, com o coração na boca e com ritmos que vão do fado à kizomba; da música cigana à eletrónica das feiras.
“Adoro Bolos” é uma belíssima declaração de amor gingante – de ginga -, terra-a-terra e sem floreados. Primeiro estranha-se e depois vicia-nos. Tal como um boa camada de açúcar.
Este Conan já não é só do futuro. Pertence muito ao nosso presente.
Seguimos com o baile, nesta contagem decrescente…
Na sexta posição está Joana Espadinha com um pedido: “Leva-me a Dançar”.
Foi o primeiro single do segundo disco da cantora, O Material Tem Sempre Razão, e que contou com a ajuda de Benjamim na produção.
Ouvimos Joana Espadinha a suspirar e a desabafar com as incertezas de um próprias de um coração apaixonado.
“Leva-me a Dançar” traz o compasso de um baixo vincado e um delicado piano a anunciar que a pista está aberta.
Podia ser uma música para a rainha do baile de finalistas dedicar ao rei. Ou então para ficar em casa a chorar por não se ter par.
Nesta contagem da Antena 3 de melhores músicas do ano, não deixamos Joana Espadinha de mão estendida.
Fazemos-lhe a vontade e levamo-la a dançar até à sexta posição.
O quinto posto é ocupado pelos Capitão Fausto. Eles que conseguem uma dobradinha na lista das 30 melhores canções nacionais da Antena 3.
A banda de Alvalade, que está para lançar disco novo – A Invenção do Dia Claro – ocupa também o 25.º lugar desta lista, com o tema “Faço as Vontades”. Mas 20 posições mais acima encontramos esta “Sempre Bem”, o tema que assinalou, na primavera, o regresso dos Fausto aos originais.
O disco vai ficar marcado pela passagem do quinteto pelo Brasil, mais concretamente São Paulo, onde registaram esta “Sempre Bem”, um tema que já soa a clássico à moda dos Capitão Fausto.
Música escrita na primeira pessoa; um elogio à aceitação das dores, com uma melodia a mandar a melancolia às urtigas.
É verdade que não podemos estar “Sempre Bem”, mas com os Capitão Fausto ficamos sempre um bocadinho melhor.
E eles ficam na quinta posição desta lista das melhores músicas nacionais do ano.
Depois de Carlão, com “#Demasia”, no nono lugar, voltamos a puxar os beats do hip hop para a lista das melhores canções nacionais da Antena 3.
E a falar de um dos mais importantes decantador de samples do rap português, ourives das palavras, que esteve demasiado tempo sem nos dar uma música sua… só sua. Sem parcerias.
Já devem ter percebido de quem estamos a falar, e… “Sendo Assim”, anunciamos Sam The Kid no quarto posto da lista das melhores canções do ano da Antena 3.
A última década de Sam The Kid tem sido, sobretudo, a escrever, a compor e a produzir para outros rappers e a fazer discos com os Orelha Negra. Em 2018, STK voltou às edições em nome próprio, mesmo que Mechelas seja um trabalho retrospetivo desta última dezena de anos.
“Sendo Assim” é o primeiro “segundo verso” escrito por STK na última década. E é Sam The Kid a falar da sua arte; da relação com o hip hop; a descrever do seu amor à construção de rimas e a declarar a devoção a Chelas, o bairro lisboeta onde cresceu.
Um tema honesto, de coração aberto que nos ajuda a perceber um pouco melhor quem é este génio da canção feita em Portugal na viragem para as suas quatro décadas de vida.
Uma canção escrita e interpretada pelo músico de Coimbra no festival RTP da Canção, que em março não chegou à grande final de Guimarães, mas que nos deixou a nós, aqui na Antena 3, desaustinados e inquietos… em Alvoroço durante o resto do ano de 2018.
É JP Simões igual a ele próprio, com uma balada delicada, a falar ironicamente de silêncios desnecessários; de consternação e de comodismos.
“Alvoroço” pisca o olho ao punho fechado de Zé Mário Branco e à bossa nova de Chico Buarque. Começa com uma brilhante orquestração e termina, ela própria, em alvoroço… com um trompete a convidar-nos a todos para despertarmos e não nos deixarmos ir com a… “festa na praça”.
Já mais calmos, avançamos para o segundo lugar desta tabela de melhores canções nacionais de 2018.
Prosseguimos na contagem, mas não deixamos a ironia de lado. Porque somos muito pós-modernos e essa é uma marca característica desta corrente abraçada pelos Glockenwise.
A banda de Barcelos regressou, em 2018, às canções, com o disco Plástico, editado já durante o mês de dezembro – e que é o primeiro álbum dos Glockenwise escrito em português. E foi com este “Moderno”, tema que ocupa o segundo lugar da lista de Melhores Temas Nacionais de 2018, que Nuno, Rafael e Rui nos abriram o apetite.
Uma canção a condizer com a ironia do “Alvoroço” de JP Simões. Aqui com um alvo apontado a personalidades pós-modernas e pretensiosas; almas que querem ser uma coisa, mas que acabam a parecer outra.
Tão Modernos que eles são!
O sarcasmo dos Glockenwise, no segundo lugar da lista de melhores músicas do ano para a Antena 3.
O tema que ocupa o primeiro lugar desta lista de melhores canções nacionais do ano é uma canção-bomba que usa a velocidade das guitarras para falar de sexualidade, machismo, feminismo e igualdade de géneros.
É rock com uma mensagem direta e vincada, sem rendilhados ou espaço a segundas interpretações. Uma canção que sublinha que aquilo que os outros pensam ou acham não tem, na verdade, grande interesse, desde que as próprias escolhas tenham convicção.
“Deixem Lá”, da autoria de Filipe Sambado, foi o primeiro single do disco Filipe Sambado & Os Acompanhantes de Luxo e é, para a equipa da Antena 3, a melhor canção portuguesa de 2018.