As contas estão feitas, e estes são os 30 álbuns nacionais de 2024 mais votados pela equipa da Antena 3. Durante toda a semana, revelamos as nossas escolhas no que diz respeito a álbuns e a canções, nacionais e internacionais. Acompanha as contagens ao longo da emissão ou em atualização permanente aqui no site.
Como habitualmente, O Homem do Bussaco teve a gentileza de revelar o top 5.
Nota: Foram contempladas as edições entre 1 de dezembro de 2023 e 30 de novembro de 2024.
Um álbum dividido em dois, entre o sonho e a realidade. Entre a alegria, a melancolia e os muitos caminhos da pop eletrónica.
Há o White Album e o Black Album; faltava o Disco Tinto. Ficou resolvido com um álbum encorpado, com tons de dores de crescimento, e crónicas do dia-a-dia.
São 1445 quilómetros que separam Ponta Delgada de Lisboa. A distância entre o sítio onde nasceu e o sítio onde vive inspirou a artista para trazer um álbum que tem lá dentro as cidades… e a viagem.
Um álbum de cravo ao peito, a trazer canções para as revoluções de hoje com a certeza de que não se faz futuro sem saber do passado.
Primeiro longa-duração de uma das revelações do ano. Salta fronteiras de género sem preconceito e sem medo de trazer alegria pop à música.
Produzido e composto a solo, é um retrato da vida sem a pressão do julgamento ou da interpretação de quem a vê de fora.
Seis consagrados da música portuguesa reúnem-se para explorar a música tradicional. É um espelho a refletir sobre a sociedade, com voz de intervenção.
O calor do funaná gravado no frio de Terras de Basto. A alegria do som de Cabo Verde a mostrar que a crítica social também se pode dançar.
Depois de terem plantado A Semente… fixam raízes. Ao terceiro álbum, arriscam novas sonoridades e uma nova maturidade.
Segundo capítulo na aventura do alter ego de João Vieira. A vida real é sobrevalorizada, e estas são canções para tentar escapar-lhe.
Voltamos ao campo para ir às profundezas da tradição portuguesa. Descobrem-se as raízes celtas e pagãs, numa viagem que é também interior.
As fronteiras do jazz diluem-se num disco que se baseia na memória e na tensão entre o passado, o presente e o futuro.
A ecologia, as polarizações, os limites da inteligência artificial… A vida maior do que a vida no regresso mais de uma década depois do último álbum.
Depois da viagem pelo Festival da Canção e pela Eurovisão, chega um EP para refletir sobre as vitórias. Olha-se para baixo, mas também para trás e, sobretudo, em frente.
Nos 50 anos do 25 de Abril, a homenagem a um dos mestres da intervenção. São oito canções intemporais, numa voz que também o é.
No segundo álbum, voltam a viajar até a um sul imaginado, agora com as fronteiras mais esbatidas e com a liberdade como único destino definido.
Os sacrifícios vão ficando para trás, e Plutonio assina a sua própria liberdade. Um álbum que se move entre o hip hop, o trap e o R&B, mas com um carimbo de identidade bem definida.
No primeiro trabalho pós–Benji Price, o músico e produtor olha para dentro e conta-nos uma metamorfose através de canções.
Um álbum dedicado à freguesia gémea de Mafamude: Vilar do Paraíso. Um momento para parar, respirar e beber um cocktail com azeitona.
O vocalista de You Can’t Win, Charlie Brown chamou muitos amigos para construir um puzzle de canções. As peças atravessam cinco anos de vida. Demorou, mas chegou inteiro.
Na altura em que saiu, em fevereiro deste ano, bateu o recorde de álbum nacional mais ouvido de sempre no Spotify no dia de lançamento. E, para isso, bastou a Dillaz… ser ele próprio.
Depois do álbum Oitavo Céu, o rapper da Madorna volta à terra para se encontrar a si mesmo. O Próprio começou a ser pensado logo depois da edição de Oitavo Céu — Dillaz estava inspirado e começou a soltar as ideias; depois, veio a digressão; e, depois da digressão, fechou-se numa espécie de campo de criação com os produtores, para transformar todas as ideias nas canções d’O Próprio. O resultado está à vista, e em 2025 vai subir ao palco do Campo Pequeno, em Lisboa. De peito aberto e cara má… tipo “Eric Cantona”.
Chegamos a um espaço imaginado, onde o tempo está suspenso e as sonoridades se movem entre a nostalgia e o futurismo. Os criadores deste espaço chamam-se Ed Rocha Gonçalves e Catarina Salinas. Juntos, formam os Best Youth. O espaço chama-se Everywhen e dá nome ao terceiro álbum da dupla.
Everywhen foi produzido pelos próprios Best Youth, com o objetivo de apresentar uma experiência sensorial que nos leva a escapar do quotidiano. Escapemos e mergulhemos com eles “Into the Blue”.
Chegamos ao oitavo lugar para encontrar uma das vozes maiores da música nacional.
Em 2019, Lena d’Água lançava Desalmadamente, que entrou diretamente para a lista de melhores desse ano. Em 2024, repete a façanha com Tropical Glaciar. Neste novo trabalho, Pedro da Silva Martins volta a escrever para Lena d’Água canções que não imaginaríamos noutra voz. É mais um capítulo de uma biografia escrita em formato canções.
Continuamos a escalar na nossa lista e continuamos a ouvir os opostos em disco. Depois de Tropical Glaciar, temos Vice Versa, dos Ganso, editado com o selo da editora Cuca Monga.
Este é um álbum que cumpre um sonho: o de ir gravar a França. A banda lisboeta foi a Paris com a vontade de criar canções mais rápidas do que as que tinham editado até agora. O que saiu foi um trabalho sobre parecenças que afastam e diferenças que aproximam.
Agora, a nossa viagem leva-nos a um pequeno arquipélago junto a Peniche… Leva-nos até As Berlengas, vistas por Benjamim.
Mais do que uma viagem, As Berlengas é uma epopeia. São vinte temas, num álbum que se estende e se transforma em filme e em espetáculo. É um disco composto sobretudo por instrumentais e que se move entre as sombras, à procura de luz. Surgiu como fuga às crises do mundo, numa altura em que Benjamim ainda nem sequer tinha visitado o arquipélago. Entretanto, já lá esteve, já lá criou e já nos levou lá através das paisagens sonoras que inventou para ele.
Continuamos a subida… Uma subida que termina no número um, mas que agora recebe uma Subida Infinita. É o quinto álbum dos Capitão Fausto e está no nosso quinto lugar.
Subida Infinita marca a despedida do teclista Francisco Ferreira da banda e é feito de finais, mas também de começos. São temas para lidar com a vida que acontece, de uma banda que vai apurando a cada álbum a capacidade de registar em canções as muitas fases das dores de crescimento. Crescemos com eles, também.
A bater à porta do pódio, encontramos Miguela, de Silly. Silly é nome artístico de Maria Miguel Bentes — que esteve quase para se chamar Miguela.
A Miguela nunca existiu, mas Silly dá-lhe agora vida neste álbum feito de histórias da vida da cantora e compositora. É o primeiro longa-duração de Silly. Um cartão de apresentação que promete um futuro com muito mais histórias que vamos querer ouvir. Silly imagina-se a vir de um covil mais profundo, mas prepara-se para uma “Solitude” bem acompanhada.
Branko voltou aos discos e trouxe Soma. Ao quarto álbum a solo, chamou uma série de artistas para criarem por cima das maquetes que já tinha criado. Chamou-os para várias jam sessions nos estúdios Namouche, em Lisboa, e foi somando tudo… até chegar a este álbum, que conta com participações de Teresa Salgueiro, Jay Prince, Tuyo, Yeri & Yeni, Carlão, Dino D’Santiago e June Freedom.
No ano em que celebrou vinte anos de carreira, Branko fechou um ciclo e abriu outro, num caminho com “Fortuna” lá dentro.
Aproximamo-nos vertiginosamente do final da contagem, aterrando no segundo lugar com Suspiro…, de Maria Reis.
Em 2022, Maria Reis fechava uma trilogia de álbuns com A Flor da Urtiga. Agora, inicia um novo ciclo, mas não quebra com o passado. Traz um Suspiro criado e captado na intimidade de um quarto — de porta escancarada para entrarmos. São onze canções que carregam lá dentro a maturidade e a angústia da vida adulta sem certezas.
Suspiro… é uma reflexão sobre o mundo. Exterior e interior. São suspiros de inquietação, mas não só. E, às vezes, a inquietação traz luz na melodia.
No primeiro lugar… um primeiro álbum. O nome dela já anda nos nossos ouvidos há algum tempo, e, por isso, pode parecer que já é veterana. Não é, mas também já deixou de ser uma revelação.
O melhor álbum nacional do ano para a Antena 3 é Vou Ficar Neste Quadrado, de Ana Lua Caiano. Depois de dois EP, Ana Lua continua a caminhar para o futuro com os pés assentes nas raízes, a provar que o som da tradição não tem sempre de ser o que era dantes. Nas letras, muitas histórias, mas nenhuma é a da própria. São observações sobre a vida, contadas pelas vozes de personagens criadas por Ana Lua.
Ao primeiro álbum, Ana Lua Caiano já é uma certeza. Diz que vai ficar neste quadrado, mas mente — porque já está no caminho da conquista do mundo.