Em La Voyage Dans La Lune, filme de Georges Méliès considerado o primeiro filme de ficção científica de sempre, o professor Barbenfouillis viaja com a sua troupe de astrónomos até à Lua. Lá, encontram um grupo de habitantes, os selenitas. Segue-se a tentativa de uma colonização lunar, uma guerra armada entre os nativos extraterrestres, semelhantes aos “selvagens” dos álbuns ilustrados do século XIX, que caricaturavam povos distantes e as suas contendas.
No passado dia 21 de novembro, o Fórum das Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento recebeu a masterclass “Descoloniza-te com a ficção científica” onde a atriz, guionista e assessora de diversidade espanhola Beatriz Mbula, usa o filme de Méliès como um dos vários exemplos em que ficção científica tem como paralelo a narrativa colonial.

Passando pela obra de autores hoje consagrados da filmografia africana como Djibril Diop Mambéty, Ousmane Sembene ou Souleymane Cissé; pela Blackxploitation e, mais tarde, pela “democratização” das narrativas negras (ainda que muito etiquetadas) dos modos de produção americanos — em filmes como “Men in Black” ou “Um Príncipe em Nova Iorque”, Beatriz Mbula traz-nos conselhos sobre como “ativar a consciência crítica” e “transcender imagens estereotipadas” que se reproduziram ao longo da história do cinema.
A Antena 3 esteve presente no segundo dia do Fórum e conversou com Mariana Liz e Rita Benis, integrantes da direção da MUTIM, sobre as a evolução que se viu no setor de 2023 — ano do primeiro Fórum — até 2025; e sobre as principais conclusões destes dois dias de debates e masterclasses.
Texto de Kenia Nunes