A costela romântica desta história retrata dois amigos que se juntam meses depois de se separarem na música. Ou seja, o fim dos Smith Westerns, banda que ainda acendeu uma luzes enquanto durou.
Max e Julien encontram-se pela primeira vez quando o último sai da formação Unknown Mortal Orchestra, ambos gostam do rasto Nirvana e Pavement e seguem por aí. Os Smith Westerns fazem três discos, não têm longas digressões nem uma grande divulgação, mas mereciam. Acabam em 2014.
Julien e Max andam às voltas em Chicago. A noite é a roleta russa dos inquietos e insatisfeitos. Numa dessas noites, os problemas pessoais e a falta de sítio e banda para fazerem música fazem com que os dois voltem a trabalhar juntos. Dividem casa e escrevem sobre os amores que se transformaram em dissabores, voltam a ensaiar e começam a tocar em pequenos sítios, onde 20 ou 30 sortudos assistiam ao nascimento dos Whitney.
As músicas estavam escritas e ensaiadas, prontas para o calor do analógico e o ocasionalmente frio digital. Os dois, Max e Julien, querem produzir o disco com o seu amigo — e capitão dos Foxygen — Jonathan Rado, que convida os Whitney para sua casa em LA, onde gravam o disco. Em junho de 2015, “No Matter Where We Go” é editado e serve de aviso: algo está para acontecer.
E estava mesmo a acontecer algo. Quando o rapaz magro e tímido se senta atrás da bateria, na frente de palco, e começa a cantar, ninguém fica indiferente. Não é o primeiro nem vai ser o último a tocar bateria e a cantar, mas é dos poucos que toca tão bem como canta e ao mesmo tempo.
Mas antes desse encontro visual existe o encontro com o disco, todo ele bonito, cheio de canções leves e bonitas, que falam muitas vezes sobre coisas pesadas. Percebemos logo que estamos bem entregues, que temos de lá voltar.
Rui Estêvão