De entre a miríade de óbitos nos quais o corrente ano infelizmente tem sido fértil, um em particular salta à vista quando o cruzamento entre diferentes disciplinas artísticas é a temática a abordar. Poderia falar de Bowie, que com a sua obra idiossincrática inspirou e influenciou diversos quadrantes do meio artístico, mas permitam-me que vos apresente Tony Conrad.
A partir da cidade de Nova Iorque na década de 60, Conrad foi pioneiro nas áreas do cinema experimental, “inventando” o cinema estruturalista, da música experimental, sendo um precursor da “drone music”, foi artista visual e escritor. Formou, com John Cale e La Monte Young o icónico coletivo Theatre of Eternal Music e plantou, também com John Cale, a semente do que viriam a ser os Velvet Undergound. Não obstante a impressionante carreira, Conrad era uma pessoa afável e humilde que tive a honra de conhecer pessoalmente em 2014 durante o festival Madeira Dig, no qual ambos atuamos.
O exemplo de Conrad é uma referência concreta da longevidade do cruzamento entre diferentes domínios artísticos enquanto prática comum, cruzamento esse que está subjacente à génese do
BRG Collective, coletivo sediado em
Braga e que junta artistas a operar nas áreas do som, música, arte digital, vídeo e fotografia. Será também a partir do exemplo e espírito de Conrad que, de forma mais ou menos subliminar, no
Theatro Circo decorrerão performances e colaborações por
Miguel Pedro e
António Rafael (Mão Morta), Luís Fernandes e
André Covas (peixe : avião), Joana Gama (pianista),
Rui Dias (compositor),
João Martinho Moura e
Miguel Ogoshi (artistas digitais) e
Manuel Correia (fotógrafo).
A celebração da multidisciplinaridade será o mote para a procura do novo.
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Por Luís Fernandes, músico
PROGRAMA:
Dia 30 de Setembro (Sala Principal):
21h30: nan:collider
22h15: brg05072016
23h00: Palmer Eldritch
Dia 01 de Outubro (Sala Principal):
21h30: All flesh is grass
22h30: Landforms
Trabalhos permanentes:
30 setembro e 01 outubro, 14h30-18h30
Entrada Livre
Manuel Correia – Por outro lado a sombra dita a luz | exposição de fotografia e instalação vídeo | Salão Nobre
Miguel Ogoshi – In transit on television, tuned to a dead channel | instalação | Sala Fumo Piso 0
Rui Dias – My Jazz Band | instalação | Sala de Fumo Piso 2
IPCA (entidade convidada) | projeção de filmes de animação e exposição de trabalhos | Pequeno Auditório
2€ (1 dia) | 3€ (2 dias)