Zé Pedro de nome, Rock and Roll de vida. Aos 60 anos, Zé Pedro é a exceção àquela regra implícita de que a unanimidade não traz nada de bom. Querido por público, companheiros de profissão e pela maioria das pessoas que se cruzam no seu caminho, adotou “Dos Xutos” como apelido primordial. O rock, esse, é uma espécie de primeira pele que lhe garante a ausência de sinais de envelhecimento. Damos-lhe os parabéns recordando dez vezes em que ele foi mais rock and roll que o comum dos mortais. São dez, podiam ser sessenta.
1. Nasceu à meia-noite do dia 13 para 14 de setembro. Logo ao nascer, certificou-se que a festa iria sempre durar dois dias;
2. Ainda mal andava e já estava em digressão. A partir dos quatro anos, viajou com a família para acompanhar a carreira do pai, militar. Viajou por África e Ásia, até se estabelecer definitivamente nos Olivais aos sete anos.
3. Em 1977 saiu do país com uma irmã para um interrail por Paris, Hamburgo, Amesterdão e Londres. Na altura só se podia levar 10 contos (sensivelmente 50 euros) no bolso e ainda assim Zé Pedro conseguiu fazer um desvio para um festival de punk-rock no sul de França. A irmã ficou por Amesterdão.
4. Ainda os Xutos e Pontapés não tinham nascido e já lhe chamavam “podrezinho”, referência a Johnny Rotten, dos Sex Pistols. Andava de alfinete na boca e era a própria mãe de Zé Pedro que lho colocava. O punk rock está nos genes?
5. Quando pôs um anúncio de jornal que dizia: “Baterista e baixista precisam-se para grupo punk”. Começavam a nascer os Xutos e Pontapés.
6. Quando em 1990 inaugura o Johnny Guitar, espaço que trouxe ainda mais rock and roll à noite lisboeta.
7. Quando sobe ao palco do então Optimus Alive menos de um mês depois de ter recebido um transplante de fígado.
8. Quando apertou a mão a Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones.
9. U2 em Roterdão, Guns n’Roses no Rock in Rio, no Rio de Janeiro, e dezenas de concertos ao longo dos anos até ao concerto de Iggy Pop, este ano, no Royal Albert Hall, em Londres. Se há concerto que interessa, seja em que parte do mundo for, Zé Pedro está lá.
10. Dos sessenta anos de vida, 38 (!) são com os Xutos e Pontapés. Pelo meio, projetos como os Maduros, Palma’s Gang ou Ladrões do Tempo garantiam que a guitarra nunca lhe fugia da mão por muito tempo. Espera-se que nos próximos, isso continue a acontecer.
Parabéns e obrigada, Zé Pedro.
Marta Rocha
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* Marta Rocha é movida a café e paixões platónicas. Fala demasiado, ri alto, escreve muito. Usa as músicas dos outros para contar o resto. Especialista em interpretação de videoclipes imaginários, gosta de comunicar em tom melancólico, sentimento que a invade quando não entendem as piadas que faz.