Os filmes de gangsters são quase tão antigos quanto a história do próprio cinema. Os tempos da chamada Lei Seca, que proibiu a produção, a importação e a venda de bebidas alcoólicas nos EUA nos anos 20 e 30, provocaram um aumento da criminalidade organizada, com as notícias de crimes e ajustes de contas a fazerem o dia-a-dia dos jornais. Inevitavelmente, essas histórias foram ganhando um lugar de maior destaque no cinema.
Ao mesmo tempo que o cinema americano criava essa tradição, o cinema italiano, sobretudo no pós-guerra, descobria o potencial das histórias vividas nos meios da máfia. Coube aos dois primeiros capítulos de O Padrinho, de Francis Ford Coppola, encontrar, no início dos anos 70, um caminho comum para as duas tradições. A saga da família Corleone teve um impacto tão grande, que reativou a criação de narrativas de crime organizado no cinema. Um dos primeiros exemplos deste novo entusiasmo foi Os Cavaleiros do Asfalto.
17 anos depois dessa sua primeira incursão por tais narrativas, Martin Scorsese voltou a focar-se no mundo do crime organizado em Goodfellas — filme que se estreou entre nós com o título Tudo Bons Rapazes.