Há discos que nascem de um sussurro, e há outros que nascem de um grito. Everybody Scream, o novo álbum de Florence + The Machine, está em destaque de segunda a domingo, às 11h e às 17h, na Antena 3, como Disco da Semana.
Lançado sexta-feira, dia 31, — data escolhida a dedo — o disco marca o regresso de Florence Welch a um lugar que é só dela: o território onde a dor, a euforia e o misticismo dançam de mãos dadas.
Gravado entre Londres e Nova Iorque, com produção de Aaron Dessner, James Ford e Mark Bowen, o álbum soa como um coração a bater dentro de uma catedral elétrica. A faixa-título abre o caminho com um pulso quase tribal, onde vozes ecoam e instrumentos se sobrepõem em camadas densas, até que a própria Florence explode em catarse: “How can I leave you when you’re screaming my name?” — a confissão e o feitiço fundem-se num só sopro.
Mas Everybody Scream não é apenas sobre o palco. É sobre o que vem depois — o silêncio, o esgotamento, a estranha alegria de ainda se estar vivo. Há canções que parecem diários rasgados (“My Name in Your Mouth”), outras que se constroem como preces ou feitiços (“Burn the Stage”), e há momentos em que a eletrónica se entrelaça com o barroco, como se a própria música estivesse à procura de um corpo onde possa renascer.
É um álbum físico, cheio de respiração e eco. Florence canta como se o chão lhe fugisse, mas o coro e as cordas mantêm-na firme. Everybody Scream é uma celebração do colapso — e da beleza que pode nascer dele. É um disco sobre o poder de gritar, de não reprimir o corpo nem a emoção, e sobre como o público e o artista se encontram nesse momento de ruído partilhado. Um álbum para sentir de olhos fechados, com a pele a vibrar.