Depois do concerto na 30.ª edição do Vodafone Paredes de Coura, hoje recordamos uma década de Pure Heroine, o álbum de estreia da Lorde, lançado no dia 27 de setembro de 2013.
2013 foi um ano recheado de boa música no que ao universo alternativo toca. A lista é quase infindável: lembremo-nos de A.M dos Arctic Monkeys, um álbum adorado/odiado que marcou uma rutura no estilo da banda indie que celebrou o seu 10.º aniversário no passado dia 9, …like Clockwork dos Queens of The Stone Age, Modern Vampires of the City dos Vampire Weekend (apresentado ao vivo em Portugal na altura no ainda Optimus Alive), Bankrupt da banda francesa Phoenix, Yeezus do para sempre polémico Kanye West, o último álbum dos Daft Punk, Random Acess Memories, ou até mesmo uma outra estreia na música indie e alternativa… a das irmãs HAIM com Days Are Gone, disco que partilha a mesma data de aniversário de Pure Heroine. Mas quem esperava uma estreia tão impactante vinda de uma terra tão longínqua como Auckland, Nova Zelândia de uma rapariga tão nova?
Lorde tinha apenas 17 anos quando lançou Pure Heroine pela Universal Music, um disco no qual começou a trabalhar em 2012, com a ajuda do produtor Joel Little, que resultou primeiro no lançamento do EP The Love Club, de onde faz parte o single “Royals” que chamou de imediato a atenção de quem o escutou, na altura apenas disponível no soundcloud (outros tempos…) e depois integrada no que viria a ser Pure Heroine. Foi “Royals” que inspirou o nome e a fantasia de Lorde, ela que sonhava com a realeza, consciente de que se tratava de uma realidade longe da sua e da qual nunca faria parte. “Royals” ganhou o Grammy de Melhor Canção do Ano em 2014, deixando meio mundo a cantarolar um verso tão lúcido como político:
And we’ll never be royals (royals)
It don’t run in our blood
That kind of lux just ain’t for us
We crave a different kind of buzz
Pure Heroine desconstrói uma própria convenção do que se julgava permitido na pop. Um disco polido e elástico na sua sonoridade que trata de problemas triviais e genuínos de uma adolescente que sente que não pertence a lado nenhum, mas com uma maturidade particular e uma sensibilidade política atípica, criticando a cultura de consumo e o mainstream, algo que se ouve em canções como “White Teeth Teens” ou “Still Sane”.
Com recortes e texturas sonoras peculiares, Lorde foi capaz de criar um conjunto de 10 canções com versos, refrões e momentos marcantes, passando pela “Team” ou músicas com um ritmo mais dramático e melancólico como “400 Lux”, “Ribs”, “Buzzcut Season”, mostrando o quão versátil Lorde consegue ser.
Depois de Pure Heroine, o futuro da Lorde só veio a brilhar cada vez mais (talvez com a energia solar que agora transmite). Lorde já se tinha estreado em Portugal em 2014 no Rock in Rio; mais recentemente, em agosto, contou em palco ao público na passada edição do Vodafone Paredes de Coura, em agosto, que nunca se sente tão bem acolhida como quando vem a Portugal, explicando que o público português a compreende e a faz sentir em casa.
Pure Heroine foi apenas o ponto de partida para aquela que se tornou um fenómeno na música pop alternativa, uma diva anti-diva, que moldou e canalizou a pop ao seu gosto para cantar sobre aquilo que a rodeava. Uma estreia surpreendente e à Lord(e).