Encontraram-se para trazer “Luz” em 2021 e continuaram juntos. Este ano, provaram que é possível fazer um triângulo a dois e criar canções para sonhar acordado.
Nota: Foram contempladas as edições entre 16 de novembro de 2022 e 30 de novembro de 2023.
O projeto de Filipe C. Monteiro estreia-se a cantar em português. Consequência direta de uma pandemia que o levou a querer falar com quem estava mais perto.
A dupla Luan Bellussi e Pedro Tavares — ou trash CAN e funcionário — vira-se para a noite, com temas para misturar a dança… e o espaço.
Vinte músicas para compensar os fãs pela espera por novo álbum e uma cor com muitas lá dentro. A viagem é longa, e o caminho da escuta fica à escolha de cada um.
Um álbum e uma banda com nome de árvore. Trabalho de colaborações com Cabo Verde à vista, com tudo o que as ilhas têm dentro.
Saiu em maio, a antecipar o junho dos Santos Populares. Mafama quis fazer música feliz, e a felicidade saiu-lhe em tom de bailarico.
Sol a entrar dentro da sala. Um disco de primavera a voar entre Portugal e Brasil, com produção e direção artística de Marcelo Camelo.
Sai o piano, e o quarteto passa a trio. O saxofonista trouxe um disco com composições próprias, de outros, um standard e uma reinvenção. Em busca das contradições, a encontrar muito mais.
Estreia a solo da artista que conhecemos como baterista das Pega Monstro. Traz a solidão e as dores da maternidade. Amor, dor, alegria e tristeza embrulhadas no ritmo da tradição.
É o melhor disco que já fez até hoje, afirma o próprio. A marca de Rocky volta a ouvir-se, com jazz e hip hop à mistura. A bateria é a novidade orgânica.
No segundo álbum a solo, o músico abre as janelas e deixa entrar a leveza, após a fuga da cidade. A busca pela simplicidade, num caminho que ainda não terminou.
Compositora, guitarrista, cantora, produtora… Muitas camadas que se expandem em quatro canções pessoais. Um EP criado a solo, com a vulnerabilidade exposta sem dramas.
Referência direta a Giant Steps, de John Coltrane. Participações de Meta_ ou Luca Argel, sem medo de homenagear o legado clássico do jazz enquanto lhe esbate as fronteiras.
O primeiro longa-duração de Rita Vian é uma viagem ao interior do mundo da artista, que assume escrita, composição e produção, com a habitual colaboração de Branko.
Serviu de mote para as muitas dezenas de concertos que os Máquina deram este ano. Guitarra, baixo, bateria e um groove implacável, sem travões à vista.
O folclore nacional mistura-se com o hip hop e com a própria história de Riça. Ao primeiro álbum, o rapper faz as pazes com a própria identidade e homenageia-a na música.
As 95 mulheres que deram nome a este álbum fizeram parte de um pelotão que combateu pela independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. As raízes de Nídia, para dançar com orgulho.
As muitas cores que enchem a capa deste Timbre espalham-se pelas sonoridades que estão lá dentro. Salvador Sobral canta em várias línguas, num trabalho unido pelo som universal do título.
A dupla de Gondomar regressa para garantir que na pista de dança também se sente. Aqui, não há romantismo de contrafação. Para ouvir com uma mão na anca e outra na consciência.
O projeto de Sérgio Alves precisou de espaço e procurou-o. Atravessou a barreira do som, para misturar o jazz com muito mais. Uma viagem longa, que atravessou muitos planetas sonoros.
Iniciamos a contagem do top 10 à boleia de um álbum que retrata mais uma metamorfose de um artista que está em busca constante pela melhor versão de si próprio.
Em 2018, Papillon editava Deepak Looper e começava a sair do casulo. Mas as metamorfoses não se esgotam numa parte da vida: neste Jony Driver, continuam e surgem de forma mais ou menos óbvia nas canções. Não há uma meta, mas há uma vontade de evolução. Ao segundo álbum, o primeiro desde que os GROGNation terminaram, Papillon faz uma viagem às origens, com paragens para observar o presente e preparar o futuro.
O propósito? É viver de propósito.
Este ano, The Legendary Tigerman estreou-se nos sintetizadores, mas não largou o rock and roll.
Zeitgeist apresenta uma nova fase na expressão artística deste projeto de Paulo Furtado, que começou a ser criada quando o músico foi para Paris à procura de novos sons, novas inspirações e novas formas de composição. Encontrou-os e provou neste Zeitgeist que os mais de vinte anos de carreira em nome próprio não significam estagnação.
Este é um álbum a solo, mas cheio de colaborações: Asia Argento, Best Youth, Jehnny Beth, Ray, Sean Riley, entre muitos outros.
Chegamos ao oitavo e dançamos agora com Ana Lua Caiano.
A cantora e compositora de 24 anos lançou o segundo EP neste 2023 e com ele continuou a trilhar o caminho para se tornar uma das vozes mais importantes da música nacional, além de já se fazer notar além-fronteiras.
Em Se Dançar É Só Depois, pegou na música tradicional portuguesa e desconstruiu-a, para a transformar num pedaço de arte único de uma artista que se vai construindo em bases sólidas.
Seguimos a dança, desta vez com uma Ressaca Bailada.
Os Expresso Transatlântico estrearam-se no formato longa-duração e trouxeram um álbum criado na estrada e inspirado por ela. Lá dentro, há de tudo. Desde uma “Barquinha” — que chegou ao nosso pódio de canções nacionais — até um “Western à Lagareiro”, passando por um “Beco da Malha”. São muitas Lisboas com muitos países dentro, a atravessarem as guitarras e a bateria do trio Gaspar Varela, Sebastião Varela e Rafael Matos. Um álbum para gritar liberdade e euforia.
Corona, o bon vivant do Grande Porto, está de volta — e envolvido numa vida de feitiçaria, bruxaria e outros rituais pagãos. A personagem criada por Logos e dB no Conjunto Corona regressa no álbum ESTILVS MISTICVS.
Este é um álbum muito português nas temáticas, mas com muitas outras influências nas sonoridades. Por um lado, baseiam-se num Portugal considerado o último reduto da bruxaria; por outro, trazem sonoridades do hip hop chicano e do sul dos Estados Unidos.
Além de Logos e dB (ou Edgar Correia e David Bruno), juntam-se ao Conjunto Corona o Homem do Robe e Tropa Snow, para acrescentar… misticismo. São treze faixas de “jarda, bruxaria e morte”, conforme descrito não pelas escrituras, mas pelo próprio Homem do Robe.
No sexto lugar, seguimos com cautela, em busca da luz branca.
No quinto lugar, encontramos a alegria no supermercado. Supermarket Joy é a estreia em nome próprio da cantora, compositora e multi-instrumentista Margarida Campelo, um nome que conhecemos há muitos anos pelo trabalho com Bruno Pernadas, Real Combo Lisbonense, Cassete Pirata ou Joana Espadinha.
Ao fim de quinze anos de carreira, estreia-se a solo, num álbum cheio de camadas, de géneros misturados a ampliar os caminhos da pop, para traçar a identidade particular de Margarida Campelo. Uma chegada com faísca e chavascal, que reflete as influências da música que foi ouvindo a crescer. Uma promessa de um futuro de brilho e purpurinas.
É no número quatro da contagem que encontramos um álbum que atravessa um momento — ou vários — de turbulência. Chama-se Declive e é o primeiro álbum de EU.CLIDES, feito de parábolas inspiradas na bíblia, refletindo sobre os altos e baixos da saúde mental… e da vida em geral. Traz muitas personagens num disco terapêutico, mas não autobiográfico. Ainda assim, tem uma identidade sonora definida, resultado de muito tempo de trabalho e de muito trabalho deitado fora porque ainda não era o momento certo para ele. O caminho é labiríntico, mas vale a pena.
O quarto álbum de Filipe Sambado reflete as muitas mudanças na vida da artista. A reafirmação de género, depressão, ansiedade, um confronto de identidade — tudo isto está nas canções de Três Anos de Escorpião em Touro, um trabalho íntimo e catártico, porque a intimidade também se pode cantar em explosão.
Bejaflor e Rodrigo Castaño trabalharam na produção deste nosso terceiro lugar, um álbum que traz também uma clara exploração sonora, que Filipe Sambado diz ajudar a manter o entusiasmo com os processos criativos.
“Sou mais eu quando não tenho medo de ser”, grita-se em “Talha Dourada”, que apresentou Três Anos de Escorpião em Touro. Uma frase que acaba por defini-lo.
Até chegar este álbum, foram cinco anos de uma espera que terminou no começo deste ano com uma pergunta que já dava uma resposta: “where you at”? Foi assim que Slow J começou a lançar aquele que viria a ser o sucessor de You Are Forgiven, de 2019.
Afro Fado chegou-nos já com novembro a terminar e apresenta-nos um Slow J a olhar para fora além de olhar para dentro, num disco menos introspetivo do que os anteriores.
Apresenta-se como filho de África e da Europa, como um país que tem cada vez mais pais e mais filhos de muitas origens. “Pátria, mas quem são os teus pais?”, pergunta João Coelho em “Tata”, faixa que abre este álbum, que vai respondendo com as canções.
Com Afro Fado, diz Slow J que quis criar uma espécie de país do futuro, onde a cor da pele importa tanto quanto a cor do cabelo.
No número 1, está um disco sobre a margem e sobre a vida na margem. É um olhar apreciativo de quem lá se formou, mas que não está nem longe nem perto dela. Um disco que os Glockenwise criaram sobre a meia distância.
Falamos de Gótico Português, que traz um retrato pessoal do Portugal bizarro, das crenças populares, das bruxarias, de uma tradição não fetichizada. Sítios onde a falta de presença do estado, do Portugal normalizado, permite que as pessoas sejam inventivas e criativas.
Não é um álbum sobre Barcelos, mas é de lá que vêm os Glockenwise, e por isso é também Barcelos que está nas canções. Rosa Ramalho, ceramista da cidade, serve de guia, de narradora de um disco em que a identidade de quem cria influencia a identidade de um álbum… sobre identidade. Sobre esta coisa de nos fazermos representar mesmo que nos digam que já estamos a ser representados, disse-nos o vocalista e compositor Nuno Rodrigues.