“Hug of Thunder” é o número 30 na lista dos Melhores álbuns internacionais do ano para a Antena 3. O primeiro disco em sete anos dos revigorados Broken Social Scene.
Ao décimo terceiro álbum, o norte-americano encontrou-se com a felicidade pop. Não foi unânime, mas chegou ao vigésimo nono lugar.
O som dos Queens of The Stone Age ficou mais dançável com a produção de Mark Ronson.
Um disco de rock para abanar a anca.
Um álbum duplo, de 19 canções, que quer reflectir sobre os tempos selvagens em que vivemos.
E agora para algo completamente diferente: Washed Out, com Mister Mellow, do pioneiro do chillwave Washed Out.
Um disco visual para fugir ao excesso de informação e ruído da sociedade moderna.
Do ruído digital para a tranquilidade indie de In Mind, dos Real Estate.
O quinteto de Nova Jérsia chega ao quarto álbum com novo guitarrista e a mesma identidade nas canções.
A pausa de cinco anos dos Grizzly Bear foi quebrada em 2017 com Painted Ruins. Um álbum que mostra uma banda mais coesa, a oferecer canções misteriosas.
Hip hop tocado ao vivo, a tocar nas feridas abertas das desigualdades da sociedade actua.
É Odissee, com The Iceberg.
As gémeas franco-cubanas Naomi e Lisa-Kaindé Diaz vão às e raízes e misturam-nas com os sons de hoje.
Um disco de duas mulheres a olhar para o mundo.
Fever Ray. Nome artístico de Karin Dreijer, metade da dupla The Knife, lançou em outubro um disco estranho e intrigante onde também se ouve a batida de Nídia, artista da editora lisboeta Príncipe Discos.
Entramos no Top 20 com I Tell a Fly, um álbum conceptual, uma peça de teatro onde Clementine se assume como um ser de outra galáxia a olhar para este mundo e a ver-se ao espelho.
Este é o álbum que consolida a reputação dos Future Islands.
Sam Herring continua a cantar dores de amor embalado por delicadas melodias synth-pop. Voltou a resultar.
Um disco para dançar no apocalipse, cheio de colaboradores célebres. Um dos grandes regressos de 2017.
Um de dois discos que a dupla de Seattle lançou em simultâneo. Jazz-Hip Hop espacial, onde um extra-terreste nos descreve os Estados Unidos da América como um planeta hostil.
4:44 é a vida feita em álbum. Jay-Z regressa com um álbum confessional.
A crise no casamento com Beyoncé, a infidelidade, a família, os amigos, Kanye, o passado e o futuro. Está lá tudo.
A meio da tabela chega um disco de transição. Lorde fez vinte anos quer mostrar-nos o que é entrar na idade adulta, com todas as consequências associadas. “Melodrama” está entre a pop mainstream e a eletrónica alternativa.
“Se querem saber sobre a minha vida, oiçam este disco”. St. Vincent mostra-se em “Masseduction”. Guitarras pop daquela a que chamam a mulher-Bowie.
“Hot Thoughts” É o nono álbum de uma carreira de indie de vinte anos. Música onde ganha espaço alguma experimentação eletrónica.
Um disco unido pelo atlântico. Gravado entre Portugal e o Brasil, “Vem”, de Mallu Magalhães canta-nos o quotidiano, com um banho de luminosidade pop e felicidade tranquila.
Dezenas de histórias cheias de detalhes. Lutas externas e interiores, viagens sonoras e flow infalível. “Damn”. Kendrick Lamar em décimo primeiro lugar.
Começa agora a contagem dos dez melhores discos internacionais do ano para a Antena 3. Em décimo lugar está um disco de estreia, que deixou para trás gente como Kendrick Lamar, Spoon, St. Vincent, Jay Z, Shabbazz Palaces, Gorillaz, e muitos mais. O disco chama-se “Yesterday’s Gone” e marca a estreia de Loyle Carner. Ele é rapper, tem vinte e dois anos, e é britânico. Ao primeiro álbum, vem cheio de alma e sem medo algum de a mostrar. Tem a mãe a declamar um poema sobre ele, histórias de amor e amizade, e um coro gospel a abrir o disco. “Yesterday’s gone” é suave e confessional, sem deixar de ser poderoso. Não é então de estranhar que Loyle Carner tenha sido aclamado à primeira, quer pelo público e crítica, quer por pares como MF Doom, Nas, ou Kate Tempest, que o chamaram para as primeiras partes dos seus concertos. “Yesterday’s Gone” em décimo lugar, um diário em formato de disco…ou vice-versa. Agradecemos a partilha. Loyle Carner – “Yesterday’s Gone”.
Em 2017, os King Gizzard and The Lizzard Wizard lançaram quatro discos, e prometem chegar aos cinco discos num só ano. À nossa tabela, chegou o primeiro deles: “Flying Microtonal Banana”. Saiu em Fevereiro, e parte do nome deve-se ao facto de a banda ter usado uma guitarra microtonal. Uma quê? Uma guitarra microtonal permite intervalos de menos que um semitom. Ou seja: há mais notas para tocar. “Flying Microtonal Banana” é rock psicadélico detalhado de uma banda que não permite que a criatividade extrema deixe fugir a coerência sonora. Ouvindo o som clássico de tom oriental das canções, parece tudo mais simples do que é. No número nove: “Flying Microtonal Banana”, dos King Gizzard and The Lizzard Wizard.
Segue a contagem do Top 10 dos Melhores Discos Internacionais para a Antena 3. Ao chegar ao oitavo lugar, vamos da Austrália dos King Gizzard and The Lizzard Wizard, para a América dos The National, com o álbum “Sleep Well Beast”. Essa América também está nas canções. Tal como em muitos dos discos internacionais deste ano, andam por lá ansiedade e as preocupações políticas pós-eleição de Trump. Mas este não é um disco político, a tristeza latente, os desafios nas relações, tudo isso continua por lá. Só que desta vez são servidos com mais experimentação eletrónica, mais solos de guitarra. “Sleep Well Beast” chega quatro anos depois de “Trouble Will Find Me”, e de vários projectos paralelos dos músicos dos The National. É o primeiro que a banda gravou no recém-inaugurado estúdio, em Nova Iorque, e eles juram que nunca estiveram tanto tempo a gravar juntos, na mesma sala. Tudo isto terá contribuído para um disco que se mantém obscuro, mas carrega tons diferentes nas sombras. No número oito: “The National – Sleep Well Beast”.
Ouvimos The National, que estavam no oitavo lugar com “Sleep Well Beast”. No sétimo lugar, há mais Indie Rock, agora com uma dupla também muito acarinhada por cá. Kurt Vile e Courtney Barnett, com “Lotta Sea Lice”. Foi em 2015 que surgiu a canção que abre o disco, “Over Everything”. Kurt escreveu-a a pensar em Courtney, e estava lançada a primeira raiz para este disco em conjunto. Courtney aceitou o desafio, e escreveu uma canção de volta. Foi assim que dois músicos normalmente vistos como “lobos solitários” se juntaram para um disco, que não era para existir. Foi crescendo canção a canção. “Lotta Sea Lice” foi gravado em oito dias de estúdio, ao longo de quase 15 meses, nos espaços livres das respetivas digressões. É um disco onde estes heróis do indie rock fazem em conjunto o que melhor sabem fazer em separado: contar histórias pelas canções. Em sétimo lugar: “Courtney Barnett e Kurt Vile – Lotta Sea Lice”.
Falámos em heróis indie? Cá está mais um. Depois de Courtney Barnett e Kurt Vile, vem Father John Misty e “Pure Comedy”. No sexto lugar, quase a chegar ao top cinco! O disco é o terceiro do músico. Um olhar satírico sobre o mundo pós-moderno, e claro, a América de Trump. Uma espécie de nuvem negra que paira sobre muitos dos discos internacionais deste ano. Aqui, Father John Misty usa a sátira para criticar a indústria do entretenimento, e uma sociedade cheia fútil. Tudo isto cantado de sorriso irónico no canto da boca, e um certo sarcasmo no tom. Ouvimo-lo ao piano a fazer lembrar Elton John, mas desta vez com menos amor do que no anterior “I Love You, Honeybear”. “Pure Comedy”é um disco atormentado, grandioso, orquestral e dramático. Ao centro está “Leaving LA”, uma canção de 13 minutos, onde o próprio se descreve como “mais um tipo branco que se leva demasiado a sério, em 2017”. Father John Misty, “Pure Comedy”, em sexto lugar na contagem.
Chegámos ao Top Cinco e por isso vale a pena recordar quem já ficou para trás: em décimo, “Yesterday’s Gone”, de Loyle Carner; em nono – King Gizzard and The Lizard Wizard, com “Flying Microtonal Banana”; em oitavo estão os The National, com “Sleep Well Beast”, e logo a seguir vem Courtney Barnett com Kurt Vile, e “Lotta Sea Lice”. Acabámos de ouvir Father John Misty, em sexto, com o disco “Pure Comedy”. Agora, a inaugurar o Top Cinco, estão os The xx, com “I See You”. O álbum espelho é o terceiro dos The xx, e deixa entrar a luz na escuridão habitual. Foi o segundo álbum dos britânicos a chegar ao primeiro lugar no Reino Unido. “I see you” é marcadamente diferente do que os The xx fizeram até agora, mas continuam com a identidade bem definida. Ou seja, alargaram as fronteiras, mas continuam com o território bem demarcado. Desta vez, as letras sobre amor e rejeição são criadas para a pista de dança, e trazem o rasto das cores que Jamie xx usou no seu disco a solo, “Colours”. Se dúvidas houver desta abertura das janelas dos The xx, basta ouvir a euforia de “Dangerous”, a abrir o álbum. The xx, “I See You”, em quinto lugar na tabela.
Quase a entrar para o podium, ficaram os Arcade Fire com “Everything Now”. Tal como os The xx, que ficaram em quinto lugar, também os Arcade Fire estão diferentes. Mas esta mudança já vem desde 2013, com o álbum “Reflektor”. Nessa altura, a banda de Win Butler virou-se para os sintetizadores, e começou a deixar cair os hinos rock. Em “Everything Now”, a mudança é consolidada. Os Arcade Fire apresentam agora uma pop eletrónica, com fortes influências disco, directa ao assunto. E o assunto é a crítica à sociedade de consumo, constantemente ligada à rede, que quer tudo agora. O conceito já começava a ser revelado ainda antes do lançamento de “Everything Now”. Foi criada uma campanha de marketing que contou com o lançamento de notícias falsas para a Imprensa, bem como uma crítica negativa a “Everything Now”. O álbum acabou mesmo por ser o que mais dividiu a crítica, em toda a carreira dos Arcade Fire, mas Butler garante que vai resistir bem ao teste do tempo. “Everything Now”, dos Arcade Fire, em quarto lugar.
E chegámos ao podium. Depois dos The xx, com “I See You”, em quinto, e dos Arcade Fire com “Everything Now”, em quarto, chega o senhor Thundercat e o já clássico “Drunk”. Aos 33 anos, o baixista começou por fazer parte dos Suicidal Tendencies, trabalhou com nomes como Snoop Dog, Erykah Badu, Pharrell Williams, Flying Lotus, ou Kendrick Lamar. Ao terceiro disco a solo, Thundercat, ou Stephen Bruner, recebe a aclamação enquanto artista em nome próprio. Em “Drunk”, Thundercat parte do jazz como casa-mãe, e mistura-o com hip hop, com funk, e até mesmo com soft rock dos anos oitenta, e para isso pede apoio a Kenny Loggins, autor do tema “Footloose”e Michael McDonald. Kendrick Lamar também faz parte deste “Drunk”, um disco de canções suaves e relaxadas, e falsete carismático. São 23 faixas, quase todas a rondarem os três minutos, com humor e sem pretensiosismo. Um som único, criado por um músico que também o é.
Depois de atribuída a medalha de bronze a Thundercat e ao seu “Drunk”, chega a altura de entregar a medalha de prata a The War On Drugs, com “A Deeper Understanding”. O novo trabalho do projecto de Adam Granduciel saiu em Agosto deste ano e é um trabalho de detalhe e obsessão. As canções são cheias de instrumentos, grande parte dos quais tocados pelo próprio músico. Além disso, e de assegurar a produção do trabalho, Granduciel também tratou dos arranjos. “A Deeper Understanding” foi escrito numa fase em que o músico lidava com ansiedade e ataques de pânico. Em entrevista ao The Guardian, ele garante que nada disso se reflecte directamente no disco. A solidão e o sofrimento pessoal estão dentro das canções, mas ele quer deixar espaço às interpretações. Este é um disco que segue o caminho dos anteriores, e que puxa o lustro aos sintetizadores. Continuam lá as influências descaradas, como Bruce Springsteen ou Bob Dylan, continua lá a linha de guitarra como impressão digital, e continuam lá a ser cantadas as dores de crescimento de Granduciel. Um disco que saiu no verão, mas sabe a Outono. É o segundo melhor disco internacional do ano para a Antena 3.
No primeiro lugar está um dos regressos mais aguardados do ano…LCD Soundsystem, com “American Dream”. É o primeiro álbum de estúdio da banda de James Murphy em sete anos, e o primeiro depois de os LCD Soundsystem terem anunciado o fim, que acabou por ser tornar uma pausa. James Murphy disse em entrevista à BBC 6 que foi Bowie que o convenceu a voltar a juntar a banda, e são muitas as referências ao camaleão, as que se ouvem no disco. No som, e nas letras. Mas não só a Bowie, como a outros heróis perdidos, como Lou Reed, Alan Vega ou Leonard Cohen.
“American Dream” é uma espécie de renascimento obcecado com o fim. Seja com o fim da vida, de um casamento, ou de uma amizade. Quando uma banda regressa ao activo depois de ter anunciado a separação, há sempre um certo medo que tenha acabado o dinheiro, ou que sejam uma sombra do que foram. Os LCD Soundsystem descansaram rapidamente o coração dos fãs que não os abandonaram com o anúncio de regresso. Eles estão a soar tão bem, e tão urgentes quanto sempre soaram. Se a premissa de dançar no apocalipse foi sendo muito usada este ano, não há como não os coroar reis da pista. LCD Soundsystem – “American Dream”. O melhor disco internacional de 2017, para a Antena 3.