O projecto de Alan Wilkis pediu a voz a Jamie Lidell para cantar esta versão de Frankenstein na era da Inteligência Artificial.
Depois de chamarem a atenção na banda sonora de Trainspotting 2, o trio de Edimburgo voltou a provocar-nos os tímpanos com o primeiro single do álbum Cocoa Sugar.
Logo no início do ano, os Rhye ofereceram-nos “Taste”, uma canção de amor para melómanos gourmet.
Numa viagem por Itália, Zach Condon decidiu seguir a placa para Gallipoli e encontrou uma procissão. O momento inspirou a canção que dá título ao mais recente álbum dos Beirut.
Kurt Vile encarna nesta canção um fora-da-lei que estaciona onde lhe apetece. E nós achamos que ele merece um dístico vitalício por “Loading Zones”.
Falsetes, bolas de espelhos, declarações de amor: uma bela canção de verão dos Jungle, retirada do mais recente álbum For Ever.
Em Julho, Childish Gambino armou-se em agência de viagens e lançou um pacote de verão que incluía esta brisa fresca chamada “Summertime Magic”.
Os diamantes são como as canções de Father John Misty: raramente desiludem. E esta não é excepção.
No início do videoclipe, o aviso é claro: coloque os seus headphones. “Loner Boogie” faz as delícias dos anti-sociais e dos agorafóbicos.
Parece demasiado talento para uma só canção, mas eis que Thundercat, Flying Lotus e os BADBADNOTGOOD se juntam para a compilação do 10.º aniversário da Brainfeeder, editora de Flying Lotus.
Father John Misty é o alter-ego de Josh Tillman e Josh Tillman é a personagem principal desta música. Isto devia ensinar-se nas universidades.
É uma versão de um tema de 1984 de Steve Monite, mas vale muito pela forma como Theophilus London e os Tame Impala o reinventam. Esta parceria parece estar para durar.
Do álbum Scorpion, este single fez-se acompanhar por um vídeo em que Drake distribui dinheiro por várias pessoas necessitadas. Autopromoção descarada? Não queremos saber, é uma bela canção.
Anderson .Paak tem uma pilha de músicas em casa, à espera de uma oportunidade. “Til It’s Over” era uma delas e foi banda sonora para uma campanha da Apple. Boa demais para ser só música de anúncio.
Valeu a pena esperarmos 14 anos pelo regresso de David Byrne com o álbum American Utopia. “Everybody’s Coming To My House” é fresco mas também é Byrne vintage.
Uma das vozes mais interessantes de 2018, a britânica Jorja Smith estreou-se com o álbum Lost and Found onde encontramos uma das canções do ano, “Blue Lights”.
Mais uma música que podia estar na banda sonora de um filme de 007 e que faz de Curtis Harding um dos músicos soul com mais pinta do século XXI.
Ao terceiro álbum, Anna Calvi escreve uma mão cheia canções arrebatadas sobre poder e libertação. “Hunter”, o single que partilha nome com o disco, é uma delas.
Abram alas na pista de dança para o regresso dos Disclosure – por enquanto, um regresso tímido mas saboroso, com esta reinvenção do tema de 1981 “Funky Sensation”, de Gwen McCrae.
2018 foi o ano em que os Idles puseram adultos respeitáveis a mandar biqueiros como antigamente. É o punk outra vez mas sob o signo do Brexit.
Foi uma espécie de reencarnação ao retardador: dois anos depois da sua morte, o espírito de Prince baixou sobre Janelle Monáe.
“Make Me Feel” foi o primeiro single retirado do álbum Dirty Computer, mas podia muito bem ter saído do tupperware onde Prince guardava os restos. Aliás, chegou a correr o rumor de que terá sido o próprio a oferecer-lhe a linha de sintetizador que serviu de base à canção, pouco tempo antes de morrer.
A ambiguidade sexual é outra herança do seu ídolo, mas Janelle Monáe vai mais longe: 2018 foi o ano em que a cantora norte-americana se assumiu como pansexual, ou seja, uma pessoa que gosta de pessoas, independentemente do género.
E a luxúria tecnológica deste single confirma: ela deixou de ser um ciborgue perfeito para passar a ser o PC de alguém que se esqueceu de apagar o histórico.
“Make Me Feel” está em décimo lugar na lista das melhores canções internacionais da Antena 3.
Emanuel diz que demorou 12 anos a compor “O Ritmo do Amor”. Pois bem, fiquem sabendo que Jack White passou 13 anos a tentar trazer ao mundo “Over and Over and Over”, canção do álbum Boarding House Reach que ocupa o nono lugar na nossa lista.
Jack White escreveu-a para os White Stripes, chegou a gravá-la com os Raconteurs mas depois decidiu guardá-la para um projecto com Jay-Z que nunca chegou a acontecer.
Em declarações à Rolling Stone, referiu-se a esta música como a sua baleia branca, que perseguiu durante muito tempo e, quando menos esperava, lá acabou por aparecer. E as referências literárias não ficam por aqui: Jack White termina esta malha de blues rock bem suja a citar O Mito de Sísifo de Albert Camus. O que faz todo o sentido porque, quando “Over and Over and Over” acaba, pomos a faixa para trás… e ouvimos outra vez.
2018 foi mais um ano de muitos bloggers, YouTubers, influencers e reality TV. Os Superorganism é que sabem: “Everybody Wants To Be Famous”.
Neste single retirado do disco de estreia homónimo, a banda faz uma reflexão irónica sobre estes tempos de ribalta instantânea nas redes sociais e afins. Curiosamente, foi através dessa coisa demoníaca chamada internet que os oito membros dos Superorganism se conheceram, fintando qualquer improbabilidade geográfica: estamos a falar de músicos oriundos do Japão, Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido. Felizmente, a internet também serve para estas coisas.
E o resto é clichê: está visto que a música não tem fronteiras e deste encontro nasceu “Everybody Wants to Be Famous”, um mimo pop que ocupa o oitavo lugar nas Melhores Canções Internacionais de 2018.
Em sétimo lugar encontramos os Arctic Monkeys – eles que este ano lançaram um disco como quem inaugura um hotel na Lua.
O single “Four Out of Five” é uma espécie de panfleto que anuncia, entre outras desgraças, uma taqueria no rooftop do seu Tranquility Base Hotel & Casino. Para vos convencer a experimentar, o título da canção alude aos TripAdvisors desta vida: quatro estrelas em cinco, porque dificilmente se atinge ou reconhece a perfeição.
As opiniões acerca do álbum dividiram-se por causa de temas como este, que alguns acusaram de soar mais a Last Shadow Puppets do que a Arctic Monkeys. Nós por cá achamos que Alex Turner é apenas um grandessíssimo escritor de canções em todas as frentes. Damos-lhe um cinco em cinco e por isso “Four Out of Five” ocupa o sétimo lugar da nossa lista.
O que é a felicidade? Isso também nós queríamos saber. Há quem a procure nos ensinamentos de Gustavo Santos, mas nós preferimos ouvir com atenção o que dizem os londrinos Jungle neste “Happy Man”, do mais recente álbum For Ever.
Esta não é só uma canção super-cool, é também coaching à borla para quem procura um sentido para a vida. Diz a banda que “Happy Man” é sobre as expectativas e desilusões com que os jovens adultos têm de lidar hoje em dia. É como quem diz: em vez de tentarem encontrar um objectivo para a vossa vidinha, desfrutem mas é da viagem.
Nós somos sensíveis a bandas sonoras existenciais, por isso “Happy Man” é a sexta melhor canção internacional de 2018.
A meio da tabela está “Nobody”… da nipo-americana Mitski. Há um certo brilho disco neste seu lamento pop, como se esta canção fosse a sua festa e ela pudesse chorar se quisesse. Frases de desespero como “Vénus, o planeta do amor, foi destruído pelo aquecimento global” contrastam com um ritmo que se faz à pista de dança.
E não é só da solidão romântica que Mitski fala em “Nobody”, mas também de um sentimento de falta de pertença provocada pela sua dupla nacionalidade e mistura étnica.
Não será por acaso que o seu quarto álbum se chama Be The Cowboy: é fácil imaginar MItski como uma heroína solitária a caminho do pôr-do-sol no horizonte. Gostávamos de lhe dar um abraço mas por enquanto damos a “Nobody” o quinto lugar na lista das melhores canções internacionais do ano.
No ano em que Kendrick Lamar ganha o Pulitzer, Anderson .Paak vai buscá-lo para uma épica parceria: “Tints” é um dos cartões de visita do álbum Oxnard, produzido por Dr. Dre.
Não é a primeira vez que estes dois unem esforços este ano: recorde-se que Anderson .Paak foi convidado por Kendrick Lamar para participar na banda sonora de Black Panther, esse grande acontecimento cinematográfico – ou sociológico – de 2018.
Oxnard é o álbum que Anderson .Paak sonhava fazer desde os tempos em que andava pelos corredores do liceu a ouvir The Blueprint de Jay-Z ou College Dropout de Kanye West. E agora vejam bem como o discípulo fintou os mestres e chegou onde chegou: ao quarto lugar da nossa lista, pois claro.
Baixemos então os “Tints” e olhemos para o pódio das canções internacionais de 2018 para a Antena 3. Começamos pelos antípodas…
Lá na Nova Zelândia, há quem fique virado de cabeça para baixo por amor. Ou será de cabeça para cima? Fica a questão.
O que interessa é que o neozelandês Marlon Williams voltou em 2018 com a sua veia de crooner romântico mais pulsante que nunca.
“What’s Chasing You”, do álbum Make Way For Love, é uma canção de outros tempos… e de todos os tempos. Se por um lado, parece saída de uma jukebox num diner dos anos 50, por outro a dor de corno é intemporal – e a verdade é que todo o disco foi composto na ressaca do fim da sua relação com Aldous Harding.
“What’s Chasing You”, mais concretamente, é uma dica clara a todos os amantes que nem sempre são tão claros nas suas dicas. Amem-se e oiçam Marlon Williams. “What’s Chasing You” é a terceira melhor canção internacional do ano para a Antena 3.
Quase a chegar ao primeiro lugar na lista das melhores canções do ano, “Wide Awake!” dá título ao regresso enérgico dos Parquet Courts. É o melhor exemplo de como nada pára a banda de Brooklyn, nem mesmo a ameaça do flirt mainstream com o produtor Danger Mouse.
Os Parquet Courts continuam a encarnar o espírito pós-punk dos Talking Heads, tão absurdos quanto politizados, tão desprendidos quanto artisticamente preocupados. E “Wide Awake!”, banda sonora perfeita para qualquer tipo de catarse, é o tema que ocupa o segundo lugar na nossa lista de melhores canções internacionais de 2018.
Quem irá ocupar o primeiro?
Agora que estamos acordados… vamos fazer disto um momento solene. Rufem os tambores: a melhor canção internacional de 2018 para a Antena 3 é… Antes de mais, é uma reflexão sobre os tempos que vivemos, mais concretamente sobre a América de Trump, o racismo, a violência policial, o acesso às armas e os tiroteios em massa.
Acompanhada por um dos videoclipes mais icónicos e mais falados dos últimos anos, o tema foi um sucesso absoluto mal foi divulgado no YouTube, com 13 milhões de visualizações em 24 horas. E, no entanto, é provavelmente a obra musical mais desafiante do seu autor.
E especificamos “obra musical” porque estamos a falar de um verdadeiro homem da renascença: actor, comediante, guionista, realizador, produtor, cantor, rapper e DJ. O seu nome é Donald Glover, mas também o conhecemos por Childish Gambino.
“This is America”, um portento na sua forma e no seu conteúdo, é para a Antena 3, a melhor canção internacional do ano. This is 2018.