A face mais humilde de um pinga-amor, embrulhada em baixo corpulento, pontilhada pelo saxofone de Kamasi Washington e produzida por Flying Lotus.
No ano do “fiquem em casa”, Jarvis Cocker ficou e cantou sobre isso no primeiro álbum da sua nova banda. Tem pouco de house music mas, fica no ouvido all night long.
Uma das canções mais surpreendentes do ano. Para lá das palavras de Mike Skinner e do refrão de Kevin Parker, fica a lição: não monopolizarás o telefone do próximo.
Ainda a quarentena ia no adro quando a cantora britânica antecipou o lançamento do novo álbum para aliviar o peso dos dias. Um manifesto pessoal e intransmissível, simples e doce.
Mais um encontro para a história de 2020: o australiano Flume com o norte-americano Toro Y Moi. O resultado é uma das melhores canções assinadas por qualquer um dos dois.
Um ano depois, graças ao rap rápido dos Run The Jewels, DJ Shadow sobe uma mão cheia de degraus, com mais um episódio do apropriadamente intitulado Our Pathetic Age.
Dois anos depois de nos entristecer, o rapper de Pittsburgh continua a dar-nos alegrias com as suas canções. Mais uma do seu álbum póstumo.
Ao fim de 40 anos, os Pet Shop Boys continuam a fazer da pista de dança o seu palco, como se percebe nesta hipnótica canção cheia de nuances revivalistas.
Um hino à diversidade de uma terra feliz com gente de todas as cores, que nos faz lembrar velhos hits R&B de outros tempos.
Por entre tanta referência pop despejada pela cantora de Barcelona e pelo rapper de Houston, está uma canção sobre família e lealdade.
Pode ter sido o hook cativante ou a melodia catchy que fizeram desta pérola indie-pop, uma das canções do ano. Isso, ou o facto de 2020 nos ter feito sentir como o palhaço triste da canção.
A angústia do britânico na hora da mudança… Eis o resumo do encontro entre o baixo perfurante de Musa Masa e a spoken word assertiva de Slowthai.
A banda de Baltimore, parece ter sempre lugar garantido nestas listas. E com esta épica declaração de confiança, garantem também lugar em todas as mixtapes de namorados.
Em ano de novo álbum, foi ainda este primeiro single dos irlandeses que nos cativou, pela forma crua como revela o lado mais vicioso da noite de Dublin.
Mais um produto da Song Machine dos Gorillaz; o baixo de Peter Hook, a bateria de Georgia… o resto é puro Damon Albarn a cantar a distância e a saudade.
Um piano emprestado a Nina Simone e um refrão que podia ser de Adele, chamam a atenção para o single de estreia da norte-americana radicada em Inglaterra.
Um ano “abnormal” que nos trouxe uns Strokes melancólicos a reviver os anos 80 e a encarar os seus fantasmas. Da ponte ao refrão, há nesta meta-canção muito sumo para espremer.
Pode ser uma das canções mais pop de Sufjan Stevens, mas esconde uma crítica mordaz à cancel culture e ao seguidismo traduzido em likes vazios e comments azedos.
Isto de andar sempre a remexer no passado nunca dá bons resultados. Eis a mensagem de Kevin Parker nesta segunda vinda dos Tame Impala às melhores do ano.
Tema do álbum que reúne Tom Misch, ao baterista de jazz Yussef Davies – e aqui também ao rapper Freddie Gibbs. Um groove hipnótico que comanda esta viagem so easily, so easily…
Ou como uma melodia despretensiosa e um ritmo upbeat escondem um desabafo cheio de dor e amargura. Uma das canções mais viciantes do ano.
Pediram-nos distância e isolamento, mas esta canção plena de beijos ofegantes e toques apaixonados não podia deixar de nos cair no goto. O spotlight está apontado para Jessie Ware.
Mais um hino dos Idles a carregar no punk, com mensagem inspiradora, em formato injeção de adrenalina para tomar sem prescrição. You can do it…
Uma das canções marcantes de 2020. Um clássico synth-pop instantâneo, saído dos anos 80, com The Weeknd no papel de stalker embriagado a conduzir perigosamente…
No ano em que recebeu o Mercury Prize, o britânico volta a pôr uma canção entre as melhores do ano. Rolling traz o peso de um joelho no pescoço, mas deixa-nos com a leveza de um pé na pista.
Foi de Fetch the Bolt Cutters que saiu este Heavy Balloon… de percussão arrítmica, onde a depressão alheia se confunde com os próprios traumas da cantora.
Mais uma canção carregada de traumas e mais uma mulher do indie. Phoebe Bridgers foi a girlgenius de 2020 e com este postal de Kyoto mostrou-nos as suas relações de amor-ódio.
2020 foi ano de confirmação. Mas antes de James Bond e dos Grammys, Billie Eilish sussurrou-nos este desabafo sobre o lado mais negro da fama, com piano minimal e beat surdo.
Os enigmáticos Sault deram-nos dois álbuns poderosíssimos em 2020. Do primeiro vem esta canção de protesto, ou a face dançável do Black Lives Matter, movida a bateria e baixo.
O sol. Foi isso que nos deram os texanos Khruangbin e Leon Bridges: quatro minutos de Texas Sun, numa viagem calorosa, que chegou a destino do ano para a Antena 3.