O departamento de botânica do professor Rui Maia é um laboratório de texturas ambientais e sonoras. Fotossíntese musical orgânica servida na primavera de ’21 pelo músico e produtor do Porto.
Existencialismo gozão debitado por um lírico de pijama. Paulo Zé Pimenta continua fechado no quarto à procura de um sentido para a vida.
Aquela-banda-cujo-nome-é-difícil-de-pronunciar pescou nos mares de Braga um álbum ensopado de requintadas melodias jazz. OCENPSIEA é um acrónimo — dizem eles! — para Oh Chefe Eu Não Pedi Sumol Isto É Água.
Batimentos por minuto: um termo que tanto fala de música como da frequência a que bate o coração. Ele compôs, escreveu, cantou: sangue do seu sangue, o álbum gravado no país basco francês é o primeiro em que Salvador é autor inteiro.
Estamos a levitar no espaço sideral de Rui Souza. A terceira parte da tetralogia The Ever Coming é o reino dos sopros: ensaio musical sobre a transcendência embalado por sintetizadores espaciais.
O fado amanheceu eletrónico. Teclados, guitarras portuguesas e sintetizadores tecem um xaile sónico feito à medida desta fadista além-fado.
Mantras repetitivos que nos deixam a alucinar à sombra de uma tontura boa. Houve mudanças no trio do Porto. A inércia dos 10 000 Russos continua em movimento…
Esteve para se chamar Desencanto. Com Walt Whitman na secretária e o chão a fugir-lhe debaixo dos pés, Martim Braz Teixeira fez um disco para arrumar na secção “dores de crescimento”.
Acabou-se a paciência de Luís Varatojo: isto não é abril de 74, mas isto é Portugal, 2021. Música de intervenção sem prazo de validade. Canções intemporais a fervilhar de atualidade. Prontos para ir ao tapete?
Cinco anos depois, o alter-ego anglófono de JP Simões voltou aos discos. E que bom vê-lo, Mr. Bloom! A si e a ao seu pessimismo elétrico, engalanado pela produção supimpa de Miguel Nicolau.
Na Londres vitoriana, “cosmorama” era uma espécie de portal esotérico frequentado pela alta sociedade. O quarto disco dos Beautify Junkyards abre-nos as portas da perceção para uma viagem de texturas intergalácticas…
Catorze músicos portugueses entram num estúdio para recriar alguns dos êxitos mais emblemáticos da música popular portuguesa. Tozé Brito fez 70 anos, e a prenda chegou para todos nós.
Aqui há gongos e taças tibetanas, meditação e Médio Oriente. Não é ficção científica; é Rui Reininho em pleno delírio marítimo-experimental.
A frase mais repetida pelo rapaz Samuel no seu isolamento alentejano dá nome a um disco construído sobre registos a cappella do rapper Valete.
Depois de remexer sem rebuço na tradição musical portuguesa, Tiago Norte dá uma guinada pop. Um disco de dupla face — uma mais animada, outra mais carregada — sustentado por uma turma eclética de convidados e co-autores.
Promessa soalheira apontada ao coração de um tempo sombrio. Ninguém vai tirar a Joana Espadinha do lugar de uma das cantautoras mais luminosas da pop nacional.
A causa das coisas foram os fados ouvidos em casa dos avós. Aos 29 anos, nasce uma voz que soa ancestral; e, no entanto, é como se nunca tivéssemos ouvido nada assim…
O imaginário americano dos carros espatifados fica-se pela capa: lá dentro, é um disco de colisões melódicas e letras para ouvir como quem lê. Cinco anos depois de Slow, a banda de Francisca Cortesão voltou a aquecer os motores indie pop.
Bateu Matou Chegou, viu e venceu. Três bateristas, vozes convidadas, ritmos carregados e energia que nunca mais acaba. Música no pretérito perfeito para nos pôr a dançar no presente (e o mais depressa possível).
O dicionário do Conjunto Corona parou para contemplar as memórias da noite na zona industrial do Porto. O novo capítulo da história de Corona é um banho imersivo de reggaeton e tecno suburbano.
Guitarrista de formação clássica, fez um disco de regresso às raízes cabo-verdianas. Temas curtos, letras introspetivas, uma voz maviosa e quentinha que nos seduziu sem reservas…
O quinto álbum da banda de Coimbra encostou as guitarras à parede e abriu a porta aos sintetizadores. Um disco de perdas, nascimentos e descobertas: a vida como ela é…
Eles são David Bruno e Mike El Nite: dupla romântica que nos submerge numa piscina aquecida de kitsch latino sabiamente temperado com um fio de azeite mediterrânico.
Fausto Bordalo Dias, autotune na voz, guitarras portuguesas, ritmos orientais e viagens ao Magrebe: tudo isto existe, tudo isto é (às vezes) triste, tudo isto é Mafama.
Será possível dançar um requiem? Luís Clara Gomes encontra a melancolia da pista de dança e compõe uma elegia eletrónica que fala de perda, vulnerabilidade e lutos pessoais.
Música de inspiração cinéfila: a banda sonora para dois filmes de Manoel de Oliveira acabou convertida no quarto de originais dos soccers mais sensatos deste campeonato.
A pop bem-disposta dos Cassete Pirata carregou-se de preocupações. Um álbum conceptual assustado com o futuro, com algumas saídas de emergência em direção à alegria.
O segundo em nome próprio do baterista e produtor é um tributo a Otis Jackson Jr., ou seja, ao rapper, produtor e DJ Madlib. Primeiro volume de uma série que nos faz esperar pela sequela…
A estreia discográfica dos Fogo Fogo é um disco de funaná clássico com incursões de modernidade. Boleia possível para o transe interminável de uma noite nos trópicos.
Composições que namoram o jazz, a folk, a eletrónica, o afrobeat, o R&B ou a música clássica. Um disco poliglota que nos falou alto ao coração. 74 minutos de absoluto milagre sónico.