Depois dos Poppers e Keep Razors Sharp, estreia-se em nome próprio, mas com amigos a acompanhá-lo. The Legendary Tigerman produz este abanão rock, gravado na Riviera Francesa.
Nota: Foram contempladas as edições entre 16 de novembro de 2021 e 15 de novembro de 2022.
Continua o trabalho de criar além das fronteiras habituais do piano. Aqui, a estética clássica mistura-se com a contemporaneidade mecanizada, em cinco peças que se complementam entre si.
EP que fecha uma trilogia que passou por Teorias do bem-estar e Modéstia à parte. Filipe Karlsson volta a munir-se de sintetizadores luminosos para canções que sabem a verão.
Um neon a dar luz sobre o passado colonial. Pedro Coquenão volta aos álbuns com colaboração de Mayra Andrade, Nástio Mosquito, DJ Dolores, Bonga, entre muitos outros.
EP de estreia a misturar a tradição portuguesa com a modernidade, sem medo da experimentação. Um cheirinho a futuro bom, em seis faixas tão intensas que quase perdemos o fôlego.
Peixe e Frankie Chavez voltam a juntar-se. Gravado no local que dá nome ao projeto, é um álbum que parte dessa paisagem para outras. Por vezes reais, por vezes imaginárias, sempre de liberdade.
Cantora e compositora que representou Portugal na Eurovisão, estreia-se com álbum em nome próprio, em parceria com músico e produtor John Blanda. Milton Nascimento também participa.
EP de corpo inteiro, com produção de Sam The Kid. Sem virar a cara à luta e de coração aberto ao amor. Foi o último trabalho antes do anúncio do fim dos GROGNation.
Assumem o formato trio e lançam uma celebração da amizade, que passeia entre o kraut, a house, as baleares, e mais. Tudo junto em sete canções que querem que tragam “escapismo feliz”.
Dois detetives a desvendar o mistério do desaparecimento da “Chika Pika”, galinha premiada que desapareceu. Uma experiência de criatividade pandémica de diversão e canções como capítulos.
A harpa de Angélica Salvi ganha companhia de efeitos de compressão sonora e continua a provocar o paradoxo de nos levar por viagens transcendentais, com ligação ao aqui e agora.
O tema que abre o disco diz-nos para «stay in bed», mas o ritmo pede exatamente o contrário. É para nos tirar da cama, abraçar a festa, e rir dos assuntos sérios da vida quotidiana.
A folk das irmãs Falcão vira-se para dentro. Um álbum escrito ao longo de muitas fases de mudança. As dores de crescimento, as reflexões sobre a vida e a sociedade, estão todas aqui.
Regresso ao baú dos beats para mostrar que remexer no passado, às vezes, é bom. O rapper e produtor continua a rever o arquivo e, desta vez, traz uma caixa de ritmos com beats veraneantes.
Cinco anos e meio depois, muita mudança sem perder a identidade: primeiro disco em português e primeiro com Pedro Branco oficialmente no plantel.
Novo projeto do irrequieto lobo João Vieira. O homem que conhecemos dos X-Wife, e como DJ Kitten, traz canções descomplicadas e cruas, num mundo com tendência a complicar.
No amor nem sempre há certezas, mas às vezes a dúvida pode ser um benefício. Este benefício da dúvida conta com a participação de Júlia Reis e produção de Leonardo Bindillati.
Um álbum cheio de alma e com muitas almas dentro dele. Vibrações positivas com participações de Melo D, Selma Uamusse, Fred Ferreira, Moullinex e muitos mais.
Lila Fadista e João Caçador andam, desde 2017, a trazer novas lutas ao fado. Estreiam-se em álbum com música, performance e ativismo, com o fado clássico misturado com as novas sonoridades.
Branko quis agradecer ao público que o tem vindo a acompanhar e, por isso, fez um disco de agradecimento e celebração.
A banda de Gui Tomé Ribeiro e Luís Montenegro, e também de Filipe Louro e Gil Costa deixou-se de rodriguinhos. A língua afia-se, como uma seta, e vai direta ao assunto. Ao quarto disco, estão mais certos do que querem dizer, e como o querem dizer, e isso reflete-se nas canções.
Os Salto quiseram que este fosse o capítulo mais legível da carreira da banda. Por isso, trouxeram o disco menos experimental que já fizeram e também aquele em que se divertiram mais a tocar. Uma certeza e uma liberdade que também chega com a maturidade da idade. Gravado entre 2020 e 2022, em Marvila, Lisboa, é também um álbum sobre a cidade, e sobre como a banda se relaciona com ela.
No dicionário português, “error” é sinónimo de erro e viagem sem rumo. No disco, a palavra surge com acento, ao contrário do que acontece no dicionário. A banda acrescentou-o para criar uma palavra nova, uma palavra sua, um erro. Além deste elogio ao erro, como peça essencial para construir caminhos, este é um disco que marca o fim de um ciclo na vida da banda. É o último com o guitarrista Pedro Geraldes, cuja saída foi anunciada uma semana antes do lançamento do álbum.
Êrror marca o regresso da banda aos discos ao fim de quatro anos. Voltaram a trabalhar com o produtor catalão Santi Garcia, que a banda diz ser quem melhor conseguiu, até agora, captar o que a banda tem ao vivo. A força… é esta.
Batuque, kizomba, eletrónica, zouk, entre muitos outros ritmos. Além das vozes de Cabo Verde… na voz de Dino d’Santiago.
Badiu foi precisamente inspirado na viagem do povo Badiu, do interior da ilha de Santiago, até às metrópoles da América e Europa, e até à Quarteira, onde Dino nasceu e cresceu. São essas influências: sonoras e de vida, que escutamos neste Badiu. Um disco também influenciado pela paternidade, que é uma casa de raízes alargadas ao mundo.
O projeto de Rui Maia regressou, em 2022, aos discos. Se os batimentos cardíacos podem dar um bom beat dançável, canções de amor também se podem sentir na pista. Rui Maia sabe disso e traz amor ao house e disco, misturados com tanta outra música eletrónica dos seus temas. Maria do Rosário traz voz e letras a este trabalho, que conta ainda com participações de Da Chick e Hard Ton.
Heartbeats Etc. terá sido construído em muitos locais, como comboios, quartos de hotel ou estúdios caseiros. Dá para ouvir e dançar em tantos ou mais sítios.
Um disco de regresso, após cinco anos de ausência discográfica. Um trabalho em que Surma decidiu tirar a máscara. Quis aqui apresentar-se como é, com todos os traumas e vitórias que compõem a vida. Para o fazer, trouxe ajuda. Selma Uamusse, Cabrita, Vítor Torpedo, Ana Deus, Joana Guerra, Angelica Salvi, Ecstasya… são todos nomes que fazem parte deste Alla.
Esta abertura de Surma marca, para a própria, o início de um novo ciclo, uma forma diferente de compor. Estaremos cá para escutar o que aí vem.
Drama, mistério e vingança. Faz tudo parte de Sangue & Mármore, de David Bruno.
Aqui abrimos uma exceção: não se pode dizer que este seja bem um álbum. É uma audio-novela, a primeira do muy criativo David Bruno. Como se imaginaria, vindo do autor que vem, está cheia de portugalidade lá dentro. Começa com o misterioso assassinato de um personagem chamado Sequeira, e apresenta-nos personagens como o Inspetor Guedes, a misteriosa mulher fatal Sandra Isabel, e Crespo. O elenco desta novela é de luxo, senão vejamos: Sequeira é interpretado por Rui Reininho, Sandra Isabel por Gisela João, e Inspetor Guedes por Marlon, dos Azeitonas.
Se é a primeira audio-novela musical em Portugal? Não temos a certeza. Se é a primeira passada em Avintes, com um assassinato em frente ao Zoo de Santo Inácio? Certamente. É uma obra tão única quanto o próprio autor.
Nesta quarta posição é o ritmo quem fala mais alto, com o álbum homónimo dos Club Makumba. Esteve a ser cozinhado em lume brando, ao ritmo da pandemia, e mistura ingredientes de várias origens, apresentadas assim pelos próprios: guitarras das costas do sul, ritmos quentes do norte de áfrica, varridos por espíritos que vagueiam no ar e nas dunas do jazz, melodias e afinações antigas, que chegam até nós em tempestades de poeira elétrica.
Club Makumba é a prova que para ser resistência, a música não precisa sempre de palavras de luta. O projeto junta Tó Trips, João Doce, Gonçalo Prazeres e Gonçalo Leonardo. Ao começar deste 2022, trouxeram-nos um disco que fecha ao som de um tema chamado “Going Nowhere”. Atrevemo-nos a discordar, e a dizer que a música de Club Makumba vai a todo o lado.
Era uma mudança anunciada, a de Ana Moura, e confirmou-se em pleno com o álbum Casa Guilhermina, que alcançou o bronze na nossa contagem.
Depois de os singles “Andorinhas”, “Jacarandá” ou “Agarra em Mim” terem anunciado que a diva do fado estava a tirar os pés do chão, para se libertar das amarras do estilo clássico do fado, este disco confirma a mudança… mas uma mudança de quem não apaga o passado e que o inclui no futuro a nascer.
Com a parceria de Pedro Da Linha, Pedro Mafama, e Conan Osíris, Ana Moura vira-se para África e para o semba, para o Brasil e para o choro, e para tantas outras raízes misturadas de um fado que sendo português, foi buscar muita vida ao mundo. Guilhermina é o nome da avó de Ana Moura, que inspira o nome de um disco, com tanto de arraial como de tristeza e, às vezes, com tudo em conjunto.
Foi logo a abrir o ano que conhecemos a “Chapada da Deusa”, o single surrealista que apresenta os Fumo Ninja e que figura no nosso top de canções do ano. Como verdadeiros ninjas, este grupo chegou-nos envolvo em mistério, para se revelar ser o projeto de Norberto Lobo, Ricardo Martins, Leonor Arnaut, e Raquel Pimpão.
Ao ouvir o restante disco, o tom da apresentação mantem-se. Traz-nos pop, jazz e muito mais. Tudo misturado, a esticar também aqui as convenções de géneros. Entre nuvens de fumo, androides, corações de vidro e mangas de camisa, este é um disco para brincar com as palavras e com os limites da realidade. Sonhemos com eles.
Vem com nome de bairro e com voz de mulher que não se vê na telenovela.
Foi precisamente a 2 de abril de 2022 que recebemos o álbum 2 de Abril, d’A Garota Não, e foi um clássico quase instantâneo. Disse-nos, há uns mese,s A Garota – ou Cátia Mazari Oliveira – que escreve muito sobre o que a incomoda. E é esse incómodo que ouvimos neste disco. É a vida do bairro onde Cátia cresceu, são os problemas diários com uma escrita honesta e visceral a subir às canções de quem não tem medo de se levantar da mesa para ir à luta.
Diz a frase do José Mário Branco (a quem Cátia dedica o tema que fecha o álbum) que a cantiga é uma arma. Aqui, a veracidade da afirmação é óbvia, como óbvia é também a certeza que A Garota Não é luta de corpo inteiro, e uma escrita certeira que ajuda a transformar os significados de intervenção – mesmo que a autora prefira a palavra inconformismo. 2 de Abril é o quotidiano anónimo a receber de frente as luzes do palco e a mostrar-se com a força de todas as fragilidades que o compõem.
É o nosso disco nacional do ano de 2022.