Uma sorridente canção sobre amor e sobre a intimidade de uma relação. Um tema que ficou viral no TikTok e que é apresentado pela banda como uma “canção irmã” de “Gino (O Menino Bolha)”: com os mesmos bpm, a mesma atitude e o mesmo preset de teclado.
Nota: Foram contempladas as edições entre 16 de novembro de 2021 e 15 de novembro de 2022.
Antes de a “saudade, saudade” invadir a Eurovisão, MARO dava a voz grave e doce a esta canção de amor etérea. O tema faz parte do álbum Can you see me?, editado por MARO em agosto deste ano.
Samuel Mira volta a entregar presentes no dia do próprio aniversário. Remexe nos beats que tem guardados e traz-nos um clássico instantâneo baseado… em beats clássicos.
Dupla gondomarense, de regresso à música em conjunto depois do EP Terra-Mãe, a mostrar que não há fórmulas que os prendam a não ser a da produção por Lil Noon e a escrita por João Não. O futuro já chegou às canções desta dupla, e haverá novo álbum em breve.
Alguém pediu leveza de verão? Filipe Karlsson traz pop fresca para dias de bafo quente. Sintetizadores retro, anca dançante e uma letra que parece feliz mesmo que fale sobre a potencial decisão de deixar alguém. Foi o primeiro single do EP Mãos Atadas.
O novo alter ego de Edgar Correia — que também conhecemos como Logos em Conjunto Corona — apresenta-se como uma pessoa que veio do espaço e por cá ficou. Nas aventuras terrenas, está esta irresistível história sobre uma carteira perdida no Senhor Roubado.
É funk que querem? É funk que têm. Da Chick nunca foi mulher de virar a cara ao ritmo, e é disso que aqui se trata: música para uma entrega total à festa. O apelo é para que toda a gente se junte também.
O grupo de Algueirão – Mem Martins assume a fragilidade do amor e traz-nos um single sobre o fim de uma relação. Foi um dos temas que fechou o EP Anatomia de GROG, que tem produção de Sam The Kid. Quando saiu, ainda não sabíamos que os GROGNation iam acabar, e por isso o coração ainda estava inteiro.
Saiam da frente, que os Fugly vão com pressa. Primeiro single para o álbum Dandruff, diz a banda que esta é uma carta de amor tipo carta de reclamação para as mães das crianças crescidas da sociedade sem salário no fim do mês.
Um dos resultados da primavera em flor dos You Can’t Win, Charlie Brown. Harmonias doces, palmas aceleradas e uma canção para olhar para o caminho. Faz parte do álbum Âmbar, o primeiro em que a banda escreve em português.
O tema que dá nome ao EP de estreia de Ana Lua Caiano chega-nos em tom de lenga-lenga. Mistura a delicadeza e a força no ritmo e na voz da própria artista, que canta a história de uma pessoa que está sempre a pensar no que não está a fazer e por isso nunca está presente… no presente.
Ficou de fora do álbum Vias de Extinção, de 2020. A pandemia deixou-a incompleta, e este ano ficou terminada e encontrou a luz solar. É o primeiro single da editora criada pelo próprio Benjamim: a Discos Submarinos.
Quem nunca pensou em fugir para a América do Sul? As irmãs Falcão, pelo menos, já pensaram. Este tema de pop-folk cristalina é mesmo sobre essa vontade de fugir para lá quando as coisas ficam difíceis numa relação.
Dá para resistir dançando, e é isso que o Club Makumba quer fazer. “Migratória” apresenta-se como tema dedicado a todos os que tentam uma vida melhor nestas margens ocidentais, negligenciados por uma Europa cada vez mais fechada em si própria.
Há muitas histórias de amor a começar em ou a passar por estações de comboio, e por isso haverá certamente muita gente a associar-se a esta “Campanhã”. É pop-rock luminosa a fazer lembrar coisas boas e histórias sem planos para terminarem.
A banda de Gui Tomé Ribeiro e Luís Montenegro decidiu ir direta ao assunto, e a prova está aqui. A língua afia-se na canção e no nome do disco da qual faz parte… e também os instrumentos se afiam para aguçar a dança.
“Eu nem vi que eu sem ti sou só eu sem ti”, dizem os Linda Martini enquanto se apercebem de que às vezes a solidão também se faz acompanhada. “Eu Nem Vi” vai fervendo devagar, como um caminho para destruir camisas de forças disfarçadas de proteções.
Já se sabe que Branko é sem fronteiras, e o produtor continua a comprová-lo, mesmo que não seja necessário. Aqui junta-se à artista cabo-verdiana ÉLLÀH para uma canção de otimismo e força. Os ritmos são de Branko, são de Cabo Verde e são de muitos outros sítios.
As Fado Bicha chegaram com pontapé na porta e com o sarcasmo como arma. Este poema estava escrito para o instrumental do fado “Nem às Paredes Confesso”. Não foi autorizado, e assim nasceu um hino pop que ironiza sobre a relação da masculinidade hegemónica com as pessoas queer.
Maria Reis vai cavalgando na guitarra e no desconforto sufocante. Esta é a música que fecha o EP Benefício da Dúvida e termina com o suspense da frase “vai tornar-se interessante”. Nunca foi suposto ser óbvio, com Maria Reis, e aqui continua a não ser.
A contagem do nosso top 10 arranca com amizade. É aos amigos que é dedicado o tema “Cool Kids”, dos Best Youth, com que começamos esta viagem.
A canção começou a nascer em 2021, quando a dupla Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves celebrava os dez anos do lançamento de “Hang Out”, tema que os apresentou. Nostalgia traz mais nostalgia, e “Cool Kids” fala sobre as memórias da juventude — sextas à noite, férias grandes de verão… —, mas igualmente sobre a necessidade de parar e arranjar tempo para momentos desses (mais fáceis aos dezassete anos). No som, os Best Youth também voltaram atrás, para uma sonoridade mais acústica, ainda que sem perder a identidade pop brilhante que os define nos dias de hoje.
…e é com mais uma dupla que seguimos. Uma dupla e uma canção que só poderia ser cantada a dois. Ana Moura e Pedro Mafama, que já se tinham encontrado no tema “Linda Forma de Morrer”, do álbum Por Este Rio Abaixo, voltam a encontrar-se para cantar “Agarra em Mim”, o nosso nono lugar.
Com a colaboração de Conan Osiris na letra, este é mais um tema a comprovar a reinvenção sonora de Ana Moura, que assume os ritmos africanos e as raízes árabes no fado que canta. Aqui, em conjunto com Pedro Mafama, traz-nos juras de amor eterno, redenção e o tal encontro depois de caminhos desalinhados.
Seguimos a subida na contagem e atiramo-nos a Mirror People, projeto de Rui Maia, que este ano voltou aos discos. O tema que marca o regresso é o nosso oitavo lugar.
“Reckless” foi o primeiro single de Heartbeats, etc. e conta com Rö — ou Maria do Rosário — na voz. Segundo Rui Maia, o tema serviu de cartão de visita para o álbum: menos disco, mais eletrónica e sempre com a pop em mente.
Subimos mais um degrau e vamos a mais um regresso, com Surma a entrar de rompante pela nossa casa depois de cinco anos de ausência discográfica. “Islet” ocupa o sétimo lugar e foi o primeiro avanço para o álbum de regresso de Surma, alla.
Profundamente pessoal, o tema levou Surma a abandonar a linguagem fonética a que já nos foi habituando nas suas composições para nos apresentar uma canção épica, com uma letra sobre as experiências menos positivas vividas durante o período de formação da própria. É uma canção-catarse. Não só para Surma, mas também para quem a apanhar e se identificar.
Saímos do número sete, mas continuamos a chamar pelo mesmo número: chegados ao sexto lugar, encontramos EU.CLIDES e o seu “Venham Mais 7”.
Depois de em maio ter vencido o prémio de artista revelação nos Play, EU.CLIDES revelou-nos este primeiro single do álbum que ainda está por vir. Um tema disfarçado de leveza e elogio à libertinagem, para contar a história de uma personagem perturbada e de carácter autodestrutivo, que se tenta convencer de que consegue lidar com o seu próprio caos. Uma canção cheia sobre uma pessoa vazia por dentro.
Entramos no top 5 com mais uma dupla: Dino d’Santiago e Slow J. Os dois juntaram-se às “Esquinas” no tema que apresentou Badiu, o disco de Dino que ouvimos este ano.
Tal como as próprias esquinas, o tema é feito de dualidades: as duas vozes de Dino e Slow J, as duas perspetivas sobre a diáspora africana, a luz que não se esquece da sombra de que é feita essa mesma jornada. Dino d’Santiago e Slow J cantam e rimam sobre esse tuga que nem sempre é luso e sobre as lutas e glórias de corpos que também são pátria.
Chegamos ao quarto posto a postos para levar uma chapada. Não de realidade, mas de surrealismo e, sobretudo, da deusa. Falamos da carta de apresentação dos Fumo Ninja.
“Chapada da Deusa” foi o primeiro single a apresentar-nos este grupo de ninjas não tão secretos e traz-nos pop sonhadora, num sonho que, além da chapada em si, traz um golfinho em chamas e uma chamada para Belzebu. No fim, acaba tudo por fazer sentido. Ou então talvez não, e a conclusão seja mesmo essa: uma canção não precisa de fazer sentido para ser boa pop flutuante.
Entramos no pódio com outra deusa. Neste caso, batismal. Falamos de Sandra Isabel, a quem o nosso bronze no top de canções nacionais é tema dedicado: “Tema de Sandra”, de David Bruno com a colaboração de Gisela João.
Sandra Isabel é personagem fictícia na audionovela que David Bruno editou neste ano. Interpretada pela fadista, Sandra é mulher fatal que foi Miss Aveiro em 97. Conhecida por ser uma sedutora, tem um papel fundamental em Sangue & Mármore, em que surge como interesse amoroso de Sequeira, personagem principal, interpretada por Rui Reininho. Mais haveria para contar, mas preferimos deixar o mistério e a canção — que, como Sandra, é tipo mel.
Quando abril ainda não tinha chegado, A garota não — ou Cátia Mazari Oliveira — lidava com as chuvas de março. “Dilúvio” chegou como single para o álbum 2 de Abril e com a voz d’A garota a falar desse assunto complexo que é a vida. Da velocidade “tipo míssil” a que a vida passa, do cinismo perante o outro, da falta de empatia, das dificuldades de uma vida cheia de trabalho e de muros que se vão formando e crescendo.
“Dilúvio” é canção para pôr os pés no chão, com o poema a dançar com a cadência da canção. É um tema que chama a atenção sobre nós próprios. Nem sempre é fácil parar para escutar, mas, neste caso, vale mesmo a pausa na correria.
E pronto. Fechamos a contagem com sol na cara e um doce no canto da boca. Em abril, já a primavera ia alta, e Batida — projeto de Pedro Coquenão — juntou-se a Mayra Andrade para uma colaboração intitulada “Bom Bom”. Um single que é mais um daqueles bebés do confinamento.
Apesar de se já se conhecerem há anos, foi no confinamento que aconteceram trocas de olhares sobre o planeta, valores e palavras comuns — como a equidade e a dignidade. Contam que as partilhas de melodias via WhatsApp levaram-nos ao estúdio, e foi lá que nasceu este “Bom Bom”, um tema que fala sobre sair de um lugar escuro e procurar o bem pessoal e social. Entremos, então, nesta dança infinita de luta e esperança, que está no topo da nossa tabela de melhores canções nacionais deste 2022.