Nota: Foram contempladas as edições entre 16 de novembro de 2022 e 30 de novembro de 2023.
Depois de I Love You, Crystal, a irmandade regressa com uma balada doce e cristalina. Catarina e Margarida continuam a provar que são as senhoras da bubblegum pop.
O grupo das Caldas da Rainha — com April Marmara também na equação — reflete sobre as expectativas e preconceitos de uma vida na carreira musical. Lo-fi, irreverente e eternamente punk.
Maria Bentes vive sensivelmente no meio da confusão e explora a vulnerabilidade numa balada pop que anda de mão dada com o hip hop.
A porta de entrada para Sensoreal tem sinal de saída para um imaginário mais bonito, seguro e comovente. Rita Vian faz valer cada estrofe, verso, palavra e segundo.
Deixou-nos “Do Avesso” depois de ter passado pelo The Voice, em 2021. Uma voz doce, um pequeno bilhete de amor e um arranjo maravilhoso. “Sofá” é uma canção pop irresistível.
Uma música divertida, rítmica, cheia de kick e provocadora. Em boa hora se juntaram os bateristas Quim Albergaria, Riot e Ivo Costa. Perfeita para dançar bué.
As várias vozes da paranoia pelo maestro David Fonseca, que arranja sempre maneira de se reinventar e de continuar relevante no circuito nacional.
Escrita entre 2013 e 2021, é uma canção sobre o tempo e a evolução pessoal, que encaixa como uma luva… na rádio. Para trautear em qualquer ano.
Uma cantiga de Timbre, editado no final de setembro, em que o músico e compositor escolhe a língua-mãe para cantar sobre a antecipação e o medo do futuro. Para além da voz, o contrabaixo é protagonista.
Uma colaboração que veio de longe e leva-os ainda mais longe. Canção destemida, em que a riqueza da música africana e as influências cabo-verdianas e guineenses se fazem ouvir bem de perto.
Fogo Fogo e Ferro Gaita a representarem o funaná. Dois nomes que já dispensam apresentações, numa canção que faz vibrar até as pedras da calçada.
Uma colaboração que foi um verdadeiro Clubs Hit. Uma paisagem sonora celestial e dançável, desenhada pela mão firme de Pedro Tavares e Luan Bellussi, da qual Panda Bear se apodera, da melhor maneira possível.
Depois de lançarem A Semente, em 2023 continuaram a regar o seu jardim. Uma reflexão simbólica, embrulhada numa música hipnótica, que só podia ser Cassete Pirata.
Uma canção a quatro mãos. A primeira música escrita e interpretada pelo duo que partilha a mesma energia e talento. Carne e unha. É mesmo caso raro.
Em 2022, estávamos atentos; este ano, ficámos rendidos. A dupla de Gondomar sabe o que faz: escorre tinta com toda a naturalidade, equilibra virtude e Auto-Tune. Um lamento para bailar.
Também não sabemos se é vudu, festa, política, semba, samba ou funaná. Uma coisa é certa: foi das últimas canções que a mana Sara nos deixou e não podia ser mais bunita.
Um manifesto cantado sobre o ritmo frenético que levamos e a ânsia de ser produtivo, coberto numa neblina etérea e arranjada com precisão.
A canção tem origem no sample do “Hino dos Mineiros de Aljustrel” e é um cruzamento musical inesperado, mas certeiro.
A multi-instrumentista e produtora inventa e manipula o próprio espaço na música nacional experimental. Uma canção bucólica, para ouvir em loop.
Paragem em Gaia para benzermos tudo ao nosso redor com a água do Senhor da Pedra. O último capítulo de ESTILVS MISTICVS, um trabalho e viagem que marca o regresso implacável do Conjunto Corona.
Desde cedo na carreira, Beatriz Pessoa criou uma ligação forte com o Brasil. Em 2018, foi convidada pela própria Mallu Magalhães para a acompanhar no tema “Eu Te Amo” no Festival da Canção; no ano seguinte, atravessou o Atlântico para gravar Primaveras no Rio de Janeiro e nunca o abandonou completamente. Embora gravado em Lisboa, o segundo álbum de Beatriz Pessoa, editado no início de março pela Discos Submarinos, mostra o cruzamento entre a música portuguesa e a brasileira, com uma sonoridade ora pop ora bossa nova.
“Prazer Prazer” é uma canção mágica, que nos permite cheirar a maresia, ver as diferentes tonalidades de azul e sentir um pouco do Rio, nem que seja pela produção de Marcelo Camelo.
Margarida Campelo é a voz que se segue, ela que acompanha Beatriz Pessoa na cantiga ao piano… Por seu lado, Beatriz Pessoa ajudou a escrever uma música que fez faísca e chavascal — e que foi o primeiro teaser para Supermarket Joy, o primeiro longa-duração a solo da artista lisboeta. Margarida Campelo trabalhou durante tanto tempo ao lado de Bruno Pernadas, que foi com naturalidade que ele ficou encarregue da produção.
Agora, é a vez de Margarida Campelo brilhar. Em nono lugar, “Faz Faísca e Chavascal” — we’re addicted, e não tem mal.
Depois de Beatriz e Margarida, “Maria”. E, para a evocar, o artista e ativista luso-cabo-verdiano Dino D’Santiago volta a entrar na lista dos Melhores do Ano, agora acompanhado pelo rapper brasileiro Emicida. Juntos, fazem uma canção que funde a afropop e o hip hop, com uma letra contra a masculinidade tóxica, envolta numa poética livre.
Não foi a primeira vez que Legendary Tigerman trabalhou com a italiana Asia Argento. Já se conheciam de Femina, disco de 2009 de Paulo Furtado. Em sétimo lugar, uma música que antecipou a chegada de Zeitgest em setembro. Estranha, atrevida e sensual. É “Good Girl”.
Da noite e da escuridão, emergem Filipe Sambado e Conan Osiris, numa parceria… peculiar. Trata-se do último single de Três Anos de Escorpião em Touro, uma death note preciosa, numa atmosfera sombria e violenta, mas bonita, com a participação de Conan Osiris.
Não tem mal ter medo. E Ana Lua Caiano confirma-o. Decidiu até celebrá-lo em “Mão na Mão”, o primeiro avanço para o EP Se Dançar É Só Depois. Um excelente cartão de visita para a pequena, mas impactante, discografia da jovem one-woman show, que se apodera do universo dos sintetizadores e loops desde Cheguei Tarde a Ontem.
Adicionamos à lista de melhores canções nacionais EU.CLIDES. Com a ajuda de Tota, interpreta e canta sobre a crise imobiliária, numa música que faz parte do seu primeiro longa-duração, Declive, lançado em março de forma independente. Combina o melhor do hip hop com a sonoridade da guitarra portuguesa em “Tê Menos 1”.
Em terceiro lugar, um nome que já está no nosso caderninho: Conan Osiris foi o convidado de Expresso Transatlântico para “Barquinha”, single em destaque na Ressaca Bailada. A ideia para a colaboração já pairava no radar de Gaspar e Sebastião Varela e Rafael Matos há algum tempo. A oportunidade surgiu, e o resultado não podia ser melhor.
Em segundo lugar, o hino de Slow J. “Where U @” marcou o regresso do músico de Setúbal e serviu como primeiro avanço para Afro Fado, álbum editado no fim de novembro, depois de um longo período em que esteve, segundo o próprio, “a trabalhar no groove”. Uma música completa e vibrante, cheia de ritmo, batida e emoção. A vida é feita de mudança, e a música de Slow J também.
Chegamos ao lugar cimeiro… e não é casa alheia; é mesmo lar. Uma música que é também um momento de autoavaliação ou, pelo menos, um alerta para a consciência do impacto negativo que podemos ter no outro. Sem cinismo ou pedagogia, é rock envolto em shoegaze e filosofia envolta em introspeção — algo que Nuno Rodrigues nos habituou tão bem a ouvir desde os tempos de Plástico, em 2018.
“Besta” faz parte de Gótico Português, o álbum dos Glockenwise que chegou no início de 2023. Vem do “Lodo”, mas chega ao topo com distinção. Nuno, Rafael, Cláudio e Rui: contamos sempre com os rapazes de Barcelos mais conhecidos como Glockenwise para serem o que quiserem. Até mesmo umas bestas.