As contas estão feitas, e estas são as 30 canções nacionais de 2024 mais votadas pela equipa da Antena 3. Durante toda a semana, revelamos as nossas escolhas no que diz respeito a álbuns e a canções, nacionais e internacionais. Acompanha as contagens ao longo da emissão ou em atualização permanente aqui no site.
Nota: Foram contempladas as edições entre 1 de dezembro de 2023 e 30 de novembro de 2024.
No primeiro degrau das contas de fim de ano, a última viagem de uma das mais seguras bandas da pop nacional.
Depois de fixar a colaboração em álbum, a dupla voltou com uma pérola de eletrónica épica e melancólica.
Janaina chamou. Tó Trips, João Doce e os dois Gonçalos responderam com o instrumental mais tarantinesco do ano.
Assina com letra pequena uma grande canção sobre a diáspora de quem troca a aldeia pela arte.
A doçura que nos faltava neste final de ano: música de intervenção com elenco de luxo.
Um dos lançamentos mais relevantes do ano. A maturidade feita canção numa canção que é “uma maravilha, mãe”.
E assim descobrimos que uma das vozes mais loquazes da nova música portuguesa tem coisas para dizer. E que nós gostamos de as ouvir.
Nome maior da realeza do hip-hop tuga, o rapper luso-moçambicano fixou a sua “Carta de Alforria” na história de 2024.
Foi uma das canções que mais ouvimos ao longo de todo o ano, do álbum mais alucinante da carreira de Benjamim.
A voz dos You Can’t Win, Charlie Brown esperou pelo Outono para nos oferecer esta bela canção-postal contra a adversidade.
Disco a disco, canção a canção, a dupla do Porto continua a afirmar-se como uma das apostas mais seguras da pop nacional.
Ainda a poeira da despedida não tinha assentado e já o crooner de Gaia voltava com a mais super-estilosa canção do ano.
Canção de Primavera a revelar-nos a face mais melancólica de João Vieira, dos X-Wife e dos White Haus.
No regresso da Eurovisão, a cantora da Figueira da Foz ofereceu-nos honesta reflexão sobre o que viveu até chegar a Malmo.
O regresso do engenheiro Francisco Andrade não podia ter sido mais feliz, com uma canção que nasceu para ser hit.
A reunião mais improvável do ano deu hino de começo de noite, para cantar de copo na mão, à espera de quem nunca mais chega.
A velha canção de cinco décadas ganhou doçura nesta homenagem da voz que melhor tem avivado a obra de José Mário Branco.
Uma das revelações mais fortes e uma das canções que mais nos adoçaram o ano: a “Herança” está bem entregue a Maria Miguel.
Quando dois antigos colegas de turma se juntam para fazer música, o resultado é uma das canções mais felizes do ano.
Chegou para refrescar o verão quente, esta canção escrita a oito que prova que, quando a gente sabe, a soma é maior do que as partes.
No décimo lugar das melhores canções portuguesas de 2024, uma canção de… 1987. Um ano depois de nos ter deixado de sorriso à banda com a sua contagiante Supermarket Joy, Margarida Campelo recuperou um velhinho tema de Ágata (sim, ela mesmo), a pedir ainda mais faísca e chavascal. A produção de Benjamim ajudou a refrescar e a trazer para estes loucos anos 20 a pop tão anos 80 da ex-Doce. E, assim, 37 anos depois, Margarida Campelo fez da ousadia de Ágata um dos vícios disco do ano e pôs-nos todos a mexer… mais um pouco.
Toda a festa acaba, e depois vem sempre a melancolia. E foi isso que nos trouxeram a rodos os Capitão Fausto quando, ainda nos últimos dias de 2023, lançaram a primeira pedra daquele que seria um dos discos mais marcantes de 2024. Mas a Subida Infinita da banda que vimos crescer trazia um degrau imprevisto: o quinteto de sempre era agora quarteto, depois da saída do teclista Francisco Ferreira. Uma mudança discreta, mas que ainda assim deixou marcas na banda. E esse primeiro single foi prova disso: uma bonita canção que fala de enfrentar a mudança, de aceitar a maturidade e de aprender que há coisas que não podemos mudar. Uma das canções que mais tocou — e mais nos tocou — em 2024.
Que força foi essa? Que força foi essa que trouxe tanta gente para a rua para celebrar os 50 anos do 25 de Abril, da democracia, da liberdade. Uma liberdade, apesar de tudo, ainda incompleta. Que o digam tantas mulheres por esse Portugal fora. Que o diga Capicua, que foi resgatar um velho hino de Sérgio Godinho (mais velho ainda que a Revolução dos Cravos), para assinalar o Dia da Mulher no ano do cinquentenário de Abril. E para lembrar o Abril que ainda falta cumprir nos direitos das mulheres que não querem ser donas de casa. Uma canção velha de cinco décadas, tão atual hoje como ontem.
Também a Lena d’Água se podia fazer a pergunta “que força é essa, amiga?”. Que força é essa que faz com que a menina bonita dos anos 80 não pare de lançar boa música, não deixe de soar tão fresca hoje como nos tempos dos Salada de Frutas? Cinco anos depois de um surpreendente regresso aos discos, Lena d’Água voltou a rodear-se dos seus novos velhos amigos para provar, ainda mais Desalmadamente, que velhos são os trapos. E que a pop é um verdadeiro elixir da eterna juventude, quer seja tropical ou glaciar. Querem pop? Dá-lhes pop, miúda.
Porque não há três sem quatro, eis mais um encontro de músicos de diferentes gerações a partilhar três inéditos minutos de… “Correria”. Provavelmente a colaboração mais inesperada do ano: quando um dos maiores DJ da música de dança made in Portugal se junta ao maior Kid da música da street made in Chelas, o resultado não podia ser menos do que uma das melhores canções de 2024, um hit orelhudo instantâneo, para dias atarefados e noites non-stop.
No quinto lugar, está — pois claro — outra colaboração. A melhor colaboração do ano. João Maia Ferreira largou o alter ego Benji Price e lançou-se “com a cara às claras” ao lado de Conan Osiris. E, logo ao primeiro single do primeiro álbum em nome próprio, o músico e produtor garantiu o lugar entre as primeiras do ano: se o lobo um dia comer a lua, será com esta salada mista de pop, hip hop, house, synthwave e nem precisa de ter o nome na entrada…
A partir daqui, nos quatro primeiros lugares, encontramos canções assinadas a um só nome. Mas nem todas cantadas a uma só voz. A exceção é esta: a melhor canção de uma banda portuguesa em 2024 chegou embrulhada em “Papel de Jornal”, a anunciar novo disco dos lisboetas Ganso. Com uma letra que a banda descreve como uma “espécie de ego trip tipo hip hop” que não segue “regras de escrita livre”, esta é uma canção cheia de cagança, mas com pujança para dar e vender. Sorte a nossa.
Ao pódio, sobem só artistas a solo, e as mulheres estão em maioria. Uma delas é a ex–Pega Monstro que assina a terceira melhor canção nacional do ano — e, provavelmente, a mais niilista de todas: “Estagnação” é canção de “melancolia resignada”, mas sonhadora, que diz que não gosta de nada e quer ser infeliz, mas que nos prende com o seu ritmo carregado, visceral, hipnótico. Depois de nos ter deixado com o “Benefício da Dúvida”, Maria Reis assume o seu lugar debaixo do holofote, com o primeiro single do seu Suspiro primaveril.
A segunda melhor canção portuguesa que ouvimos este ano por aqui é o penúltimo dos muitos singles que uma das vozes mais originais da nova música portuguesa foi lançando ao longo dos últimos dois anos. Anda por aí desde 2021 — apareceu sorrateira e foi ganhando bravura, sempre a ameaçar dar o salto mais alto. E deu-o finalmente neste ano: ao primeiro álbum, lançou-se para fora do seu quadrado e conquistou o mundo. Sem exageros, dado que passou o ano lá por fora a mostrar a sua mistura de tradição lusa e qualquer coisa de modernidade. E, lá por dentro (do disco), estava o hino hipocondríaco do ano. Uma canção para ouvir só depois de lavar as mãos, com medo do bicho, “não toques aqui, não toques ali” — e, com tanta coisa, tanto tocou por aqui, que nos contagiou a todos. Felizmente, não há vacina para esta virose.
A melhor canção nacional de 2024 é mais um regresso ao passado — mas não, não é nem uma versão, nem o retorno de um velho músico, nem uma colaboração com gente de outra geração. Nada disso. É uma canção nova, que traz o passado para um presente que ainda não é futuro, mas quer lá chegar. Nesta espécie de retrofuturismo feito canção, o mais eloquente trovador da nova música portuguesa lança a pergunta: quando é que chega o ano 2000? Quando é que chega o futuro? E não será o ano dos 50 anos do 25 de Abril a melhor altura para reclamar esse futuro que tarda em chegar?
É isso que Samuel Úria canta em “2000 A.D.”, a nossa canção nacional de 2000… e 24.