Lua Cheia é um belo título. Seria um belo título por si só, mas, neste caso, enquanto avançamos pelas histórias (e nós gostamos muito de histórias bem contadas, certo, Quim?), enquanto estas canções de pop eletrónica bem medida avançam na sua luz lânguida (e nós gostamos de pop bem medida, isso é evidente), escolher Lua Cheia para batizar este conjunto de músicas parece ainda mais feliz.
Isto é trabalho Cafetra, é trabalho de Leonardo Bindilatti (é ele que cuida do som) e de Lourenço Crespo (é ele que, como no disco a solo, assegura a veia de cantautor para novos tempos), e nota-se. Nota-se na narração viva de curtos episódios da vida de todos os dias, nota-se no prazer em trazer para as canções melodias arrancadas lá de muito longe no tempo, sem fazer espetáculo disso. E nota-se na forma como, em Lua Cheia, se combina batida barata da boa, eletrónica canção, festa popular à vontade em clube cosmopolita. É o segundo álbum dos Iguanas, mas é verdadeiramente o início da história deles. A luz ilumina, e vemo-los claramente. Belo brilho, o desta lua, não é, Quim? É isso. Deixemo-nos de conversas. Há canções que querem falar connosco, e falam muito bem. A palavra aos Iguanas.
Mário Lopes é jornalista e crítico musical no Público e fala com Quim Albergaria todas as semanas na Antena 3, em O Disco Disse.