A música, os efeitos, o show invadem o ecrã, mas a apatia prevalece. Este é um (de diversos) detalhe(s) do retrato do séc. XXI, no último filme de Brady Corbet: Vox Lux. Uma história marcada por quatro atos (Preface – 1999, Genesis – 2000-2001, Regenesis – 2017, Finale) que nos mostra alguns capítulos da vida de uma estrela pop que ascende ao topo após ser vítima de um tiroteio numa escola. Uma vítima da cultura que se transforma numa criadora de cultura; uma jovem moldada pela sociedade que a molda em retorno.
Um filme com uma narrativa e um formato que quebram com as premissas do melodrama. Esta nossa base de expectativas, que já não surte qualquer efeito nos indivíduos, é apagada: numa sociedade em que a imensidão de informação e de imagens cria, em todos nós, uma falta de fé, um niilismo — em que, como nos diz Corbet, “já nada importa” —, levantam-se a necessidade e a urgência por novos formatos, novas expectativas, novas histórias. Este é um primeiro passo nesse sentido. Este é o filme-ensaio-retrato do — nada e do tudo do — séc. XXI, de Brady Corbet.
A Teresa Vieira falou com o realizador sobre este seu último trabalho, que terá a sua estreia comercial em Portugal com o apoio da Antena 3, no contexto da antestreia do filme no LEFFEST.