São um dos grupos portugueses com maior culto e também um dos mais insólitos na sua natureza. Os Orelha Negra confiam na força dos instrumentais, ou nas canções sem letra, para fazer passar a sua mensagem nos álbuns (embora as mixtapes costumem ter vocalistas convidados), mas, se há economia de texto na sua música, não faltará conversa na sua residência na Antena 3, em Abril e Maio. Orelha no Ar é o nome escolhido para um programa semanal de 2 horas que promete não ter regras mas no qual os 5 elementos (e eventuais convidados) darão largas aos seus gostos musicais, e não só.
Dj Cruzfader, Francisco Rebelo, Fred Pinto Ferreira, João Gomes e Sam the Kid, os homens por detrás de Orelha Negra desde 2010, confessam a sua ligação à radio, mais como ouvintes do que como autores, muito embora alguns (nomeadamente Cruzfader) tenham experiência radiofónica. Reconhecem o papel fundamental da rádio na sua educação musical e citam vários momentos marcantes: João Vaz a passar hip hop no CMR, Repto de José Mariño a educar Mc’s e produtores, Discoteca, de Adelino Gonçalves a passar funk, disco e pop, Rolls Rock e Som da frente de António Sérgio a divulgar os sons mais alternativos, Portugália de Henrique Amaro a abrir horizontes à produção nacionall…a musica sempre como farol, mas Fred, por exemplo também confessa gostar de ouvir notícias e relatos na rádio.
A diversidade de gosto e referências que fazem dos Orelha Negra um projecto bandeira da nova música feita em Portugal, estende-se a Orelha no Ar, um programa que no fundo representa o regresso de um podcast que teve vida irregular mas foi religiosamente seguido pelos fãs e mostrou, sem filtro, a “intimidade” dos Orelha Negra enquanto banda.
Entre coisas novas e antigas, actualidades e polémicas, improviso e ordem, os Orelha Negra prometem liberdade, caos, conversa e música. Com um disco novo a sair e as expectativas bem lá em cima, a Antena 3 confia e dá-lhes Carta Branca.