Já foi conhecido como Lil’John e J.Wow, hoje todos lhe chamam Branko. João Barbosa, membro fundador de Buraka Som Sistema e um dos nomes mais proeminentes da cena eletrónica atual, é um produtor com raízes no drum’n’bass (foi membro da Cooltrain Crew) que se interessou por broken beat e future jazz e acabou por ser protagonista de uma revolução que teve expressão em Portugal através da apropriação do kuduro e outros ritmos africanos, mas também fez eco de um movimento mundial a que inicialmente se chamou global ghettotech, depois global bass e hoje nem precisa de nome: a reinvenção de elementos mais ou menos étnicos pela via eletrónica. Baile funk no Brasil, tribal guarechero no México, cumbia eletrónica na Colômbia, batida e kuduro em Angola… O efeito de multiplicação e contaminação destas fusões rítmicas foi tal que hoje já não faz sentido falar em geografias físicas ou sociais, a cena é de facto global e tem cada vez menos a ver com ghettos.
Atlas, o primeiro álbum a solo de Branko, saído logo após o anúncio de pausa para reflexão dos Buraka, traduz essa dimensão transfronteiriça da música, um caldeirão de influências em permanente efervescência que alimenta alguma da força mais vital da eletrónica de agora. O disco foi gravado em Amesterdão, São Paulo, Cidade do Cabo, Nova Iorque e Lisboa e registou o pulsar criativo de músicos de várias escolas e géneros. Parte dessas experiências vão certamente passar por Club Atlas, a residência de Branko na Antena 3 – um GPS no mapa da dança eltrónica global.
A primeira vez que entraste num clube? Onde? Quando?
Foi numa matiné numa discoteca ao pé do Rato que não me lembro do nome. era o aniversário da minha irmã, ela já estava mais a atirar para o adolescente eu ainda era um puto estúpido que achava que dançava break dance.
Qual o local/cidade/país onde a party é mais hard?
Em termos de energia tocar na Bélgica às 4 da tarde num festival corresponde ás 4 da manhã em grande parte dos outros países. A dedicação das pessoas às actuações é brutal!
És mais animal de palco ou rato de estúdio?
Animal de estúdio. Adoro tocar, principalmente passar musica, mas comecei no estúdio e vou morrer no estúdio.
Em que circunstâncias desligas (d)a música?
Nas reuniões de pais na escola da minha filha. Mas nem aí o meu attention span dura mais de 5 minutos. Assim que começam a falar sobre se os bolos de aniversário podem ter creme ou não lá vou eu.
Qual o plano/conceito para o Club Atlas?
A ideia é o Club Atlas ser uma espécie de epicentro do que de mais inovador se faz em termos de musica eletrónica global, mais ou menos recente, da África do Sul ao México passando claro por Portugal. A prioridade será tocar música dos 4 cantos do mundo e apresentar direcções musicais menos óbvias.