O tempo passa tão rápido que nem damos por ela. Num momento os Arcade Fire são a banda que está a tocar os corações e a canalizar o espírito de uma geração com música catártica e coros épicos para cantar em comunidade, no seguinte os coros épicos para cantar em comunidade são um cliché copiado por sabemos lá quantas bandas, no momento a seguir a esse os Arcade Fire são banda de estádio e andam todos dançarinos a cantar, com um sorriso cínico que não lhes conhecíamos, esta sofreguidão contemporânea por sorrir nas redes sociais e querer tudo aqui, agora, já. É que passa tudo mesmo rápido, Quim — e aviso-te desde já que para a semana o tempo vai mudar, que estou a sentir umas dores nas articulações que não enganam.
Os Arcade Fire, então, em 2017. Everything Now é o disco, o quinto de uma discografia iniciada em 2004 com o obrigatório Funeral. Eles abanam a anca, fazem citações enviesadas aos ABBA, deixam espaço para alguma melancolia e olham em volta para nos dizerem o que vêem. Nós olhamos com eles para ver onde isto vai parar. Concentremo-nos e sigamos com os rapazes e raparigas, que parece que isto que é o tempo não pára.
Mário Lopes é jornalista e crítico musical no Público e fala com Quim Albergaria todas as semanas na Antena 3, em O Disco Disse.