Chegou a hora de fazer contas ao ano… A Antena 3 revela os 30 melhores discos nacionais de 2015!
A equipa da Antena 3 elegeu os álbuns mais representativos do ano, os que mais impressionaram e surpreenderam, os que revelaram artistas ou confirmaram estrelas… No fundo, os discos que mais marcaram 2015. Até 14 de Dezembro, depois das quatro da tarde, Isilda Sanches revela 5 álbuns por dia, começando pelo final da tabela.
Podes também conhecer as listas pessoais de toda a equipa da Antena 3.
30: Moonspell – Exctint
É com a mais internacional das bandas de metal portuguesas, que se constroem os alicerces da lista dos 30 discos
mais votados pela Antena 3, editados em 2015. Extinct dos Moonspell é prova de que o sucesso da banda de Fernando Ribeiro não só se faz além-fronteiras, com consecutivas digressões internacionais, como continua também a saber conquistar o culto do público nacional, que acompanha os Moonspell há mais de 20 anos. Extinct é mais um álbum conceptual na discografia da banda da Amadora. Fala sobre a extinção, como uma coisa que faz parte da vida. Um conceito que se tem desenhado bem distante da realidade dos Moonspell enquanto banda, se tivermos em conta que Extinct é já o 10.º álbum de estúdio do grupo de Fernando Ribeiro. Em 2015, o disco dos Moonspell foi editado em conjunto com um DVD que retrata a vida da banda em estúdio. Para a equipa da Antena 3, Extinct merece o 30.º lugar de honra.
29: GNR – Caixa Negra
Foi com um regresso aos tempos antigos dos GNR, que Toli César Machado, Jorge Romão e Rui Reininho voltaram aos originais este ano. Caixa Negra marca um ponto de viragem na carreira de mais de trinta anos do Grupo Novo Rock, que em 2015 apresenta um álbum produzido por Mário Barreiros, onde se pretende recuperar o som original dos GNR: uma sonoridade mais limpa e com menos instrumentos, mas com as marcas da banda na bateria e nas guitarras. “Caixa Negra” chega ao mercado através da própria editora dos GNR, a Indiefada. Um passo dado pelos GNR no sentido de contornar o descontentamento face a um mercado com o qual, a dada altura, deixaram de se identificar. De olhos postos no futuro, e de volta em força aos discos e aos palcos, é em 29.º lugar, que os GNR surgem em 2015, na lista dos melhores discos nacionais da Antena 3.
28: David Fonseca – Futuro Eu
Depois de Seasons, editado em 2012, David Fonseca apresenta também um novo capítulo no seu percurso musical. Sempre atento à realidade que o rodeia e a par do mundo em que se insere em 2015, David Fonseca fechou-se numa sala da ETIC e simulou um reality show, onde o mundo o pôde observar durante 24 horas através da internet, no dia em que editou o álbum Futuro Eu. Um disco totalmente cantado em português, onde a voz assume uma preponderância evidente, talvez fruto de um maior cuidado, até inconsciente, com as palavras que agora batem mais forte porque se entoam na língua materna. Diz David Fonseca, que talvez até seja um disco emocionalmente político, que conta uma história na esperança de encontrar os seus pares de aventura no outro lado da linha.
27: Modernos – #2
Descendentes do quinteto de Lisboa Capitão Fausto, os Modernos são Manuel Palha, Salvador Seabra e Tomás Wallenstein. Apresentaram-se no ano passado com o EP de estreia, e em 2015 regressaram com #2. Uma das apostas nacionais do ano da Antena 3, que valeu aos Modernos um 27.º lugar, na hora de eleger os 30 melhores discos nacionais de 2015. Um projeto que se revela mais rock do que psicadélico, quando comparado com a banda mãe. #2 põe os Modernos em primeiro plano no campeonato da nova música nacional, com uma sonoridade que prima pela simplicidade e descontração, e que se infiltra nos ouvidos mais incautos pela sinceridade rock n’ roll que emana, longe de grandes produções e complicações. A música “Dia de Sol” ilustra tudo isso.
26: Os Capitães da Areia – A Viagem dos Capitães da Areia a bordo do Apolo 70
O disco simboliza uma viagem que começa no Centro Comercial Apolo 70, para os lados do Campo Pequeno, em Lisboa, que se transforma em Espaço-Nave, e leva Pedro de Tróia, Tiago Brito, António Moura, Inês Franco e Vasco Ramalho, numa viagem intergaláctica, pautada por encontros cósmicos com alguns artistas portugueses. José Cid, Rui Pregal da Cunha, Capitão Fausto, Tiago Bettencourt e Bruno Aleixo são alguns dos nomes que se cruzam com os Capitães da Areia nesta viagem de 31 faixas de crítica à sociedade portuguesa. A Bordo do Apolo 70 pode bem ser uma utopia do tamanho da via láctea, do universo dos Capitães da Areia. Não deixa, no entanto, de ser realidade, o 26.º lugar que a banda conquistou na tabela dos 25 melhores discos de 2015, eleitos pela Antena 3.
Especial Melhores Discos Nacionais 2015 (Episódio 1)
25: Tape Junk – Tape Junk
O segundo disco dos Tape Junk surge em 26.º lugar na lista dos discos mais ouvidos pela Antena 3 em 2015. É com uma linguagem simples e intensa, que João Correia tanto escreve canções sobre histórias comuns, como sobre episódios caricatos ou simples romances. Neste projeto descendente direto dos Julie & the Carjackers, o rock é palavra de ordem, posta em prática em conjunto por João Correia, Frankie Chavez, Nuno Lucas e António Vasconcelos Dias. São uma banda de palco. Depois de um ano recheado de concertos em festivais de norte a sul do país, os Tape Junk encerraram com chave de ouro a época de concertos 2015 com um concerto especial no CCBeat, onde tocaram o segundo álbum na íntegra. Um disco que resulta da interação direta entre todos os elementos da banda, e que a Antena 3 elege como um dos álbuns nacionais de 2015.
24: The Walks – Fool’s gold
Estrearam-se no ano passado com EP R e logo deixaram antever um futuro interessante dentro do panorama da nova música nacional. Os The Walks, regressaram aos discos com nova formação e novo trabalho de originais em 2015. Fool’s Gold teve honras de pré-escuta na Antena 3 uma semana antes do lançamento oficial. O álbum de estreia dos The Walks mostra uma sonoridade musculada a nível instrumental, apoiando-se no clássico trio guitarra, bateria e baixo, sob a batuta de uma voz suja e despojada, que é cada vez mais a imagem de marca da banda. Fool’s Gold é um disco de canções que se infiltram em crescendo, feitas de uma sonoridade cada vez mais consistente, que são sinónimo de uma banda rock e enérgica em ascensão, livre de segundas intenções e pretensiosismos.
23: Tara Perdida – Luto
Luto é o álbum que a banda punk portuguesa editou este ano em homenagem ao líder e antigo vocalista João Ribas, que morreu em março do ano passado. A celebrar 20 anos de existência, os Tara Perdida regressaram em 2015 com o novo vocalista Tiago Afonso (ex-Easyway) e novo baixista. Nuno Espírito Santo saiu, e entrou Alexandre Morais. O punk rock de sempre continua lá, adaptado aos tempos que correm, e o álbum que destas transformações resultou deve ser entendido como um álbum de luto, mas do verbo lutar. A mensagem dos Tara Perdida é positiva e motivadora, e este novo disco marca o renascimento da banda de sempre de João Ribas.
22: Carlão – Quarenta
Depois do fim dos Da Weasel, da crueza dos Dias de Raiva, da suavidade dura do Algodão e da fundação dos 5:30 com Regula e Fred Ferreira, a saudade das rimas voltou a assaltar Carlão em 2015. O regresso a solo fez-se em força com o single “Os Tais”, primeira amostra do álbum que vem assinalar as 40 primaveras de Carlão e que recupera a linguagem hip hop que o MC explorou com os Da Weasel durante quase 20 anos. O hip hop é o fio condutor de Quarenta, desde a spoken word ao hip hop puro e duro passando pelo lado mais pop da especialidade. No entanto, este novo trabalho de Carlão não deixa de refletir todo o ecletismo de influências do músico. Colaboram neste trabalho músicos de quadrantes tão diferentes como Branko, Fred, Glue e Agir, e entre os vocalistas convidados surgem Sara Tavares, Dino Santiago e Regula. Está lá toda esta diversidade, que poderá fazer de Quarenta, mais do que um disco de retrospetiva da vida de Carlão, e usando a expressão que o próprio emprega na faixa “Comité Central”, um disco “muito certo para mitra, muito chunga para beto”.
21: Isaura – Serendipity
Isaura estreou-se no final do passado com o single “Useless”, e um ano depois, já com o EP Serendipity editado, é um dos nomes mais votados pela equipa da Antena 3, para os melhores do ano. Isaura deu nas vistas com o single “Change It”, e com a mesma tranquilidade com que canta esta canção sobre os valores do mundo, tornou-se num dos nomes mais interessantes a seguir na nova música nacional em 2015. “Serendipity” conta com produção de Cut Slack, Raez e Ben Monteiro. O nome do disco pretende traduzir o que nele se dá a ouvir, e remete para a ideia de acaso, dentro de uma constelação brilhante e bem delineada. Serendipity de Isaura é tudo isso. Brilhante e bem delineado.
Especial Melhores Discos Nacionais 2015 (Episódio 2)
20: We Trust – Everyday Heroes
O segundo disco da banda de André Tentúgal chegou numa altura em que todos tínhamos ainda na cabeça as canções do disco de estreia, These New Countries, embora já quatro anos se tivessem passado desde a sua edição. No novo Everyday Heroes surge, no entanto, uma voz coletiva, que dá a palavra a canções incisivas, cativantes e otimistas, que se entranham e nos arrastam corrente fora pelo trilho pop dos We Trust. Cantamo-las em voz alta sem dar por isso, e quando damos conta, estamos perante mais um disco feito de singles, que apesar da sonoridade descontraída e ritmada, tem na base mensagens sociais e políticas. O objetivo é que se cantem em uníssono. Everyday Heroes é um álbum situado em 2015. Retrata tempos de incerteza no futuro e de grandes mudanças a nível global. Os heróis de que fala André Tentúgal, somos todos nós.
19: Dj Ride – From Scratch
DJ Ride é considerado por muitos o melhor DJ da atualidade em Portugal. É campeão do mundo de scratch e detentor de mais de uma mão cheia de títulos a nível nacional. Tem levado tudo à frente em campeonatos do mundo da especialidade, quer seja a solo, ou acompanhado por Stereoussauro, com quem dá forma aos Beatbombers. Este ano representou Portugal no Japão, onde chegou à final do mundial ThreeStyle. From Scratch é o quarto longa-duração de DJ Ride e representa bem todo o trabalho que o DJ/produtor das Caldas da Rainha tem vindo a desenvolver há mais de dez anos. Brilha pela destreza instrumental, que cruza melodias com teclados do outro mundo, batidas e riffs que já lhe reconhecemos por direito, porque nos soam logo a DJ Ride. Uma identidade, que se mistura no entanto com tantas outras. From Scratch é em grande parte um trabalho feito de colaborações, com muitas vozes distintas a traduzir por palavras o que Ride tão bem expressa em sons. Capicua canta “Fumo Denso” – o single de apresentação do álbum From Scratch.
18: Allen Halloween – Híbrido
O hip hop soma e segue na contagem dos melhores discos nacionais de 2015 da Antena 3. Allen Halloween, que nos anos 90 incendiou a cena undergound com palavras ríspidas e certeiras, está em 18.º lugar com o terceiro e novo disco, Híbrido. Reflexo do minucioso olhar do rapper de Odivelas sobre a realidade, é um disco que espelha o mundo atual em palavras e que denuncia a vida de bairro sem subterfúgios, em retratos reais, narrados em voz grave, rouca e assertiva. Um dos produtores mais ousados do rap nacional, Allen Halloween é visceral na prosa, pausada, como quem conta histórias do submundo, que na verdade estão à vista de todos, exceto de quem não as quer ver. Halloween desperta-nos para a vida que deixamos passar ao lado, com palavras por vezes cruéis, mas que o não são mais do que a própria realidade o é. Cruel. Híbrido pretende apenas refletir o que observam os olhos de Allen Halloween: o país, o bairro, o racismo, a violência, a injustiça. O Mundo.
17: Mazgani – Lifeboat
Mazgani é o senhor que se segue no campeonato nacional dos melhores discos do ano para a Antena 3. No disco Lifeboat, o músico luso-iraniano Sharyar Mazgani apodera-se de vinte canções de outros autores. O cantor conta a sua versão das histórias de outros músicos, agora revistas pela sua voz e à luz da memória emocional que cada uma lhe transmite. A essência de Lifeboat reside num ato de coragem de Mazgani: refazer canções com a consciência de que nunca viriam a ser melhores do que as originais. Canções de vultos como Elvis, Otis Reding, PJ Harvey e Leonard Cohen. E o barco salva-vidas é uma referência direta a essas canções, ao amor e à arte, como salvadores dos sarilhos em que a vida nos emaranha.
16: Branko – Atlas
Fundador dos Buraka Som Sistema e um dos convidados-pioneiros do programa “Carta Branca”, da Antena 3, o músico e produtor português viajou por cinco cidades em busca de uma nova sonoridade dentro do mapa musical da eletrónica urbana, para criar aquele que é o álbum de estreia de Branko. A inspiração de Atlas vem de Amesterdão, São Paulo, Nova Iorque, Cidade do Cabo e Lisboa, e ainda das gravações com mais de vinte artistas, provenientes de várias coordenadas geográficas e com diversas bases culturais e musicais. Toda essa diversidade e originalidade na música de Branko, valeu a Atlas um 16.º lugar entre os 30 discos de 2015 mais votados pela Antena 3.
Especial Melhores Discos Nacionais 2015 (Episódio 3)
15: Savanna – Dreams to Be Awake
Quando editaram o primeiro EP, em 2012, os Savanna estavam longe de imaginar o que lhes reservaria o futuro no mundo da música em Portugal. Muito menos que em 2015, já com o álbum de estreia editado, fariam parte da lista dos 30 melhores discos nacionais, eleitos pela Antena 3. Dreams to Be Awake tornou as coisas sérias para os Savanna. O futuro já não está em branco e o desejo é viver da música, mesmo que tal possa soar a sonho. O primeiro longa-duração da banda que se divide entre Lisboa e Viseu, é todo ele um desfilar de sonhos psicadélicos, estremunhados às vezes por ruídos vindos de parte incerta, e depois apaziguados por melodias e sintetizadores reconfortantes. Tudo ligado por harmonias vocais, que situam os Savanna numa sonoridade fresca e sem fronteiras estanques, mas que nos atira para das décadas de 60 e 70 com uma leveza que nos conquista sem reservas. No meio é que está a virtude e os Savanna estão em 15.º lugar.
14: Thunder and Co – Nociceptor
A música de dança também dá cartas entre os 30 melhores discos de 2015, para os ouvidos da Antena 3, com os Thunder & Co. Nociceptor, o álbum de estreia da banda de Rodrigo Gomes e Sebastião Teixeira, é um disco carregado de dor e inseguranças. Não pela dúvida de que o resultado final tenha ficado aquém do que era esperado dos Thunder & Co neste álbum de estreia, mas antes pelo sofrimento e por todas as emoções dolorosas que lhes saem da pele no momento da composição. O nome Nociceptor é, aliás, uma referência direta a essas dores de crescimento. Os nociceptores são os recetores sensoriais do corpo, que nos dão a perceção da dor. Mas, para quem ouve este primeiro longa-duração dos Thunder & Co, a perceção é outra. Os ambientes tensos e sombrios criados pelo produtor Duarte Ornelas estão lá, é verdade, mas as batidas balançantes e o ritmo marcado da bateria de Ivo Costa, aligeiram o espírito e equilibram as emoções.
13: Balla – Arqueologia
Arqueologia é o sexto álbum de originais editado pelos Balla, desde 2000. O nome do disco dá o mote para o trabalho de exploração, que já conhecemos dos anteriores trabalhos de Armando Teixeira, quer seja como Balla, ou como Bullet. Em 2015, como Balla, o músico explora em “Arqueologia” a memória das pessoas, das canções e das máquinas. Vai escavando faixa a faixa com recurso a sintetizadores, processadores de efeitos e mesas de mistura, conseguindo extrair das máquinas canções pop feitas de amor, raiva, mentira, ilusão e desilusão. São 13 canções agrupadas numa embalagem que denota todo o cuidado de Armando Teixeira com a estética e a apresentação. A capa é de Paulo Brás e Cristiana Couceiro. E lá dentro, a acompanhar o disco, um livrete de 60 páginas, feito de colagens que traduzem em imagens a matéria das canções, que fluem em Arqueologia.
12: Márcia – Quarto Crescente
Quarto Crescente é um disco que, apesar de denso e confessional, consegue sentir-se mais expansivo do que o anterior Casulo. Resultado talvez da influência das sonoridades brasileiras, que aqui surgem, por mão da produção de Dadi Carvalho e de momentos como o dueto com Criolo, “Linha de Ferro”, e da cadência tropicalista de “Bem Amargo”. As canções de Márcia redescobrem-se a cada audição e contagiam-nos num crescendo, que se expande à medida que o interiorizamos. A inquietação está lá, tal como a catarse que a música pode exercer. Mas canta-se com leveza e com a tranquilidade própria de quem sabe que está no caminho certo.
11: Cave Story – Spider’s Tracks
Seguimos em direção às Caldas da Rainha. Para os Cave Story tudo começou no ano passado, quando lançaram o single “Richman”, um tributo a Jonathan Richman, vocalista do grupo The Modern Lovers, e gravaram uma versão do tema “Helicopter Spies” dos britânicos Swell Maps. O passo para o EP de estreia foi dado no início deste ano. Em Spider Tracks, os Cave Story conseguem, em pouco mais de 20 minutos, promover um ameno convívio entre pós punk, psicadelismo, violinos e melodias doces. A produção é caseira, despojada de luxos e artefactos, o que acaba por conferir à sonoridade final um toque de verdadeiro rock n’ roll.
Especial Melhores Discos Nacionais 2015 (Episódio 4)
10: Basset Hounds – Basset Hounds
Desde o momento em que decidiram pegar nos instrumentos lá de casa e formar uma banda, até terem editado os dois singles que antecederam o primeiro longa-duração, aconteceu tudo muito rápido para os Basset Hounds. Ao longo de 2015, a banda de Afonso Homem de Matos, António Vieira, José Martins e Miguel Nunes, lançou os singles “Over the Eyes” – que integrou a coletânea Novos Talentos Fnac – e “Swallow Bliss”. Estava dado o alerta para a sonoridade que viria a marcar o álbum de estreia homónimo, que faz parte da lista dos melhores discos nacionais do ano para a Antena 3. Nas palavras dos próprios Basset Hounds, é um disco feito de “guitarras aéreas, vozes dissipadas, baixos terrenos e bateria métricas”. No essencial, há uma linguagem própria que propicia o diálogo entre o shoegaze e o psicadelismo. Uma fórmula despreocupada, que valeu aos Basset Hounds, um 10.º lugar.
9: Mirror People – Voyager
Voyager é o álbum de estreia do projeto Mirror People. Depois de ter representado a herança pós-punk, enquanto elemento fundador dos X-Wife, e de ter sido embaixador da guitarra e da bateria, Rui Maia deixou-se levar pelos sintetizadores e pelo disco sound, e passou apresentar-se como Mirror People. Editou maxis em editoras influentes na Alemanha, Inglaterra e, claro, em Portugal, e angariou remisturas de nomes firmados no universo da música eletrónica. O respeito dos pares foi conquistado a par e passo, tanto a nível nacional como internacional, fruto de um trabalho intocável, de quem não deixa dúvidas de que sabe compor para a pista de dança, aliando o toque da pop ao ingrediente secreto que obriga até os mais céticos a tirar os pés do chão. “I Need Your Love” é um bom exemplo.
8: They’re Heading West – They’re Heading West
O grupo decidiu há uns anos juntar-se para fazer concertos, com o objetivo de arranjar dinheiro para viajar até aos Estados Unidos. Os They’re Heading West são Francisca Cortesão, Mariana Ricardo, João Correia e Sérgio Nascimentos. Têm todos outros projetos, e para se obrigarem a ensaiar regularmente, começaram a tocar mensalmente na Casa Independente, em Lisboa, sempre com convidados. É destes trinta concertos que nasce o álbum de estreia dos They’re Heading West. O disco constrói-se com quatro vozes, ukelele, minibateria, guitarra e baixo, para – como diz a banda – caber tudo tranquilamente na mala de qualquer carro”. They’re Heading West, o álbum, é feito de versões de músicas da própria banda e de canções dos artistas convidados dos concertos em Lisboa. Alguns deles também tocam no disco: Capicua, Samuel Úria, Ana Bacalhau, Frankie Chavez, entre outros.
7: PZ – Mensagens da Nave Mãe
É no Porto que encontramos PZ, que surge agora entre os melhores discos nacionais do ano escolhidos pela Antena 3. Desde que editou o primeiro álbum, Anticorpos, que Paulo Zé Pimenta tem vindo a surpreender tudo e todos com canções que primam pelo sentido de humor. “Croquetes” e “Cara de Chewbacca” são dois exemplos que bem retratam as letras desconcertantes, feitas de non-sense e ironia, que já nos habituámos a esperar de PZ. No mais recente longa-duração, Mensagens da Nave-Mãe, editado este ano, o imaginário de PZ conta-se sobre uma base electrónica, tocada e programada pelo próprio, onde os ritmos vão do hip hop ao techno, entre sintetizadores e beats dançáveis. As palavras, mais do que cantadas, são conversadas. E PZ entoa-as de uma forma tão singular e autêntica, que à partida parecem saídas do subconsciente do músico, e apenas por ele compreendidas, acabando no fim por se entranhar nos ouvidos mais desprevenidos.
6: The Glockenwise – Heat
The Glockenwise editaram este o ano o terceiro álbum de originais. Heat é o álbum mais pessoal da banda de Barcelos, o que leva também a que seja, segundo a própria banda, um disco mais triste e desiludido, e ao mesmo tempo, o trabalho mais interessante que os Glockenwise já criaram. Nuno Rodrigues, Cristiano Veloso, Rafael Ferreira e Rui Fiusa entraram na sala de ensaios, com o mesmo material de sempre, e tocaram o que tiveram vontade. O resultado final, comprova a crescente maturidade da banda, que alia ao garage rock, elementos mais negros, alternando entre o shoegaze e as cadências pós-punk. Nesta lista dos 30 melhores discos nacionais do ano, escolhidos pela Antena 3, os Glockenwise ocupam um 6º lugar, tão arrebatador, quanto o rock que fazem.
Especial Melhores Discos Nacionais 2015 (Episódio 5)
5. Capicua – Medusa
Um disco de remisturas de músicas do anterior Sereia Louca e que trouxe também dois inéditos: “Medusa”, com Valete e excertos de poemas ditos por Sophia de Mello Breyner, e “Egotríptico”, com M7 e DJ Ride. É um álbum coletivo, de remisturas feitas por várias tribos, que para celebrar um ano de vida de Sereia Louca, reinventaram os temas desse álbum de uma forma mais elétrica e mais dançável, mas dentro do mesmo universo aquático. Entre os convidados de Capicua, contam-se por exemplo Sam the Kid, Octa Push, White Haus e DJ Marfox. E apesar de este ser um disco de remisturas, podemos através dele antever por onde poderá passar o futuro de Capicua. O single “Medusa” representa aquilo que esteticamente a rapper do Porto quer fazer a seguir: uma escrita com mais silêncios, entre o rap e a spoken word.
4. Da Chick – Chick to Chick
A cantora que depois de ter dado nas vistas em palco, ou como convidada de projetos como a Discotexas Band e os peixe:avião, aventurou-se em disco com o EP Curly Mess. Singles como “Cocktail” e “Lotta Love” pediam com urgência um álbum propriamente dito de Da Chick. A hora chegou em 2015. Chick to Chick conta uma história onde a soul, o funk e o electro são protagonistas e Nova Iorque poderá bem ser o cenário. O hip hop também anda à espreita. Todos juntos, ganham claramente vantagem ao lado mais introspetivo da cantora de Lisboa, que, no entanto, também tem momentos de destaque em Chick to Chick. Os ritmos que nos agitam e os jogos que Da Chick faz com a voz, devolvem-nos aos anos 70 e 80 e é essa a imagem de marca da voz que em 2009 deixou de ser conhecida por Teresa de Sousa e passou a responder por Da Chick.
3. Benjamim – Auto-Rádio
É com uma volta a Portugal que entramos no pódio dos melhores discos nacionais de 2015, eleitos pela Antena 3. O álbum Auto Rádio, que marca a estreia de Benjamim, é um trabalho feito de viagens pelo país, cantado em português, e pautado pela busca de identidade, que Luís Lunes, antes Walter Benjamin, parecia ter deixado adormecer durante os quatro anos que viveu em Londres, em Inglaterra. De regresso ao Alentejo em 2013, Benjamim compôs Auto Rádio. Um disco de viagens, feito de canções arejadas e com o efeito surpresa entre elas, que assalta por norma quem desliza por intermináveis quilómetros de estrada com o rádio ligado. A canção seguinte faz-nos sempre ficar para ouvir a próxima. As viagens passaram do disco à estrada e, em 2015, Benjamim deu 33 concertos em 33 dias consecutivos, pelo país, a bordo de uma Volkswagen Golf de ’96, sempre com a Antena 3 a acompanhar. O Alentejo foi o ponto de partida e a meta foi cortada em Ílhavo. Para terminar a grande viagem que foi 2015 para Benjamim, Auto Rádio é o 3º melhor disco nacional do ano, aos ouvidos da Antena 3.
2. Best Youth – Highway Moon
Os Best Youth editaram finalmente em 2015 o tão esperado álbum de estreia, Highway Moon. Ed Rocha Gonçalves e Catarina Salinas chegaram até aqui, passo a passo, depois de várias fases de trabalho conjunto: o EP Winterlies, muitos concertos e uma digressão conjunta com We Trust – projeto batizado de There Must Be a Place. Os Best Youth vêem em Highway Moon um trabalho que “explora uma vulnerabilidade de cadência eletrónica, que reflete não só desejo, mas também uma mudança”. Um álbum que, apesar de todo o cuidado instrumental, que navega entre a eletrónica, as guitarras e o indie pop, tem como estandarte a voz doce de Catarina Salinas. É ao ritmo da voz da metade feminina dos Best Youth, que se desenrola Highway Moon. Ora de forma mais contemplativa, ora de forma mais ritmada.
1. Moullinex – Elsewhere
Elsewhere de Moullinex é o disco do ano para a equipa da Antena 3. O sucessor de Flora foi composto numa semana, e chama-se Elsewhere, porque nos remete precisamente para um lugar diferente do que foi apresentado no trabalho anterior. Sem convidados a secundar o trabalho de Luís Clara Gomes, este é um álbum mais pessoal e, portanto, mais livre, e ao mesmo tempo, orientado para as canções. Sejam rock, sejam soul, sejam eletrónicas mais ou menos dançáveis. O resultado foi fluindo, mais a sabor da liberdade e das influências, do que da pressão de ser um dos maiores impulsionadores da eletrónica em Portugal, na atualidade. Tudo começou para Moullinex com um trocadilho com a eletrónica francesa, pela influência do house francês na altura. Em 2015, é um nome incontornável no panorama da eletrónica nacional. Ao contrário da máquina 123, é o momento de dizermos 3… 2…1… Moullinex ocupa o 1º lugar da lista dos 30 melhores discos de 2015, escolhidos pela Antena 3.
Especial Melhores Discos Nacionais 2015 (Episódio 6)