Não é preciso virar o mundo ao contrário para perceber que algo de extraordinário se passa em território australiano, pelo menos a nível musical. Obviamente, não é a primeira vez que se dá conta de atividade dessa natureza nos antípodas. AC/DC, Bee Gees, INXS, Kylie Minogue ou Nick Cave há muito colocaram a Austrália nos radares de quem gosta de música, atacando em várias frentes, da mais corrosiva (via Nick Cave e restante pandilha Birthday Party) à mais orelhuda, representada, por exemplo, por Kylie Minogue e Jason Donovan, não esquecendo os Men At Work e Down Under que, em 1980, pôs toda a gente a olhar para o mapa à procura da Austrália.
O que quer que seja que alimenta a criatividade dos australianos (há quem diga que é a loucura natural de quem vive confinado a uma ilha, ainda que grande, associada ao efeito da proximidade da Antártica e alguma herança genética) continua a dar frutos. Hoje a Austrália é claramente um dos epicentros musicais mais activos do planeta e de lá tem saído música excitante e diversa. Escolhemos 10 nomes que representam o que de mais interessante tem sido feito na terra dos cangurus.
Tame Impala
O quinteto de Perth é obviamente o grande embaixador da cena australiana. Existem há oito anos, têm três álbuns e vários EPs, todos com fundo psicadélico bem marcado mas o último, Currents , tem mais colorido eletrónico o que dividiu algumas opiniões. “The Less I Know the Better” foi recentemente usado numa publicidade da Apple.
Cut Copy
São um dos projetos australianos com maior projeção e cinco álbuns (Free Your Mind, o ultimo é de 2013) atestam sobre isso mesmo. O grupo começou por ser um projeto a solo de Dan Whitford, na altura apaixonado por sampling, mas acabou por se transformar num trio que une os pontos soltos entre a pop mais imediata e a música de dança. O sucesso dos Cut Copy acabou por arrastar outros aussies para o centro das atenções.
Courtney Barnett
Aos 27 anos Courtney Barnett está muito bem colocada nos rankings de coolness. Guitarrista, cantora e compositora, tem letras inteligentes e acutilantes, dose extra de atitude, humor refinado e uma honestidade desarmante – tudo bem explicito em 2 eps e no álbum de estreia lançado este ano Sometimes I Sit And Think, And Sometimes I Just Sit. Courtney Barnett é uma digna herdeira do espirito riot girrrl e esteve recentemente em estúdio com Jack White. O resultado é um single com uma versão de “Shivers” dos Boys Next Door (a primeira versão dos Birthday Party de Nick Cave).
Flume
Mais um nativo de Sydney a destacar-se. Harley Edward Streten, Flume, começou a produzir cedo, aos 13 anos. Mais tarde, com 20, ganhou um concurso da editora Future Classic e lançou o primeiro Ep. O álbum de estreia homónimo saiu em 2012, mas entretanto foi reeditado em versão deluxe com uma mixtape hip hop e colaborações de Ghotsface Killah, Killer Mike, Twin Shadow ou How To Dress Well. Lockjaw, Ep em parceria com Chet Faker, saiu em 2013 mas a colaboração entre os dois australianos vai repetir-se em breve.
Chet Faker
Chet Faker é Nicholas James Murphy, começou por fazer versões (“No Diggity” https://www.youtube.com/watch?v=HIfFA8-RaHQ, original dos Blackstreet, foi decisivo para a explosão mediática de Chet Faker), mas hoje a sua maior força está nos originais. Recentemente trabalhou com o londrino Marcus Marr, que lançou já pela DFA. O resultado é um Ep chamado Work que deverá sair no início de Dezembro, mas já é conhecido o single “The Trouble With Us“.
MOVEMENT
O nome escreve-se mesmo assim, com maiúsculas, mas este trio de Sydney ainda há pouco se revelou. Fazem soul eletrónica, canções emotivas que piscam o olho à pista de dança, mas sempre em compasso lento. Com apenas um EP homónimo (2014) fizeram primeiras partes de concertos de Darkside (projecto de Nicolas Jaar) e Solange Knowles e são um dos projectos a manter debaixo de olho no futuro próximo.
Avalanches
Em 2000 os Avalanches eram A Banda australiana. Since i Left You, o primeiro álbum foi uma verdadeira ode ao sampling usando qualquer coisa como 3.500 pedaços de musica extraída de discos de vinil. Apesar dos sucessivos anúncios da edição iminente de um segundo álbum nunca se terem concretizado, recentemente voltaram a surgir noticias de que o sucessor de Since I Left You existe e deve mesmo sair em breve.
Retiree
Quarteto de Sydney que lançou em 2013 o primeiro Ep Plastic World e mais recentemente o EP This Place. Misturam electrónica pró-dançante e pop de tom nostálgico e são uma das bandas mais interessantes a emergir da Austrália atualmente, muito embora a sua carreira seja bastante curta.
Andras & Oscar
Andras Fox é um DJ e produtor com vários alter-egos que grava como Andras & Oscar com Oscar Key Sung, cantor e produtor com ligações ao r’n’b e também ele com carreira a solo. Com um álbum (Cafe Romantica) e 2 eps que apontam às pistas sem acelerar as bpms, Andras e Oscar fazem house com influências de soul e pertencem à fação mais dançante da música australiana.
Hiatus Kayote
Têm o nome mais estranho mas são dos grupos australianos mais conhecidos internacionalmente. Hiatus Kayote, de Melbourne, costumam ser apontados como uma banda de soul futurista numa tentativa de descrever a fusão de elementos na sua música mas, na verdade, são difíceis de arrumar nas prateleiras. Foram nomeados para o Grammy de melhor actuação R&B (2014) e ?uestlove dos The Roots e Q Tip (A Tribe Called Quest) estão entre os que lhes tecem louvores. (Q Tip colaborou mesmo com eles)