Em 2021, o Festival MED, em Loulé, transforma-se em Festival interMEDio.
México, Ucrânia, Cabo Verde, Espanha, Angola, França, Argélia e Brasil juntam-se a Portugal nas nações que estarão representadas neste evento intercalar que, de 23 a 26 de agosto, marca o regresso da animação musical focada nas músicas do mundo ao sul de Portugal e à cidade de Loulé, com o apoio da Antena 3.
Dos dois concertos que terão diariamente lugar no Palco Cerca, um será de um artista português enquanto que o outro terá o carimbo internacional.
O evento arranca a 23 de agosto, com um regresso e uma estreia absoluta. Primeiro são os portugueses VIRGEM SUTA que voltam a Loulé para brindar o público com os seus temas intensos e o seu humor apurado e boa disposição, bem à maneira alentejana. Não é por acaso que esta é uma das bandas que melhor representa a atual geração do pop-rock cantado em português.
A finalizar a noite, os mexicanos KUMBIA BORUKA vão pisar pela primeira vez um palco português. Além de suas composições contemporâneas e festivas, a banda traz uma nova roupagem às cumbias clássicas dos anos 60, misturando-as com influências do reggae, dub, música africana e guitarras psicadélicas. A cumbia peruana, chamada chicha, também não é esquecida. O resultado é uma cumbia híbrida – nueva cumbia – com uma energia latina explosiva. A festa está, pois, garantida.
No segundo dia do interMEDio, 24 de agosto, a noite inicia-se ao som da voz de BUBA ESPINHO, jovem cantor alentejano que traz consigo o legado de várias gerações da música tradicional portuguesa. Natural de Beja, desde cedo que vive e sente a música de raiz intensamente, pela mão do pai, também músico, que lhe transmitiu a importante missão de a preservar. A relação entre dois patrimónios culturais imateriais da humanidade, o Cante Alentejano e o Fado, sente-se quando o ouvimos.
E no campo dos artistas internacionais, neste dia Loulé irá assistir a mais um regresso: os ucranianos DAKHABRAKHA. O coletivo criado em 2004 por Vladyslav Troitskyi, começou por apostar na música folk ucraniana, mas evoluiu para ritmos e sonoridades de todo o mundo, sendo o resultado verdadeiramente inesperado. Os DakhaBrakha são hoje conhecidos pela imensa variedade de instrumentos tradicionais, oriundos dos quatro cantos do mundo, a que recorrem e que assumem o papel principal nas composições da banda. Apesar das raízes ucranianas, o som dos DakhaBrakha ultrapassa fronteiras, assumindo a sua transnacionalidade.
Em 2013 subiu ao palco do Festival MED e no próximo dia 25 de agosto marca presença no interMEDio com o seu novo trabalho. SÍLVIA PÉREZ CRUZ representa uma geração de cantautoras no feminino que tem impressionado o mercado internacional da música. A catalã é, neste momento, uma das artistas mais acarinhadas pelo público e pela crítica de Espanha e Loulé voltará a assistir a um espetáculo da multipremiada artista de Barcelona, desta vez acompanhada pela sua banda.
No final da noite a lusofonia vai estar em destaque num concerto que nasce de uma encomenda para o interMEDio e que junta em palco dois ambientes musicais distintos: as sonoridades urbanas dos subúrbios da Grande Lisboa pela voz de TRISTANY, que transporta uma realidade vivida na primeira pessoa nestes espaços marginais, e a música africana politicamente engajada protagonizado por PRÉTU (antes Chullage), da qual retira samples e junta programações do dub ao batuku, kilapanga, hip hop ou grime.
A voz inconfundível de NUNO GUERREIRO irá fazer-se ouvir na sua cidade natal no dia 26 de agosto. O cantor louletano “joga em casa” perante um público que tão bem o conhece e que tanto o acarinha e, portanto, este será certamente mais um momento inesquecível neste Festival. Nuno Guerreiro é vocalista da “Ala dos Namorados” há mais de 25 anos. A par disso, Nuno Guerreiro foi investindo numa carreira a solo e é nessa condição que regressa aos palcos, com “Na hora certa” – um disco que é um mergulho para dentro de si mesmo e que terá a sua estreia absoluta em Loulé.
O segundo concerto da noite traz também a música portuguesa com MOULINEX, o alter ego do produtor português, DJ e multi-instrumentista Luís Clara Gomes. Da ciência à arte, da espontaneidade ao formalismo, do orgânico ao artificial, do isolamento à comunidade, Moullinex prospera em interseções. É nelas que cria música que tanto vive dentro dos limites da pista de dança, como permite introspeção ao ser escutada na intimidade dos headphones. Desde contemplações melancólicas na eletrónica à house e disco mais exuberantes, o seu trabalho tem colhido elogios globalmente, quer pelo público, quer pela crítica, principalmente desde que começou a incorporar elementos da world music na sua música.
Os experientes CLÃ podem parecer, à partida, uma surpresa no cartaz do interMEDio. E são mesmo uma vez que prometem trazer a Loulé um espetáculo completamente diferente do que habituaram os seus fiéis seguidores. Manuel Azevedo e os seus companheiros vêm mostrar que são muito mais do que uma banda pop-rock e que conseguem movimentar-se noutros registos e noutras dinâmicas musicais onde cabem várias sonoridades. Até porque o palco é o elemento natural dos Clã, onde a banda encontra o rigor, a irreverência e a energia, reconhecida pela excelência das suas apresentações ao vivo. O espetáculo abre a noite do dia 27 de agosto.
Ainda neste dia, o angolano PAULO FLORES, um dos artistas que fez parte do movimento percursor da Kizomba, sobe ao palco para mais um momento inesquecível para a comunidade africana radicada no Algarve. Após vários anos com incursões por diversos registos, Paulo Flores surge hoje numa bem-sucedida mistura de influências africanas, caribenhas, brasileiras e afro-cubanas. Considerado “ O poeta do povo “ Paulo Flores é um contador de histórias e narrativas que são fiéis depositárias da identidade angolana contemporânea.
No penúltimo dia do interMEDio, 28 de agosto, os franco-argelinos TIWIZA abrem as hostes, numa estreia absoluta em solo nacional. Uma fusão cheia de ritmos de percussão, riffs chaabi e blues do deserto, envolvida em arranjos poderosos e letras envolventes, tudo com espírito rock’n’roll. Acima de tudo, Tiwiza é uma banda que oferece música popular profundamente enraizada no solo africano, ao mesmo tempo que funde tradição e modernidade de uma forma natural. A sua mensagem, veiculada em 3 línguas, é a de uma ancestralidade que proclama a sua sede de liberdade e direito de existir; na luta pela sobrevivência, Tiwiza estende sua crítica à injustiça em todo o mundo.
Naquela que é mais uma encomenda para este evento especial e limitado, os tomarenses QUINTA DO BILL convidam Kátia Guerreiro, Rita Redshoes e Pedro de Castro a juntarem-se em palco. Com mais de 30 anos de carreira e um conjunto de canções únicas, a Quinta do Bill é indiscutivelmente a maior banda folk rock portuguesa.
Chegados ao último dia, o Festival interMEDio apresenta o cantautor brasileiro LUCA ARGEL. Migrou para Portugal em 2012, para estudar, e por aqui ficou. Carioca radicado no Porto, é vocalista e compositor dos grupos Samba Sem Fronteiras e Orquestra Bamba Social, com quem divide a alegria de difundir a sonoridade e poesia da música brasileira em Portugal. Na rádio, é produtor e apresentador do programa Boi Com Abóbora, da Rádio Nova Fm (Porto), dedicado exclusivamente à música brasileira. Um músico com samba a correr-lhe nas veias: o seu quarto disco a solo “Samba de Guerrilha”, lançado em fevereiro de 2021, é um bom exemplo disso.
E como não podia deixar de ser o encerramento do Festival interMEDio acontece em festa e ao som dos FOGO FOGO, a banda que esteve na apresentação do Festival MED 2019, no Cineteatro Louletano. O projeto de Francisco Rebelo (baixo), João Gomes (teclas), Márcio Silva (bateria), Danilo Lopes e David Pessoa (vozes/guitarra), tem agitado com incontrolável energia as pistas de dança lisboetas. A banda é uma urgente manifestação de uma cultura que, qual vulcão, está prestes a explodir. Os músicos envolvidos são ultra-experientes, profundos conhecedores dos múltiplos grooves de inspiração africana e atiram-se a funanás e a música de baile de festa africana como se 1987 tivesse sido anteontem. E neste contexto assumem a mais primordial das missões: fazer dançar sem truques, apenas com energia de bpms carregados, com a bateria e o baixo em permanente derrapagem e os sons inspirados na “gaita” (a concertina) a comandarem a identidade melódica.
Os bilhetes estão à venda em wwww.bol.pt e no Cineteatro Louletano. O bilhete diário tem um custo de 7 euros. Será ainda disponibilizado um número limitado de bilhetes semanais, com um custo de 40 euros.
As portas do recinto abrem às 20h30 e os concertos decorrem às 21h30 e 23h30, respetivamente, apenas no Palco Cerca. O Festival rege-se pelo cumprimento das normas e recomendações emitidas pela Direção-Geral de Saúde no que respeita à pandemia da COVID-19, nomeadamente o uso obrigatório da máscara e o distanciamento social, sendo que todos os lugares são sentados. A lotação é limitada e todos os lugares são sentados.
PROGRAMA
23 agosto
23:30 Kumbia Boruka – México
21:30 Virgem Suta – Portugal
24 agosto
23:30 DakhaBrakha – Ucrânia
21:30 Buba Espinho – Portugal
25 agosto
23:30 Tristany & Prétu – Portugal/Cabo Verde
21:30 Sílvia Pérez Cruz – Espanha
26 agosto
23:30 Moullinex – Portugal
21:30 Nuno Guerreiro – Portugal
27 agosto
23:30 Paulo Flores – Angola
21:30 Clã – Portugal
28 agosto
23:30 Quinta do Bill – Portugal
convidam Kátia Guerreiro, Rita Redshoes e Pedro de Castro
21:30 Tiwiza – França/Argélia
29 agosto
23:30 Fogo Fogo – Portugal/Cabo Verde
21:30 Luca Argel – Brasil