Nove nomes juntam-se hoje ao cartaz do Milhões de Festa 2018, aproximando-o da sua forma final. O festival minhoto regressa a Barcelos entre 6 e 9 de setembro, com o apoio da Antena 3.
Se é verdade que a música eletrónica atinge, hoje, o topo máximo do seu potencial comercial, muitos dirão que o território antes fértil em criatividade e exploração parece ter-se vergado a ideias de conservadorismo e a uma retromania que a prende aos cânones tradicionais da música de dança. No cenário em que a inovação parece estar mais preocupada com o seu plano de pensões, vozes como a de Squarepusher ganham ainda mais relevância. O legado que construiu é inatacável. As primeiras edições com a Reflexe, a residência no Blue Note, as interpretações agressivas do jazz, o transversal Music Is Rotted One Note, o experimentalismo que imprimiu em todas as suas abordagens e o transgressor drum’n’bass que acabaria por se tornar na sua assinatura, são tudo provas de que o caminho, aqui, é sempre para a frente. Na última edição que lhe conhecemos, Damogen Furies, leva ao limite a vontade de controlar a produção musical no seu core, usando um software criado por si e, com isso, explorando as mais brutais e viscerais capacidades da música digital. O concerto no Milhões de Festa será o primeiro do produtor em solo nacional.
“Se há uma artista de jazz prestes a explodir em 2018 é Nubya Garcia.” Foi assim que a Rolling Stone introduziu o nome da inglesa, saxofonista e compositora, que tem assumido lugar de destaque na vanguarda do jazz no Reino Unido. Elogiada pelo incontornável Gilles Peterson, ganhou o prémio revelação dos Jazz FM Awards em 2017, tendo, a partir daí, marcado presença em grande parte dos mais influentes palcos e festivais mundiais. Nascida e criada em Londres, descendente de caribenhos, Garcia cita influências no jazz americano, blues, soul, roots e pop contemporâneo. Seja a solo, na liderança das Nérila (com quem celebra e promove o lugar da mulher no jazz contemporâneo), ao lado de nomes como Moses Boyd e Congo Natty ou mesmo em quarteto (formato em que tocará no concerto em Barcelos), tem vindo a transformar-se numa das peças essenciais do puzzle que monta os novos caminhos do afrojazz.
Há na Corunha um novo punk que urge ouvir. Paisagens suburbanas, desemprego juvenil e aborrecimento mediano são o fertilizante certo para a fúria, impaciência e sujidade de uma juventude que se recusa a viver na nostalgia. Foi esta Corunha que Anxela e Violeta decidiram “incendiar”. Sob o nome Bala, lançaram Human Flesh e Lume, discos carregados de estilhaços que nos deixam acara vermelha e franzida e que atiram o rock para a sua génese catártica.
Sob o alter-ego de Krake, Pedro Oliveira recolhe inspiração na mitologia nórdica para se aventurar a solo num projeto que, partindo da percussão, explora uma linguagem mais experimental e eletrónica. Expandindo os seus tentáculos para além da bateria preparada, as sonoridades vão bebendo de influências como Will Guthrie, Ches Smith, Steve Noble, Chris Corsano, Julian Sartorius e Jaki Liebezeit. Para Barcelos, juntar-se-á a Alexandre Soares, Luís Fernandes, Julius Gabriel e Angélica Salvi num concerto único, que trabalhará composições do músico através da experimentação e improvisação.
Pelo Milhões de Festa, passarão ainda o projeto em nome próprio de Charlotte Adigéry, uma das protegidas da Soulwax, WWWater; a recente colaboração entre Casper Clausen (Liima, Efterklang) e Shela (Riding Pânico, LAmA), Cacilhas; a produtora Afrodeutsche; Ensemble Insano; e o coletivo Suave Geração.
A ter lugar entre 6 e 9 de setembro em Barcelos, o Milhões de Festa tinha já anunciado Electric Wizard, Os Tubarões, Gazelle Twin, Circle, The Heliocentrics, 700 Bliss, Natalie Sharp apresenta BodyVice, The Mauskovic Dance Band, UKAEA, Warmduscher, Pharaoh Overlord, Mirrored Lips, Indignu, Kink Gong, Gonçalo e Tajak.
Os passes gerais e diários custarão €60 e €20, respetivamente, e serão colocados à venda em breve. O festival anunciará mais nomes na próxima semana.