Tradição e contemporaneidade caminham, lado a lado, para a inclusão e a liberdade no ZigurFest 2022. De 24 a 27 de agosto, com o apoio da Antena 3, o festival de música e arte contemporânea de Lamego, integrado na famosa Romaria de Portugal, mostra um interior enérgico e que não quer estar à margem.
De 24 a 27 de agosto, a cidade de Lamego é palco e ponto de encontro. Se nos últimos dois anos o ZigurFest foi obrigado a conter-se, neste ano celebra o retomar da intensidade habitual do programa e do horário alargado.
Com uma história já de 11 anos que se deve à audácia de vários jovens lamecenses, esta edição do ZigurFest continua a honrar o ímpeto interventivo e o entusiasmo pela novidade que lhe deu origem. Hoje, o ZigurFest distingue-se por ser um festival cuja programação navega entre o que há de mais pulsante na criação artística portuguesa, da música às artes performativas e plásticas.
Em quatro dias de festival, o ZigurFest conta com concertos, performances, conversas, instalações e ainda dois workshops. Além disso, a edição deste ano estende o ZigurFest a novas moradas, com duas cartas brancas dadas à Favela Discos e a O Gringo Sou Eu, que vão estar em residência em Penude e em Lazarim. Em Penude, a Favela Discos vai descobrir a tradição das concertinas com tocadores locais, ex-alunos de uma antiga e já encerrada escola de concertinas. Por sua vez, O Gringo Sou Eu, em Lazarim, vai conhecer o labor dos famosos caretos de Lazarim com artesãos locais.
O cartaz garante diversidade, nomes recém-chegados e nomes já com história. No primeiro dia, António Silva, Inês Carincur e João Pedro Fonseca apresentam, na Casa do Artista, às 15h, a edição que programaram. Os três fazem parte do grupo de jovens que erguem o festival desde 2011. Logo a seguir, às 16h30, Alice Azevedo, atriz e ativista trans, feminista e queer, apresenta, no mesmo lugar, a performance Eu vou só falar. A noite do primeiro dia de festival faz-se em Penude, com a apresentação da Favela Discos e dos Ex-Alunos da Escola de Concertinas (às 21h30) e com o concerto de Nile Valley, o trio neo-soul do Porto, que estreia o primeiro EP.
O segundo dia arranca novamente na Casa do Artista com uma conversa, às 16h, sobre os desafios de ser mulher no século XXI, a partir do trabalho da performer Roxana Ionesco. Daí, a romaria segue para o Horto, onde Redoma e Herlander se apresentam às 17h e às 18h, respetivamente. Já à noite, O Gringo Sou Eu apresenta o resultado da sua residência, em Lazarim, às 21h30. Esta noite viverá da eletrónica da “quinta dimensão” dos Hidden Horse e do rock visceral de Dead Club (projeto de Violeta Luz na companhia de Shelley Barradas, João Silveira e Pedro Melo Alves), que atuam às 23h e à meia-noite na Olaria, de volta ao centro de Lamego.
Na sexta-feira, dia 26, o dia cresce em propostas. Haverá uma conversa na Casa do Artista, às 15h, sobre a inclusão — e a falta dela — no interior, contando com a participação da música trans Dianna Excel, da curadora Gisela Casimiro, da Favela Discos e de Frankão (O Gringo Sou Eu). Às 16h, haverá na Alameda uma oficina, a céu aberto, com a coerógrafa e bailarina Piny, que vai unir as pontas soltas entre a dança, a performance e a ecologia. Logo a seguir, a também criadora Roxana Ionesco apresentará Deus é transcendência através do corpo, na Casa do Artista (17h). Depois, o palco do Horto recebe o universo musical único de Bezbog (18h), duo constituído por David Ole e Dora Vieira. A noite começará com dois concertos no Teatro Ribeiro Conceição. Às 21h30, será a vez de Fura Olhos (Inês Malheiro e Miguel Pedro, dos Mão Morta), a que se seguirá a folk hauntológica, hipnagógica e psicadélica dos Beautify Junkyards, às 22h30. A festa continua no palco da Olaria com João Não & Lil Noon (0h), Cobrafuma (1h) e Dianna Excel (2h).
No último dia, o artista sonoro Rodrigo Constanzo estará, às 16h, na Casa do Artista, onde vai dar uma oficina de técnicas de percussão e composição. Seguem-se os concertos de Kurtis Klaus Ensemble (17h) e de Zé Menos (18h), ambos no Horto. Depois, no Teatro Ribeiro Conceição, há Sarnadas, às 21h, e um momento de história viva com Telectu, às 22h30. O duo emblemático de Jorge Lima Barreto e Vítor Rua, agora com Ilda Teresa Castro no lugar de Lima Barreto, estrear-se-á com esta nova formação no ZigurFest. Por fim, é na Alameda que as minhotas As Docinhas (0h), os Unsafe Space Garden, conhecidos pelo manusear do absurdo, e a eletrizante COW shift Z vão fechar, com chave-de-ouro, esta edição.
A entrada para todas as atividades do ZigurFest é gratuita, assim como o campismo, que está disponível mediante inscrição. Todas as informações úteis estão disponíveis em zigurfest.com.