Com 38 anos de carreira, os britânicos Def Leppard são uma das mais emblemáticas bandas da cena rock mundial. Depois de 7 anos de silêncio, a banda edita hoje (dia 30 de Outubro) o seu 11.º álbum de originais.
Def Leppard é um regresso bastante inspirado do colectivo liderado pelo vocalista Joe Elliott, e para marcar este regresso em grande da banda, Jorge Botas esteve à conversa com o guitarrista Phil Collen para nos falar sobre o novo trabalho. Podes ouvir o Metal Global dedicado a esta entrevista aqui.
Logo em inicio de conversa, e pegando em declarações do próprio guitarrista que afirmou que este novo trabalho era o melhor desde o clássico Hysteria, perguntamos se não eram declarações um pouco ousadas, ao que o guitarrista respondeu com confiança:
“Sim… acho que é muito preto e branco, acho que é, de facto, o melhor disco que fizemos desde o Hysteria. Tem algo de especial que o Hysteria também tinha e acho que mais nenhum álbum tem isso… quer dizer, eu gosto muito do Slang, acho que é um grande disco, mas este é um disco especial. Ouvindo o disco – e fazendo de conta que não faço parte da banda – este disco tem um feel especial… uma textura diferente… para mim é difícil de explicar, mas este soa diferente e especial por alguma razão.”
O processo de composição de um disco dos Def Leppard não é fácil, e a banda gosta de levar o seu tempo. Aliás, a ideia inicial da banda nem era lançar um disco, mas sim um EP, como explica Phil Collen:
“… a ideia inicial nem era fazer um álbum, mas sim um EP. Quando nos sentámos em estúdio, ao fim de dois dias, tínhamos 12 temas preparados para gravar, algo que nunca tinha acontecido com os Def Leppard. O facto de haver uma diferença de tempo grande entre discos, é porque normalmente todos temos ideias diferentes. Desta vez, resolvemos usar as ideias de todos e parece que todas resultaram. Por exemplo, o tem «Let’s Go», tinha um nome diferente inicialmente e soava muito pop e quando começamos as gravações era uma canção pop! Nós gravámos o disco em três fases diferentes: Fevereiro de 2014, depois em Maio, durante três semanas e acabámos em Janeiro de 2015 e ainda fizemos algumas coisa em digressão, e dai vem a diversidade do disco.
Algumas da canções… elas são todas diferentes, por exemplo, a ideia da música «Blind Faith» surgiu enquanto eu estava a conduzir do estúdio do Joe para a casa onde eu estava, e havia neve por todo lado, tive de encostar o carro para gravar o riff de guitarra e melodia, e foi assim que surgiu esse tema. Mas, como dizia, cada canção e diferente, a «Let’s Go» era uma ideia que o Sav [Rick Savage, baixista] tinha há algum tempo, e era inicialmente uma música pop, mas quando nos juntámos em Janeiro, decidimos que tinha de ser uma música rock e por isso mudámos o feel música um pouco. Por isso, cada canção surge de forma diferente, até o método de gravação e produção é diferente para cada tema.”
Para além da música, Phil Collen prepara-se para editar a sua primeira autobiografia, e contou-nos o que podemos esperar sobre o livro:
“É uma caminhada desde os tempos que cresci em Londres e o que aprendi – e continuo a aprender – desde essa altura. Todas a experiências que mudaram a minha vida. É basicamente sobre isso e, obviamente, que há coisas sobre a banda, sobre o sucesso e tudo o que aconteceu nessa altura… basicamente são 57 anos em duzentas e tal páginas. Como todos os livros têm de ser editados, o mesmo aconteceu com este… mas é sobre essa caminha e experiências na vida, e sobre as pessoas muitos interessantes com que te cruzaste nesse caminho, que de outra forma não terias conhecido, se não tivesse viajado – mas não necessariamente por fazer parte de uma banda – mas de viagens por todos esses lugares diferentes.”
O guitarrista tem 57 anos, mas mantém uma forma física invejável. O segredo é simples: exercício físico e uma boa alimentação. Por essas razões, ele não acredita em desculpas:
“… Eu não acredito em desculpas. E vejo muita gente a desculpar-se com isso, por isso eu cozinho as minhas refeições. No tour bus, tenho um pequeno grelhador, onde cozinho os meus hamburgers vegetarianos e junto uma salada. Ou então tenho um prato com açai, que é uma fruta brasileira e junto outras frutas e depois uso um misturador e faço batidos. Por isso, nunca arranjo desculpas para mim, porque gosto de controlar as coisas. Se ficas dependente de catering ou restaurantes, estás apenas a arranjar desculpas para não fazeres as coisas como deve de ser. Tens de ser tu a controlar as coisas, e o mesmo se aplica ao exercício físico… o único vício que tenho de momento é o café, mas depois de beber um vou ao ginásio fazer exercício. E apesar de andar doente nos últimos dias, tenho sempre que fazer alguma coisa. O truque aqui, é seres tu a controlar as coisas e não arranjar desculpas – por exemplo – se não houver um ginásio no hotel, fazes elevações e flexões… e tenho de arranjar sempre tempo, para fazer algum exercício. É algo que podemos fazer com pouco tempo. Como tudo na vida, se fores tu a controlar, não podes culpar quem quer que seja e tens de ser tu a motivar-te, e eu faço com outras coisas também.”