Chegou a hora de fazer contas ao ano… A Antena 3 revela os 30 melhores discos internacionais de 2015!
A equipa da Antena 3 elegeu os álbuns mais representativos do ano, os que mais impressionaram e surpreenderam, os que revelaram artistas ou confirmaram estrelas… No fundo, os discos que mais marcaram 2015. Até 14 de Dezembro, depois das quatro da tarde, Isilda Sanches revela 5 álbuns por dia, começando pelo final da tabela.
Podes também conhecer as listas pessoais de toda a equipa da Antena 3.
30: Matthew E. White – Fresh Blood
Começamos a viagem em Richmond, Virginia, com Matthew E. White e Fresh Blood, o segundo álbum deste músico com formação jazz e espírito faça-você-mesmo, fascinado por rock, folk e soul e patrão da editora Spacebomb. Fresh Blood confirma-o como um músico e compositor extraordinário, capaz de fazer canções sobre amor, a morte do rock & roll, abuso sexual na igreja ou Philip Seymour Hoffman… Não é qualquer um.
29: Criolo – Convoque Seu Buda
Convoque Seu Buda é o terceiro disco do rapper brasileiro Criolo. Na verdade, saiu em 2014, mas na 3 bateu sobretudo este ano e por isso está na nossa lista. Hip hop com forma e conteúdo e sem preconceitos de género, tem de tudo um pouco, do rock ao samba, e métrica sempre perfeita na verbalização da mensagem política e espiritual. No disco, participam, entre outros, Tulipa Ruiz e Money Mark, membro honorário dos Beastie Boys.
28: Leon Bridges – Coming Home
Coming Home parece um disco de soul clássica feita há décadas, mas é de agora. Tem o mesmo tom retro soul das produções da Daptone Records, é nostálgico, mas também intemporal. A fórmula soul original é conhecida e vive intensamente na voz de Leon Bridges, um americano de 25 anos que lembra gigantes como Otis Reading ou Sam Cooke.
27: Wolf Alice – My Love Is Cool
Mais uma vez, trata-se de um álbum de estreia, e há vários nesta nossa lista. Os Wolf Alice são um quarteto londrino com referências abrangentes: shoegaze, punk, power pop, até disco. Mas, se a sua música até pode lembrar muitas coisas, a voz de Ellie Rowsell não deixa que se confunda com nada. My Love Is Cool, disco Antena 3, foi um dos nomeados para o Mercury Prize 2015. Não ganhou, mas está nesta nossa lista.
26: Django Django – Born Under Saturn
Costuma falar-se da pressão de um segundo álbum para bandas com estreias meteóricas, como é o caso dos Django Django, mas os quatro londrinos não se deixaram abater pelo peso da expectativa e continuaram a sua aventura retro modernista com êxito. Deve ser a influência de Saturno.
Especial Melhores Discos Internacionais 2015 (#30 – #26)
25: Boogarins – Manual
Este segundo disco brasileiro da lista é também o segundo disco da banda em questão: os Boogarins. Manual — ou, para sermos exactos, Manual ou Guia Livre para a Dissolução dos Sonhos — é um título que espelha bem o universo psy rock do quarteto de Goiânia. Por aqui, passa quase toda a cartilha psicadélica britânica, mas também o tropicalismo brasileiro. Um verdadeiro manual de música com ambições cósmicas.
24: Deerhunter – Fading Frontier
Ao sétimo álbum, a banda de Bradford Cox, uma das referências da cena alternativa americana dos últimos dez anos, já domina a arte de fazer canções pop com coração indie, e Fading Frontier é precisamente pop sem mácula, mas com a personalidade e o nervo que sempre caracterizaram os Deerhunter.
23: Death Cab for Cutie – Kintsugi
Avançamos na lista de melhores do ano para a Antena 3 com uma banda que existe há quase 20 anos e lançou em 2015 o oitavo álbum: Death Cab for Cutie, com Kintsugi. Há quem lhe chame um disco de perda, pela saída do guitarrista, produtor e co-fundador Chris Walla e pelo divórcio de Ben Gibbard, mas há força na vulnerabilidade de Kintsugi.
22: Mumford & Sons – Wilder Mind
Este é o disco em que os Mumford & Sons trocaram o banjo pelas guitarras eléctricas e pelos sintetizadores. Produzido por James Ford, elemento dos Simian Mobile Disco e produtor de Arctic Monkeys, e por Aaron Dessner, dos National, Wilder Mind é o disco em que a banda britânica procurar reinventar-se… e consegue.
21: Chvrches – Every Open Eye
Segundo álbum do trio escocês liderado pela cantora Lauren Mayberry. Every Open Eye é um disco de pop electrónica enérgica com brilho, emoção e canções que se colam a nós, como “Leave a Trace”, que tem rodado insistentemente — e com todo o mérito — na Antena 3.
Especial Melhores Discos Internacionais 2015 (#25 – #21)
20: FFS – FFS
Chegamos ao 20.º lugar dos internacionais com um disco que reúne dois nomes grandes da pop, separados por vários décadas, mas em sintonia e sincronia. Os escoceses Franz Ferdinand juntaram-se aos irmãos Ron e Russell Mael, os Sparks, banda activa desde os anos 70, num disco de pop irónica e inteligente, intrincada na composição e nos arranjos.
19: Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
Segue-se o brasileiro Emicida. Sobre Crianças Quadris, Pesadelos e Lições de Casa é o longo título do segundo disco do rapper de São Paulo, que continua com rimas aniquiladoras, agora também suportadas por beats de influência africana. Um disco em que se destacam colaborações com Vanessa da Mata ou Caetano Veloso, este último na nossa favorita, “Baiana”.
18: Disclosure – Caracal
A fasquia estava alta para os Disclosure depois do sucesso arrebatador de Settle, há dois anos, mas Caracal cumpre, mesmo que já não tenha a seu favor o efeito surpresa que teve o primeiro disco. Apesar da pressão, os irmãos Lawrence continuam a juntar o melhor de dois mundos e fazem pop com infalível apelo de pista de dança. Canções redondas em formato 4/4, nas quais brilham convidados como Lorde, Miguel ou The Weeknd.
17: Oddisee – The Good Fight
Oddisee é um rapper e produtor de Washington com base em Brooklyn, Nova Iorque. The Good Fight é hip hop livre de constrangimentos, abrangente nas referências, refinado nos arranjos e consciente na mensagem. “That’s Love” foi a que mais rodou na 3 e resume bem o espírito do disco.
16: Ibeyi – Ibeyi
No seu álbum de estreia homónimo, que começa com uma oração de Santeria, as Ibeyi misturam soul, hip hop e electrónica com elementos da cultura afro-cubana. Deve ser por isso que a música das gémeas franco-cubanas Naomi e Lisa Kaindé Diaz, cujo pai, Miguel Diaz, foi percussionista do Buena Vista Social Club, se cola a nós e aparece em 16.º lugar, a fechar a primeira metade da tabela de melhores discos internacionais de 2015 da Antena 3.
Especial Melhores Discos Internacionais 2015 (#20 – #16)
15: Tuxedo – Tuxedo
Os Tuxedo bebem inspiração no disco, no funk e no boogie do início dos anos 80. Tanto Mayer Hawthorne, que antes de ser crooner foi DJ, como Jake One, que é DJ e produtor de hip hop, têm uma forte paixão pela música daquela época. Consta, aliás, que trocavam mixtapes de electro-funk desde 2006. Música de festa com espírito retro e atitude desempoeirada.
14: Hot Chip – Why Make Sense
Why Make Sense é o sexto álbum da banda de Alexis Taylor e Joe Goddard. Com 15 anos de vida, o quinteto londrino, mestre na arte de fazer canções pop para pista de dança, já têm uma fórmula bem definida e sabem o que fazer com ela, mas, em Why Make Sense, os Hot Chip alargam horizontes para lá do house e da electrónica mais indie e aproximam-se de funk, R&B e hip hop. “Need You Now” foi a que mais rodou na Antena 3.
13: Mac DeMarco – Another One
Mac DeMarco é um músico e compositor canadiano conhecido pela sua personalidade… inquieta. Another One tem oito canções de amor e é um disco relativamente sereno, mais convencional do que os dois anteriores, mas mostra bem a maturidade de Mac DeMarco enquanto escritor de canções. Já no resto, parece continuar iconoclasta como sempre.
12: The Dead Weather – Dodge and Burn
The Dead Weather é a banda que reúne Alison Mosshart, dos Kills; Dean Fertita, dos Queens of the Stone Age; Jack Lawrence, dos Raconteurs; e Jack White. Dodge and Burn é o seu terceiro disco, pleno de rock & roll suado e febril, com raízes bem fundas nos blues, como nos mostrou logo o single “I Feel Love (Every Million Miles)”.
11: Martin Courtney – Many Moons
Segue-se um disco bem mais suave: Many Moons, de Martin Courtney. Praticamente o único elemento dos Real Estate sem actividade paralela, a sua estreia a solo, ainda que tendo demorado a chegar, é pop de guitarras em estado de graça. Para ouvir “Northern Highway”, a canção de viagem perfeita.
Especial Melhores Discos Internacionais 2015 (#15 – #11)
10: Unknown Mortal Orchestra – Multi-Love
Terceiro álbum da banda que, no Facebook, diz fazer R&B psicadélico, funk depressivo e dadwave. Os rótulos de facto falham quando se tentam colar a este grupo de Portland, que cita Syd Barrett, J Dilla, King Tubby e Prince entre as suas influências. Habitualmente multifacetada, a Unknown Mortal Orchestra é-o ainda mais neste Multi-Love, que fala de relações a três… e tem lugar no top 10 da lista de melhores discos internacionais do ano da 3.
9: Alabama Shakes – Sound & Color
O grupo de Brittany Howard tem sido arrumado frequentemente na categoria retro soul, mas as suas ambições artísticas sempre foram mais abrangentes. Sound & Color, o segundo álbum dos Alabama Shakes, mostra bem isso, com o seu pulsar rock mais vincado e também mais livre de formalismos, mas a soul continua no centro de tudo, sobretudo por causa da poderosa voz de Brittany. Na 3, insistimos em “Don’t Wanna Fight”.
8: Jamie xx – In Colour
Segue-se a electrónica, também ela com soul e memórias do passado, de Jamie xx. In Colour é o álbum de estreia a solo de Jamie Smith, líder dos xx. Um dos discos mais aguardados dos últimos anos, dominou inevitavelmente a cena electrónica em 2015. No fundo, é como um gigantesco e fascinante exercício de memória em que Jamie xx evoca o passado rave, sampla clássicos soul dos anos 70 e documentários sobre as cenas northern soul e UK garage em Inglaterra, experimenta o dancehall ao estilo jungle anos 90, faz baladas e música de pista. In Colour é um disco de música de dança que nem sempre se dança, diverso e emotivo, que tem um tom nostálgico, mas reflecte o presente e, quem sabe, vislumbra o futuro.
7: Beach House – Depression Cherry
Depression Cherry é um dos dois discos editados pela dupla Beach House em 2015 (o outro é Thank Your Lucky Stars, que saiu nem dois meses depois). Victoria Legrand e Alex Scally continuam exímios na arte de fazer canções nostálgicas envoltas em neblina sónica, mas, neste quinto álbum, soam mais intimistas e até despidos do que é costume. Pop sonhadora e doce, mas com zonas escuras por dentro.
6: Kurt Vile – B’lieve I’m Goin Down…
Outro nome com bastantes seguidores entre nós e que também tocou recentemente por cá é Kurt Vile. Mais acústico, melancólico e introspectivo do que aquilo a que nos habituou, B’lieve I’m Goin Down…, sexto álbum deste compositor, cantor, produtor e multi-instrumentista conhecido por ser um prodigioso guitarrista e ter uma ironia refinada, terá sido composto à noite, nos momentos de solidão depois de a família ir dormir.
Especial Melhores Discos Internacionais 2015 (#10 – #6)
5: Benjamin Clementine – At Least for Now
Reza a lenda que Benjamin Clementine foi descoberto em Paris, onde vivia como vagabundo há vários anos, à procura de alimento para a sua música, poesia e personalidade artística. Comparado a Nina Simone pela intensidade dramática da voz, este multi-instrumentista autodidacta nascido em Londres é claramente uma das estrelas de 2015. Teve crítica e público a seus pés, ganhou o Mercury Prize e tornou-se uma figura de culto mundial, com Portugal naturalmente incluído na lista de devotos: só este ano, tocou seis vezes entre nós, a primeira das quais no Super Bock Super Rock, com o apoio da Antena 3. “London” foi a que mais rodámos.
4: Courtney Barnett – Sometimes I Sit and Think, and Sometimes I Just Sit
De um inglês com profundidade dramática, passamos para outro álbum de estreia, mas de uma australiana com nervo e sentido de humor cortante. Natural de Melbourne e claramente influenciada pelo grunge e pelas riot grrrls dos anos 90 e pelo garage rock dos anos 60, Courtney Barnett faz canções sobre a vida comum, com inteligência e ironia irresistíveis, e é uma das figuras a manter sob vigilância.
3: Blur – The Magic Whip
The Magic Whip é o álbum de regresso dos Blur, 12 anos depois de Think Tank e o primeiro em 16 anos como quarteto. Apesar disso, mostra uma banda consciente do passado, ainda que não dominada por ele. As aventuras pessoais de cada um dos elementos, sobretudo Damon Albarn, o mais activo de todos, transparecem nas canções, mas também o método de composição e gravação ajuda The Magic Whip a manter a identidade dos Blur ao mesmo tempo que revela novas vontades e explorações. O álbum nasceu do improviso de cinco dias num estúdio em Hong Kong, mas é claramente um dos mais importantes de 2015, pela forma como consegue manter relevante uma das bandas mais influentes dos anos 90.
2: Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly
O segundo lugar da lista é ocupado por um disco de hip hop, e temos a certeza de que será uma escolha unânime no género em termos de melhores do ano a nível internacional. Toda a gente parece em sintonia em relação a To Pimp a Butterfly, e 11 nomeações para os Grammys são evidência disso mesmo. O terceiro álbum de Kendrick Lamar tem dedo de produtores como Flying Lotus, Pharrell Williams ou Thundercat, responsáveis, entre outros, por fornecer os beats que seguram as rimas de um poeta que retrata a América na sua multiplicidade e incoerência com uma das vozes mais assertivas e criativas do hip hop actual. “King Kunta”, com participação de Assassin, foi a que mais tocámos.
1: Tame Impala – Currents
Se houve posições em que as votações estiveram muito próximas e foram decididas à unidade, quando não à fracção, este não foi um desses casos. O disco que recebeu mais votos na eleição da equipa da Antena 3 recebeu mesmo mais votos, distanciando-se claramente do segundo classificado. É, portanto, uma escolha clara, que reflecte o nosso gosto em 2015: Currents, dos Tame Impala, é o disco internacional do ano para a 3.
O terceiro álbum dos australianos pode ser mal-amado por alguns, por trocar as guitarras pelos sintetizadores, mas mostra Kevin Parker em pleno domínio das suas capacidades de cantor, compositor, produtor e arranjador e revela ainda o seu carácter destemido, tanto a experimentar com novos sons como a falar abertamente do que lhe vai na alma, sobretudo das dores de crescimento e rotura amorosa. Pop cósmica vinda dos antípodas!
Especial Melhores Discos Internacionais 2015 (#5 – #1)