No Kalorama, Sevdaliza é arma apontada às intolerâncias
A neerlandesa-iraniana Sevdaliza esteve à conversa com a Antena 3. L’Impératrice, Father John Misty e Pet Shop Boys foram os outros enormes destaques
A cantora e produtora neerlandesa-iraniana Sevdaliza foi dos principais destaques do primeiro dia da quarta edição do festival MEO Kalorama. No festival, que acontece até sábado, dia 21 de junho no Parque da Belavista, em Lisboa, Sevda Alizadeh, que já não tocava um espetáculo seu “há cerca de um ano”, veio dar a provar novos e velhos êxitos. Alguns deles, diz a artista, que tem a esperança que venham a ser grandes hits como foi “Alibi”, com Pabllo Vittar e Karol G.
“Heroina” será o título do novo trabalho de Sevdaliza e sairá lá mais para o outono. O ideal seria que nessa altura a guerra no Médio Oriente já tivesse finalizado. Bem como na Ucrânia. E também seria interessante que as mensagens apregoadas por Sevdaliza em palco e nas suas canções – em nome do respeito pelo próximo e pelos direitos das mulheres e das pessoas Queer – também já estivessem noutro patamar de cumprimento.
No final do concerto, em jeito de “flash interview”, e numa conversa exclusiva para rádios nacionais, a Marta Rocha conversou com Sevdaliza sobre o novo disco e sobre a sua forma de compor.
Depois de Sevdaliza, também no palco San Miguel, no topo do Parque da Bela Vista, aconteceu o regresso dos L’Impératrice. Foi a terceira vez em Portugal em menos de um ano da turma-festiva francesa. Mais uma vez, não desiludiram. De facto, é no palco que tudo corre bem aos L’Impératrice, com quem a Marta Rocha também conversou, desta vez antes de subirem ao palco. E quando se usa o plural, com os franceses, usa-se na sua plenitude. Quando fala um, falam todos.
Da música de dança ao sonho psicadélico
Um dos nomes mais aguardados da primeira noite do MEO Kalorama eram os Pet Shop Boys. Os britânicos, figuras de proa da música eletrónica dos anos 80, levaram até ao Parque da Belavista novos e velhos amantes dos ritmos dançantes. E não se pense que são só ritmos antigos, até porque no final de 2023 Neil Tennant e Chris Lowe editaram um trabalho de originais, “Relentless”, que também acaba por justificar esta tour que fazem em 2025.
A fechar a noite esteve, talvez, a banda de que mais gente falava no primeiro dia de MEO Kalorama. Os norte-americanos Flaming Lips subiram ao palco MEO quando já passava da 1h30 da manhã – hora que já não foi fácil para muita gente. Ainda assim, não é possível estar num concerto da banda de Wayne Coyne e estar a olhar para outro lado que não para o que vem de lá de cima: explosões de luz, de som, de confettis, balões e tudo aquilo que se possa imaginar num espetáculo que pode ser descrito como um sonho psicadélico acordado. Na bagagem os Flaming Lips trouxeram memória: o mítico disco de 2002 “Yoshimi Battles The Pink Robots, que, em 2022, celebrou 20 anos (!) de existência.
David Bruno e Father John Misty: uma competição de sensualidade
Noutros destaques do primeiro dia, é impossível passar ao lado das atuações de David Bruno: independentemente do disco que esteja a “trabalhar” na altura – sempre acompanhado do virtuoso-estiloso-solista-guitarrista Marco Duarte e pelo hype-seduction-man António Bandeiras – o músico de Gaia está sempre preparado para a festa. No primeiro dia não foi excepção e abraçou o público que estava na frente de palco de Lisboa para uma hora de portugalidade e viagens pelas memórias dos anos 1990 traduzidas em canções com algumas das rimas mais improváveis da história recente da música portuguesa.
Depois de David Bruno, no mesmo palco, a sensualidade voltou a ser palavra de ordem, com a presença – mais uma – de Mr. Josh Tillman, mais conhecido como Father John Misty. O músico de Maryland voltou a não desiludir em mais uma passagem por Portugal. Não só pela entrega que tem enquanto frontman, mas também por se fazer acompanhar de uma extraordinária banda, de músicos talentosíssimos que depois de ajudarem Tillman em estúdio a fazer o último disco “Mahashmashana”, elevam agora ainda mais a fasquia ao vivo. Um som imaculado, uma concentração verdadeiramente emocionante que tornou perfeito o pôr do sol na Belavista.
Nota também para os concertos de Sofia Reis – Capital da Bulgária – que, depois do NOS Alive no ano passado, voltou a apresentar-se em bom plano em palcos maiores; e também para o coletivo Cara de Espelho, que continuam a carregar na sua poesia a revolta e o descontentamento de muita gente.