Eu gosto da Lizzo.
Eu gosto da Lizzo porque ela me enche a cara com um sorriso, o peito de esperança e o corpo de uma vontade de dançar.
Eu gosto da Lizzo porque ela faz canções sobre gostar dela própria. Eu gosto da Lizzo porque é uma voz e uma ideia com que quero que a minha filha cresça.
Eu gosto da Lizzo porque ela sabe o poder de uma boa piada, de um bom refrão ou de um bom palavrão. Gosto da Lizzo porque acreditou que a Aretha Franklin deve ainda ser um Norte para exigir respeito e fazer um disco — e, por isso, fez um disco sob o signo da Diva Maior, e o resultado deixa-me orgulhoso e lacra as invejosas. Eu gosto da Lizzo porque ela rima como (e com) a Missy Elliott e toca flauta transversal como o Ron Burgundy e habilita-se, ao terceiro disco, a ser um ícone de iguais proporções. Eu gosto da Lizzo porque ela é trap, hip hop, R&B, soul, funk, Prince, Aretha e Missy, tudo numa grande mulher, uma ótima voz, um prolífero flow, uma presença confiante e contagiante, com uma visão maior do que pode uma mulher com um bom refrão.
Eu gosto da Lizzo e gosto quando um disco me faz sentir assim.
Não gostas quando isso acontece, Mário?
Quim Albergaria é um pai e marido que toca nos PAUS e cantava nos Vicious Five. Fala e escreve por profissão, come e bebe por natureza. Moderado evangélico da Livreza e Bacanidão, conversa com Mário Lopes todas as semanas na Antena 3, em O Disco Disse.