Já ouviste isto, Quim, estes metais bem metidos ali no groove das canções? Ora aí está uma bela novidade. Na verdade, tinha que haver surpresas, não é? Os X-Wife, que ali na alvorada do século XXI nos mostraram música à século XXI, com espírito rock’n’roll e balanço de pista de dança, ligados em tempo real, e em rede, ao que pulsava pelo mundo (século XXI, lá está), andavam silenciosos desde 2015 e não editavam álbum novo desde 2011. Anunciaram o regresso, e é isto: metais bem metidos em algumas canções, a guitarra a chocalhar aquele funk-punk bem medido, e, noutras canções, as eletrónicas a tornarem-se fio condutor de uma forma mais declarada que antes — nós bem sabemos o que andaram a fazer o Rui “Mirror People” Maia e o João “White Haus” Vieira entretanto, e isso nota-se agora.
Mas quando os três se juntam — há o Rui, o João e o Fernando Sousa, baixista —, os X-Wife continuarão sempre a ser os X-Wife. E é fixe que isso se note, nisso concordamos os dois sem restrições. A cultura pop está entranhada neles, continuam com a cabeça cheia de discos (os Suicide, os Roxy Music, os Kraftwerk, o Bowie, os LCD Soundsystem, entre tantos outros), continuam, sem nos cansarem com repetição, fiéis à sua ideia original. Os X-Wife estão de volta e não enganam. Roda aí esse disco, Quim, que já calcei os sapatos para dançar.
Mário Lopes é jornalista e crítico musical no Público e fala com Quim Albergaria todas as semanas na Antena 3, em O Disco Disse.