Esta é fácil, Quim. É fácil porque nos encontramos e nos abraçamos com felicidade ao som de coisas assim: guitarra a mover-se com ágil elegância, e o órgão, febril de eletricidade, a abrir caminho para este mundo de maravilhas. É fácil porque é rock’n’roll feito por quatro mulheres de experiência feita na cena de Seattle, produzidas por Ty Segall no álbum anterior, Weirdo Shrine, e que, entretanto mudadas para Los Angeles, criaram neste Floating Features um compêndio de boa agitação, imaginário irresistível e bom gosto impoluto.
Isto é surf-rock e western spaghetti, são girl groups e o espírito garageiro dos anos 1960. São canções de corpo inteiro e um som que nos transporta para um mundo de luz e sombras. Abre-se o salão de baile, e melhor é que nos livremos dos fatos de gala, que isto é para dançar a sério.
Esta é fácil para nós, Quim, mas não é fácil fazer isto parecer tão simples. La Luz, então. Shana Cleveland a cantar e na guitarra, Marian Li Pino na bateria, Alice Sendahl nas teclas, Lena Simon no baixo (e todas elas nos coros indispensáveis à alquimia das canções). Irresistível. Tão fácil.
Mário Lopes é jornalista e crítico musical no Público e fala com Quim Albergaria todas as semanas na Antena 3, em O Disco Disse.