Confesso – é a minha primeira vez em Peso da Régua. Levo anos de atraso e arrependo-me rapidamente do que não fiz assim que chego ao Alto Douro Vinhateiro, de microfone às costas para reportar a 3ª edição do Douro Rock.
A 3.ª edição do Douro Rock terminou em grande ao som dos xutos que nos presentearam com um alinhamento especial. Antes, The Legendary Tigerman deu um concerto de rock incrível, com o público já aquecido pelos The Twist Connection, e ainda houve tempo para o hip-hop da nova geração com Mishlawi. Nós, não podíamos pedir mais nem melhor. Esperamos que todos se tenham divertido ao som da melhor música nacional.Vídeo de Paulo Angelico Sampaio e Criaturas Criativas.#dourorock #pesodaregua
Publicado por Douro Rock em Domingo, 12 de Agosto de 2018
A ideia principal deste festival é que este seja um projeto a longo prazo e que vá evoluindo cada vez com menos margem de erro, confirmou à 3 Miguel Candeias, da organização do festival – o homem que, com metade do coração entregue à música, não hesitou em juntá-lo à sua outra metade – um lugar simbólico que encontrou nesta latitude de luz dourada, socalcos verdes e rio azul chamada Peso da Régua.
É certo que fazer um festival num lugar que é Património da Humanidade não é para todos, mas José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara Municipal, não deixa margem para dúvidas: “Este festival é um orgulho para nós”, contou-me. Miguel Candeias sorri quando ouve estas palavras. A verdade é que, ainda com pouco tempo de vida, o Douro Rock é já um motivo para celebrar quem vive na Régua e não esquece uma juventude sub-20 que tem cada vez mais força: “O festival chama-se Douro Rock, mas quisemos muito chamar mais gerações ao festival e por isso incluímos no cartaz o Kappa Jotta e o Mishlawi” – é a justificação de Miguel Candeias para o facto de ter chamado dois dos nomes da cena hip-hop nacional contemporânea a um festival que apregoa ser de rock português. Bom, Miguel Candeias tinha razão e a certeza consolidou-se mais uma vez, assim que Kappa Jotta subiu ao palco do Douro Rock, ontem à noite. Foi um dos momentos alto desta edição do festival e com direito, no final do concerto, a fila demorada de fãs no backstage para a foto da praxe.
Olhando ainda para ontem, não consigo não falar no concerto do Samuel. Samuel Úria esteve no Douro Rock a cantar em português, claro, e a voltar aos temas do início da sua profecia musical. E ainda bem, eu tinha saudades das canções do Samuel e daquele rock rascunhado do princípio. Houve aplausos e orgulho desmesurado de uma legião de fãs na primeira fila que cantou, irrepreensível e de pulmões abertos, as palavras do mestre Úria. E ontem, vi algo que não via há muito num festival: a devoção. Mas aquela devoção real – que deixa as mãos a tremer e os olhos a brilhar só pelo desejo de olhar para alguém que tanto admiras e de teres esse olhar de volta: vi filas de pessoas à porta do camarim para conhecer o Samuel Úria e vi crianças cujo maior desejo, ontem, era conhecer quem lhes canta as canções preferidas.
Ouvi ontem à noite que em Peso da Régua, quando todos se juntam, é a Régua em peso. É mais ou menos isso que agora, enquanto vos escrevo, está a acontecer no palco do Douro Rock ao som de Legendary Tigerman e de Motorcycle Boy, um dos novos de “Misfit”. Para o fim – e já que ficaram a ler isto até aqui, quero só dizer mais uma coisa: Se um dia passarem por cá, por Peso da Régua, saibam que existe um segredo chamado Douro Rock. Tem gente de coração puro, uma natureza de sonho, um vinho incrível e uma gentileza que julguei perdida. Foi o que me prometeram: um fim-de-semana de felicidade.
A cobertura e reportagem do Douro Rock 2018 ficou a cargo de Vanessa Augusto. Fotos gentilmente cedidas pela organização.