Saltar para o conteúdo
    • Notícias
    • Desporto
    • Televisão
    • Rádio
    • RTP Play
    • RTP Palco
    • Zigzag Play
    • RTP Ensina
    • RTP Arquivos
Antena 3
  • Programas
  • Podcasts
  • Vídeos
  • Artigos
  • Agenda
  • O que já tocou
  • Programação
  • Aceder ao Instagram da Antena 3
  • Aceder ao YouTube da Antena 3
  • Aceder ao WhatsApp da Antena 3

_

_

NO AR
PROGRAMAÇÃO O QUE JÁ TOCOU
Imagem de Ricardo Martins
Oub'lá 2 jan, 2017, 08:00

Ricardo Martins

Imagem de Ricardo Martins
Oub'lá 2 jan, 2017, 08:00

Ricardo Martins

 

O baterista que gosta de pôr a bateria a falar

 

Ricardo Martins não é um baterista convencional. Nele encontramos uma sensibilidade musical e uma linguagem muito próprias que o transformam num músico com o talento raro de criar as suas próprias composições. Já o ouvimos em Adorno, Lobster ou Cangarra; também como baterista de Jibóia e até fez um (brilhante) disco a meias com Filho da Mãe (Tormenta), Mas Ricardo Martins nunca se limita a ser a base para canções: ele desafia-se e vai sempre à procura de, com as baquetas, tarolas, bombos e timbalões, ter uma voz ativa na criação.

Em 2016, o Ricardo Martins voltou a desafiar-se. Pediu ajuda a Bernardo Barata, produtor e músico (Diabo na Cruz, Oioai), para a construção de um disco a solo de bateria. Um trabalho meio experimental, reativo, de muita liberdade criativa, ao mesmo tempo que foi também de pressão. A ideia foi gravar uma canção todos os meses para depois ser publicada no Soundcloud da editora londrina Jeff. O álbum foi crescendo: de “Janeiro” até “Dezembro” são 12 meses e são também 12 canções — isso mesmo, canções, não experiências sonoras — que podem ser ouvidas — e quase enotadas — online e que, daqui a um par de semanas, vão conhecer uma edição física em vinil.

Fomos ter ao estúdio com Ricardo Martins e com Bernardo Barata, lá para os lados de Alvalade, no dia em que se preparavam para registar a derradeira faixa do projeto. O baterista estava ainda meio atordoado com o jet leg da viagem de muitas horas que tinha feito entre Luanda e Lisboa com várias e longas escalas. Artista que é artista abraça as sensações e isso não foi um impeditivo de nada — às tantas até pode ter sido um bocadinho de jindungo para apimentar a gravação do último tema do álbum.

 

Ricardo, a aventura de fazer uma música por mês durante um ano está a chegar ao fim. Como é que se sente nesta altura: será como um pai à espera de ver o filho a nascer?

Ricardo Martins (RM) — É estranho, porque parece que já nasceu! Chego mais ao final do ano a pensar no que posso fazer já a seguir e a não querer estar tanto tempo parado. Acho que em 2017, o desafio não vai ser mensal, para poder mudar as regras do jogo, mas fico com a vontade de prolongar já o trabalho. Mas estou super ansioso de ter o disco! Vou ouvindo a playlist que a [editora] Jeff faz, mas agora com o Bernardo ainda falta fazer o trabalho de mistura a pensar em disco.

 

Explica-nos lá esta ideia de fazer este disco: fazer uma música por mês. Mas tinhas alguma previsão de como é que este trabalho poderia vir a soar?

RM — Eu já tinha tocado a solo, com pedais [de loops] há uns quatro ou cinco anos. Como estou sempre a pensar em música e quero sempre fazer várias coisas, houve um período em que queria fazer muito mais música do que aquela que estava a fazer com as bandas. Foi uma fase em que comecei a ouvir os discos do Max Roach, a consumir tudo o que conseguia encontrar dele, e tropecei num ensemble dele, chamado M’Boom, e fiquei a pensar que queria fazer algo só com bateria, sem me proteger atrás de delays.

 

Mas arrancaste sem teres nada definido em termos estéticos?

RM — Eu já tinha gravado duas músicas com o Bernardo, que acabaram por ficar guardadas em “Pastas Temporárias” — que até estão no SoundCloud. Tínhamos gravado com o Bernardo como Cangarra e foi muito bom. Na altura falámos logo que seria fixe gravar qualquer coisa de bateria. E quando pensei em avançar para o disco, falei com o Bernardo e tivemos esta ideia de ser uma gravação mensal, para eu me obrigar a fazer uma música todos os meses. Na altura, se calhar, fui um pouco ingénuo: pensei em fazer uma música que refletisse o meu mês.

 

Isso é impossível?

RM — É completamente impossível. Se refletir alguma coisa é aquele dia da gravação.

Bernardo Barata (BB) — Mas não sei se não houve alguns meses que não tiveram mesmo a ver com o mês em si. Às vezes chegavas aqui com uma ideia, que era, basicamente, um ritmo — ou um loop base — que se calhar vinha de alguma coisa que andaste a fazer.

RM — Nessa dimensão sim, mas eu pensava numa dimensão mais romântica: se for um mês mais depressivo a música vai sair super-down!

BB — (Risos)

 

“O Ricardo vê a bateria de uma forma um bocado especial. A bateria pode ser apenas um elemento de uma canção, com um papel muito definido, mas também pode ser algo radicalmente diferente e é aí que o Ricardo brilha” — Bernardo Barata

 

No SoundCloud da Jeff podemos também ver as capas que foram feitas para cada faixa. E curioso que começam por ser capas azuis e as cores depois vão aquecendo ao longo do alinhamento até chegarmos ao laranja e vermelho do fim do ano.

RM — Isso foi um bocado a minha cabeça de designer a trabalhar! Houve uma relação na minha cabeça com a escala de Beaufort, que classifica a intensidade dos ventos, desde a leve brisa até ao furacão. Os símbolos que aparecem nas capas também são correspondentes a essa escala, a cada um desses níveis.

 

Achas que essa escala de intensidade de ventos se reflete na sonoridade deste disco?

RM — Acho que não. Acho que é outra dimensão. A minha ideia era mais criar a rotina de ir compondo coisas em estúdio, de aprender os nossos pequenos truques aqui em estúdio para adensar as canções. Mas essa intensidade da escala de Beaufort é a um nível mais pessoal, porque quando ponho a tocar a “Março” ou a “Outubro, a nível musical não se traduzem, propriamente, como sendo uma faixa calma ou muito caótica. Seguir esse princípio, na verdade, ia tornar o disco muito rígido.

 

Começou por ser um disco teu, só contigo a tocar, mas tornou-se num processo muito mais colaborativo ao longo dos meses. O que foi passando de azul, para vermelho e depois para laranja foi a relação entre ti e o Bernardo, enquanto músico e produtor. Tu na bateria e ele na régie. Como é que o Bernardo entra neste processo?

RM — O disco de Cangarra foi gravado há já bastante tempo — mais de dois anos, talvez. E adorei trabalhar com o Bernardo e fazia todo o sentido esta cena a solo passar por este pingue-pongue que vamos fazendo. Foi-se tornando, cada vez mais, num diálogo. Às vezes tenho uma ideia sónica, digo duas ou três palavras meio vagas, e ele faz uma tradução incrível e vai buscar o som!

 

“Foram 12 músicas e até certa altura, a meio do ano, até me punha a pensar no que é que podia fazer mais! Mas depois acabou por nunca ser um problema: de mês a mês surgem coisas que até podem ser simples, como um microfone novo que o Bernardo pode comprar e com que vamos brincando” — Ricardo Martins

 

Bernardo, nunca tinhas feito um projeto como este, até porque discos como este não são assim tão comuns.

BB — Pois, não são. Nunca tinha feito nada deste género, a não ser uma experiência com um violinista — que era a reação a um filme, tocada à frente de um ecrã. Eu gostei logo muito do Ricardo e é uma coisa pessoal que vai para lá da música, mas por outro lado, por poder “disparatar” sonicamente tem-me vindo a dar um gozo do caraças, porque é o que me falta, em grande parte, nas outras coisas em que estou envolvido, que são mais rígidas, onde não dá para fazer isso.

 

Enquanto produtor e técnico de som, também foi um desafio criar um disco de bateria?

BB — É engraçado: foi bastante natural! Quando explico este trabalho que estou a fazer com o Ricardo a pessoas que não estão bem a par, uma boa parte delas ficam a estranhar e pensam que é uma grande seca! Mas depois quando as ponho a ouvir o disco percebem que não é bem assim. O Ricardo vê a bateria de uma forma um bocado especial. A bateria pode ser apenas um elemento de uma canção, com um papel muito definido, mas também pode ser algo radicalmente diferente e é aí que o Ricardo brilha, porque tira sons, porque inventa, porque não se segue pela lógica do elemento bateria como a base de uma canção. Até tem sido fácil, caso contrário não conseguíamos fazer isto num dia, que foi o que nos propusemos.

 

Ricardo, como é que começaste a ver a bateria desta forma?

RM — A certa altura comecei a perceber que ligava muito mais à componente melódica da bateria e que, para mim, é superimportante de explorar. Criei as ideias das frases musical. Por acaso toco bateria, mas podia tocar qualquer coisa qualquer. Houve uma série de discos em que fui tropeçando e tudo o que me atraia nesses álbuns e nos bateristas era a característica de estarem a “falar”. Os discos do Max Roach, do Han Bennink, o Milford Graves foram-me dando pistas… de resto sou eu a tocar, muitas vezes sozinho, no meu mundo.

 

“A intensidade da escala de Beaufort é a um nível mais pessoal, porque quando ponho a tocar a ‘Março’ ou a ‘Outubro’, a nível musical não se traduzem, propriamente, como sendo uma faixa calma ou muito caótica. Seguir esse princípio, na verdade, ia tornar o disco muito rígido” — Ricardo Martins

 

Já vêm para estúdio com as ideias definidas antes de cada sessão, Ricardo? Já sabes o que vais gravar hoje?

RM — Eu cheguei há dois dias de espetáculos de teatro em Luanda com a Companhia João Garcia Miguel e dei um par de workshops. Estive montes de tempos a tocar e surgiram duas ou três coisas que gravei no meu telemóvel em formato-chunga, para não me esquecer, e essa faixa de “Dezembro” vai passar por aí, bem como uma série de ritmos mais ligados a Angola que me atraíram bastante.

 

Hoje vais tentar fugir ao que fizeste em novembro?

RM — Não. Eu tento sempre não esquecer o que fiz o mês passado, a pensar já no disco.

 

Pelo que vi na bateria que está montada ali na sala, nesta última faixa não vais usar pratos. É uma marca da tal experiência em Angola, de teres absorvido se calhar mais o batuque e os ritmos de Luanda? São essas experiências que marcam a identidade das faixas?

RM — Acho que nunca é tão linear. Mas sei que quero usar uma ideia que existe quase do reco-reco, que existe na música angolana dos anos 1970, e que eu gosto bastante. Não usar pratos é ir aos poucos gerar novidade. Foram 12 músicas e até certa altura, a meio do ano, até me punha a pensar no que é que podia fazer mais! Mas depois acabou por nunca ser um problema: de mês a mês surgem coisas que até podem ser simples, como um microfone novo que o Bernardo pode comprar e com que vamos brincando.

 

Este projeto está a chegar ao fim, mas fica uma grande amizade os dois. Está previsto esta colaboração entre músico e produtor continuar a desenvolver-se?

BB — Já estamos a falar nisso!

RM — Ainda está muito na nuvem (risos), mas há um desejo muito grande de fazer uma residência fora, numa ilha, e em duas semanas compor e fazer um disco lá com os dois. Fazermos coisas que nem tenham nada que ver com este projeto a solo. Falou-se no Bernardo levar também instrumentos.

BB — Eu fiquei com vontade de pôr o Ricardo a cantar!

RM — Já houve uma experiência no mês de novembro e a coisa, surpreendentemente, até soou bem! Mas cantar é superestranho para mim!

 

Anterior Seguinte

Pode também gostar

Imagem de Éme

Éme

Imagem de Xinobi

Xinobi

Imagem de Chinaskee & Os Camponeses

Chinaskee & Os Camponeses

Imagem de Saturnia

Saturnia

Imagem de Mogwai

Mogwai

Imagem de Eleanor Friedberger

Eleanor Friedberger

Imagem de Conjunto Corona

Conjunto Corona

Imagem de Sleaford Mods

Sleaford Mods

Imagem de Madrepaz

Madrepaz

Imagem de Black Bombaim

Black Bombaim

PUB
Antena 3

Segue-nos nas redes sociais

Segue-nos nas redes sociais

  • Aceder ao Instagram da Antena 3
  • Aceder ao YouTube da Antena 3
  • Aceder ao WhatsApp da Antena 3

Instala a aplicação RTP Play

  • Apple Store
  • Google Play
  •  Perfil da Rádio
  •  Contactos
  •  Frequências
  •  Programação
Logo RTP RTP
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Youtube
  • flickr
    • NOTÍCIAS
    • DESPORTO
    • TELEVISÃO
    • RÁDIO
    • RTP ARQUIVOS
    • RTP Ensina
    • RTP PLAY
      • EM DIRETO
      • REVER PROGRAMAS
    • CONCURSOS
      • Perguntas frequentes
      • Contactos
    • CONTACTOS
    • Provedora do Telespectador
    • Provedora do Ouvinte
    • ACESSIBILIDADES
    • Satélites
    • A EMPRESA
    • CONSELHO GERAL INDEPENDENTE
    • CONSELHO DE OPINIÃO
    • CONTRATO DE CONCESSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO DE RÁDIO E TELEVISÃO
    • RGPD
      • Gestão das definições de Cookies
Política de Privacidade | Política de Cookies | Termos e Condições | Publicidade
© RTP, Rádio e Televisão de Portugal 2025