A VIII edição dos Jardins Efémeros, a realizar-se em Viseu entre os dias 6 e 10 de julho com o apoio da Antena 3, tem o “Corpo” como tema e uma programação continuamente pensada para crianças, jovens e adultos.
As criações preparadas para esta edição procuram contribuir para uma reflexão sobre a pressão e as novas possibilidades com que a vida humana se debate no mundo atual, tendo por base a convicção de que tal permitirá uma enorme diversidade de abordagens artísticas e pedagógicas, pertinentes e plurais. Num tempo em que a sustentabilidade do planeta e a vida humana estão em frágil equilíbrio, é urgente sensibilizar a população e a comunidade artística para a edificação de um mundo plural, agregador, justo, esperançoso e criativo.
Nas oito categorias em que o programa se divide, o “corpo” — individual e coletivo, no espaço e no tempo — é objeto e sujeito de transformações e interações diversas, cujos pretensos limites éticos podem ser questionáveis pela estética.
O Centro Histórico de Viseu será novamente transformado num espaço em que o pensamento experimenta novos contornos com a comunidade, servindo de palco para criações artísticas nas áreas da arquitetura, das artes visuais, do som, da dança, do teatro, do cinema, da pólis, das oficinas e dos mercados, pela mão de artistas locais, nacionais e internacionais.
A intervenção na praça principal, a Praça D. Duarte, cabe à escultora Fernanda Fragateiro. Toda a Paisagem Não Está em Parte Nenhuma propõe uma reflexão da cidade como uma forma de paisagem, introduzindo uma construção escultórica que “modifique a espacialidade da praça e simultaneamente transforme a contemplação em atualidade, a observação em deambulação e o observador num ativador do lugar”. A criação cruza a escultura, a linguagem verbal e o espaço urbano envolvente e foi pensada para ser percorrida pelo corpo “num jogo de fora e dentro, de ligações e atravessamentos, numa experiência para o corpo e para o olhar dos visitantes, de todas as idades”. Ficará patente ao público até ao dia 3 de agosto.
A exposição Dark Forces, no Museu Nacional Grão Vasco, revisita o verão de 2003 com uma instalação de fotografias e vídeo captados nas áreas florestais perto de Viseu depois da destruição causada pelos fogos. Nuno Cera investiga o que está para além da realidade apresentada pelos media, dá-nos a entender a beleza do cenário da terra queimada, dá vida a imagens poéticas, intemporais, que partilham o passado com a visão dos nossos dias — a beleza da natureza. Estará patente ao público até ao dia 15 de agosto.
A partir da utilização de um objeto comum, de baixo custo, moldável, modular, transportável e reciclável, Liliana Velho e Rafael Gomes conceberam um espaço de convívio no Largo Pintor Gata. Choca-me é composta por peças de mobiliário exterior criadas a partir de caixas de ovos.
Artistas locais e emergentes voltam a ter ponto de encontro num edifício desocupado do centro histórico da cidade, na Rua Direita, com exposições e instalações que têm por base reflexões sobre o papel do corpo.
Dos momentos programados na categoria Som, destacam-se as presenças, no primeiro dia, 6 de julho, da artista visual e de música experimental francesa Félicia Atkinson, do artista multidisciplinar luso-angolano Nástio Mosquito, do compositor sérvio Abul Mogard e da produtora e artista sonora espanhola JASSS; no sábado, dia 7, da artista colombiana Lucrecia Dalt, das lendárias nova-iorquinas ESG, do projeto de música experimental e poesia sonora Cindytalk, das sonoridades viscerais do duo experimental japonês Group A e da jovem portuguesa Nídia, da editora Príncipe; e, no dia 8, quatro bandas locais — The Dirty Coal Train, Volcano Skin, Basalto e Galo Cant’às Duas — farão um showcase na Praça D. Duarte, as irmãs suecas Ectoplasm Girls apresentarão o seu projeto audiovisual no Museu Nacional Grão Vasco, e o ensemble musical e tradicional iraniano Mehriyan ocupará o adro da Igreja da Misericórdia.
Ainda na mesma categoria, a residência artística de André Gonçalves e Casper Clausen transformará uma loja desocupada num estúdio temporário durante os cinco dias do evento. Haverá também a performance do artista e investigador indiano Budhaditya Chattopadhyay e a apresentação de Gabriel Ferrandini e Ricardo Martins a ecoar na Praça D. Duarte.
Na rubrica Pólis, o projeto O Meu Corpo É o Meu Jardim nasceu de uma parceria entre a organização dos Jardins Efémeros, a FIAN Portugal, os arquitetos Nuno Vasconcelos e Luís Seixas, o Agrupamento de Escolas Grão Vasco de Viseu, a Ordem dos Nutricionistas e a técnica de origami Cristina Baccari. O programa contempla várias ações e pretende ser um contributo para a sensibilização e a consciencialização cívica dos diversos públicos para um direito humano fundamental: o direito a uma alimentação e uma nutrição adequadas.
O Meu Corpo É o Meu Campo de Batalha é um projeto com os alunos de Artes de escolas secundárias e do Instituto Superior de Viseu, que, a partir de reflexões sobre a obra mais emblemática da artista Barbara Kruger, Your Body Is a Battleground, intervencionarão lojas e espaços da rua mais tradicional de Viseu, a Rua Direita.
Idade Maior, de Vanda Rodrigues, pretende desfazer a associação entre a velhice e o declínio físico e psicológico e procura aproximar e estabelecer relações entre gerações. O projeto integra várias ações em parceria com instituições, lares de idosos e jardins-de-infância de Viseu.
Corpos Sejam Bem-vindos é uma exposição coletiva, resultante de um concurso de fotografia promovido pela Rede de Jovens para a Igualdade no âmbito do Viseu Jovem pela Igualdade, que pretende dar visibilidade às causas feministas e promover a utilização da fotografia enquanto ferramenta para o ativismo e para o despertar de consciências.
Comunidades Ciganas em Acção é um projeto que integra uma tertúlia e uma curta-metragem sobre a cultura cigana e um jantar tradicional cigano aberto ao público.
A Escola Profissional Mariana Seixas acolhe novamente o projeto de oficinas para os mais novos criado em 2015, a Casa do Sonho, em que a pluralidade de escolhas continua: há sons para escutar, cozinha saudável para saborear, passos de dança para aprender, fotografias e desenhos para criar, jogos e truques para descobrir, cidadania para debater, momentos de lazer e convívio entre pais e filhos. As oficinas gerais estão divididas por faixas etárias e contemplam as mesmas áreas de intervenção. São 24 oficinas, com 796 vagas distribuídas por 45 sessões.
Também haverá novamente cinema ao ar livre na Praça D. Duarte, com o filme de abertura, Stop Making Sense, de Jonathan Demme, e Isabel Nogueira desenhou um programa fílmico que nos transporta para várias aceções do corpo com Maya Deren, James Whale, Wong Kar-wai ou David Lynch.
Os Mercados Efémeros e Informais voltam a estar presentes com produtos biológicos, regionais e artesanais, sons e letras, antiguidades, peças orientais, restaurantes, espaço para massagens e uma galeria efémera — loja, espaço de exposições, sala de estar e festa.
Toda a programação e demais informações no site oficial: http://jardinsefemeros.pt
Jardins Efémeros
Data: 6 a 10 julho 2018 (sexta a terça-feira)
Local: Viseu
Bilhetes: entrada livre