Na próxima quinta-feira, dia 9 de março, celebram-se os 30 anos de um dos mais importantes discos da história da música contemporânea. The Joshua Tree foi o quinto álbum da discografia dos U2, o disco que aproximou a banda de Bono Vox, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. dos EUA.
A Antena 3 vai celebrar estas três década durante toda a semana para recordar um dos mais seminais discos da década de 1980.
Estas são 15 histórias à volta de The Joshua Tree.
1 – Estados Unidos de U2
The Joshua Tree é o álbum mais americano dos U2. A começar pela sessão fotográfica com a banda feita pelo holandês Anton Corbijn no deserto de Mojave e Colorado (no Parque Nacional de Joshua Tree); passando pelas influências assumidas pela banda irlandesa nas raízes da música americana, como o blues, mas também na literatura de escritores sulistas. Na altura de gravar o disco com Daniel Lanois e Brian Eno, os U2 decidiram ficar por Dublin, ainda que tenham trocado de estúdio: os três primeiros discos foram registados em Windmill Lane, Unforgettable Fire no castelo de Sloane e The Joshua Tree na Casa Danesmoate, uma mansão georgiana na região de Rathfarnham.
2 – Uma banda esgotada
No final das gravações, em janeiro de 1987, a banda estava exausta. “Toda a gente estava doente e cansada”, disse o produtor Daniel Lanois em entrevista ao Hot Press. “Menos uma: o The Edge. Ele é o bibliotecário da banda, ele foi a única pessoa que conseguiu ficar de pé depois de fazer isto. Foi ele que saiu, sequenciou o álbum e mandou-o para a masterização.”
3 – As canções do deserto
Bono Vox quis ver o deserto representado no disco depois deu uma viagem com a mulher, Ali, à Etiópia. Em entrevista à Rolling Stone, Bono diz ter visto “poços de pobreza”, mas pessoas com um espírito muito forte, ao passo que o mundo ocidental era muito mimado. “Eles podem viver num deserto físico, mas nós temos outros tipos de desertos.” The Joshua Tree esteve para se chamar The Desert Songs.
4 – As boas intenções de Brian Eno
O produtor Brian Eno esteve para destruir a gravação de “Where the Streets Have No Name”, alegando que a banda não estava a conseguir encontrar o caminho certo e seria melhor começar tudo de novo. Diz a história que Eno, com boas intenções, tentou fingir um acidente e preparou as fitas em estúdio para que fossem regravadas. Foi o engenheiro de som Pat McCarthy que impediu que isso acontecesse.
5 – Novidade nas edições
The Joshua Tree foi o primeiro grande lançamento a ser editado em disco de vinil, cassete e CD – tudo ao mesmo tempo. Até então, era prática comum editar o CD apenas umas semanas depois.
6 – Números
O álbum passou nove semanas no primeiro lugar da tabela de vendas nos EUA, chegando ao topo em 20 países. Foi o primeiro disco a chegar ao milhão de vendas de CDs. É um dos discos mais vendidos na história da música, com mais de 25 milhões de cópias. Os U2 venceram, em 1988, o Grammy de Melhor disco do Ano.
7 – Dúvidas de Bono… e de McGuiness
O tema “With or Without You” fala das guerras interiores de Bono Vox em ser, ao mesmo tempo, músico e um homem casado. No processo de escrita da canção, acabou por se aperceber que não é nenhum dos papéis o define: ele é quem é por causa da tensão entre as duas fações. O manager da banda, Paul McGuinness, não acreditava que o tema tivesse potencial para ser um tema single. Foi um amigo de infância de Bono, Gavin Friday, que convenceu o agente e a banda que era um hit pela certa. “With or Without You” foi o primeiro single dos U2 a atingir o topo da tabela de vendas de singles nos EUA.
8 – O melhor riff de sempre
No livro U2 by U2, o guitarrista The Edge conta que o tema “Where The Streets Have No Name” foi composto num gravador de quatro pistas, chamando-lhe “a melhor canção e riff de guitarra da [sua] vida”. O músico diz ainda que depois de terminar a primeira versão do tema desatou a dançar e a atirar os braços para o ar em sinal de celebração.
9 – O lado B que foi reaproveitado
Uma das canções que não entrou no alinhamento de The Joshua Tree foi “The Sweetest Thing”, um dos grandes hinos da carreira dos U2. A versão original foi incluída no lado B do single “Where the Streets Have No Name” e foi uma dedicatória de Bono à mulher que serviu como um pedido de desculpas por ter que trabalhar no estúdio nas sessões de gravação. O tema, como se sabe, foi reeditado em 1998 em The Best of 1980-1990, a primeira grande compilação da banda.
10 – Homenagem ao amigo
O nono tema do disco, “One Tree Hill”, é dedicado a Greg Carroll, ajudante pessoal de Bono que morreu num acidente de mota em Dublin, em 1986. “One Tree Hill” é o nome de um pico vulcânico na terra-natal de Carroll, na Nova Zelândia.
I don’t believe in painted roses
Or bleeding hearts
While bullets rape the night of the merciful
I’ll see you again
When the stars fall from the sky
And the moon has turned red
Over One Tree Hill
11 – Inédito
A faixa número 6, “Red Hill Mining Town”, nunca foi tocada em concerto.
12 – A estreia ao vivo
O primeiro concerto da digressão de The Joshua Tree foi em Tempe, no Arizona, a 2 de abril de 1987. As longas semanas de ensaios levaram a que Bono Vox se estreasse, praticamente, sem voz. Depois de uma noite de descanso, Bono regressou ao mesmo palco, a 4 de abril, completamente recuperado.
13 – Os irmãos Dalton
Fatos de cowboy e perucas em palco. Músicos disfarçados a tocar versões de “Lucille”, de Little Richard, e de “Lost Highway”, de Hank Williams. Eis os misteriosos Dalton Brothers, que apareceram nos concertos de abertura dos U2 na digressão americana entre os BoDeans e os Los Lobos. Os Dalton eram, na verdade, os irlandeses a satisfazer os desejos de interpretar western-country.
14 – A árvore do deserto
A icónica árvore de Joshua do deserto de Mojave que aparece nas fotos do disco tornou-se num destino turístico de muitos fãs – e não só – dos U2. No entanto, a árvore caiu em 2000, tendo sido colocada uma placa no chão onde se lê: “Have you found what you’re looking for?”
15 – EUA preservam o disco
Em 2014, The Joshua Tree foi adicionado à lista de discos preservados pela Biblioteca do Congresso dos EUA “pela sua importância cultural, histórica e estética”.
Bruno Martins