A festa dos 40 anos foi choramingas, mas bonita
Não há lugar no mundo com maior concentração de “geeks” que uma Celebration Star Wars. Vêm de todas as partes, têm as fatiotas mais ridículas ou mais “cool” (depende da perspetiva) e ficam felizes da vida.
Em Orlando foi ainda mais especial. A saga fazia 40 anos e a enchente foi total — mais de 60 mil pessoas diziam… Foi igualmente uma Celebração muito emocional (em todos os painéis era ver a lágrima no canto do olho do fã). Primeiro pelos tributos à Princesa Leia. Carrie Fisher foi um dos principais motivos para a choradeira geral, mas também o efeito nostálgico. 1977, data da estreia do primeiro Star Wars, está lá bem atrás. E os fãs que o viram em cinema e que começaram o culto têm mais de 50, 60 ou 70 anos, embora ainda se sintam putos. Quem esteve no painel do 40th Anniversary foi manipulado pelas imagens do passado, pela visita de Harrison Ford, que, afinal respeita muito os fãs, e pela música, neste caso tocada ao vivo pela Filarmónica de Orlando, com direção do “monstro” John Williams (quando este pediu silêncio, os fãs que antes gritavam de alegria, calaram-se numa fração de segundo…).
Mas quem esteve no Orlando Orange County Convention Centre percebe que ser Peter Pan desta maneira não é doença, é uma forma de vida. Os fãs são fiéis e funcionam com uma comunidade. Às duas por três, quem não é realmente expert na matéria Star Wars fica com vontade de pertencer à família, especialmente depois de ver o avô, o pai e o neto vestidos de Darth Vader ou de perceber que há speed-dates para encontramos a nossa cara metade.
“[Sobre Star Wars: Os Últimos Jedi] o que se pode intuir é que se trata de um filme onde poderão surgir surpresas na intriga (afinal, Luke passou para o lado negro da Força?) e que poderá haver uma aposta forte no peso trágico, tal como acontecia em O Império Contra-Ataca”
À parte do efeito de feira e de hipermercado de merchandising, a Celebração serviu para o realizador Rian Johnson contar coisas sobre Star Wars: Episódio VIII – Os Últimos Jedi e mostrar o teaser-trailer. Ficámos a saber que Luke Skywalker será o protagonista, juntamente com Rey e que Kylo Ren vai continuar a atazanar os Rebeldes. Johnson não quis ser spoiler mas foi lindo perceber a sua química com os fãs (soube-se que na madrugada anterior foi visitar a fila daqueles que dormiam ao relento para garantir entrada no auditório do painel Star Wars: The Last Jedi). O realizador de Looper parece estar no céu com esta oportunidade de retomar o processo de renovação desta saga iniciado por JJ Abrams (o grande ausente desta celebração). Do que se pode intuir é que se trata de um filme onde poderão surgir surpresas na intriga (afinal, Luke passou para o lado negro da Força?) e que poderá haver uma aposta forte no peso trágico, tal como acontecia em O Império Contra-Ataca.
John Boyega (a personagem Finn) fez questão de afirmar bem alto que desta vez está mais action hero: “Ele não vai brincar!”. Também Daisy Ridley (Rey) disse algo que intrigou os fãs: “Conhecer o Luke Skywalker é como conhecermos aquele herói que tanto admirámos mas que depois faz-nos ficar com uma outra ideia sobre ele…”
“Quem esteve no Orlando Orange County Convention Centre percebe que ser Peter Pan desta maneira não é doença, é uma forma de vida. Às duas por três, quem não é realmente expert na matéria Star Wars fica com vontade de pertencer à família, especialmente depois de ver o avô, o pai e o neto vestidos de Darth Vader ou de perceber que há speed-dates para encontramos a nossa cara metade”
De todos os momentos desta Celebração, há um que ficará na memória: quando Mark Hamill, num painel sobre ele próprio, diz de coração nas mãos que não sabe como ficou com o papel: “Concorri contra o Robby Benson, o William Kat e o Kurt Russell. Todos eles seriam grandes Luke Skywalker!”. Pareceu ser sincero. Os fãs foram ao rubro.
Na despedida, percebi também que quatro dias e noites não suficientes para absorver tudo. Não vi todas as cabines dos colecionadores, apenas espreitei de relance a Universidade Star Wars, onde podemos ficar com um curso sobre toda a arca da história da saga, dos videojogos aos comics, passando pelas séries televisivas; e fui num ápice aos Hollywood Studios da Disney onde se realizou a Galaxy Night, uma noite onde tudo naquele parque temático estava relacionado com a galáxia Star Wars.
“O universo Star Wars é infindável e uma máquina de fazer dinheiro. Um autógrafo de Sarah Michelle Gellar, que apenas dá a voz numa das séries, custa 150 dólares e é preciso ficar na fila horas…”
No fim, ofertas de pins, crachás e cartas de jogos. O universo Star Wars é infindável e uma máquina de fazer dinheiro. Um autógrafo de Sarah Michelle Gellar, que apenas dá a voz numa das séries, custa 150 dólares e é preciso ficar na fila horas…
Regresso a Lisboa com ganas de ficar para sempre com 12 anos…
Texto: Rui Pedro Tendinha, em Orlando