1. “Break on Through (To the Other Side)”
É curioso que esta tenha sido a primeira tentativa dos Doors saborearem o sucesso. Contudo, “Break on Through” não fez carreira na rádio, talvez por ser demasiado ousado para a época. O certo é que este tema vingou e tornou-se um dos grandes hits da banda. Ninguém consegue não mexer o pé perante o arranjo bossa nova de John Densmore nos primeiros segundos da faixa.
2. “Soul Kitchen”
Todos temos um bar/restaurante que é o nosso sítio preferido, aquele que utilizamos como segundo refúgio, onde não precisamos de ser simpáticos e podemos, simplesmente, pedir um café e ver o mar. “Soul Kitchen” é a ode de Jim Morrison perante “Olivia’s”, em Venice Beach, onde gostava de se deixar ficar. É daqui que vem a frase que tantas vezes se repete “Learn to Forget”. E convém esclarecer ainda que o riff da guitarra de Krieger é uma homenagem a “Papa’s Got a Brand New Bag”, de James Brown.
3. “The Crystal Ship”
É triste, dura, mas é uma bela canção de amor escrita por Morrison. Ele que sempre foi anti-amor e aqui o exemplifica. É impossível não fazer a metáfora, este barco de cristal pode bem ser uma referência à cor cristal das metanfetaminas. Há ainda quem diga que é também um tributo ao álcool, o grande amor de Morrison. A desilusão supera-se com aditivos.
4. “Twentieth Century Fox”
Profundo sarcasmo. Algo que os Doors sempre carregaram. “Twentieth Century Fox”, além da farpa que manda ao próprio estúdio, aponta para a futilidade, a superficialidade que os sessenta representaram, sobretudo na sua fase mais tardia. “She’s the queen of cool / And she’s the lady who waits”.
5. “Alabama Song (Whisky Bar)”
Escrito por Brecht e publicado em 1927, tendo sido adaptado para ópera por Kurt Weill em 1929, este poema tornou-se um dos grandes temas dos Doors. Obviamente representa esse embate com o álcool, ou, por outra, a luta entre mulheres e whisky.
6. “Light My Fire”
Foi o pontapé de arranque para o sucesso destes quatro. E, para muitos, um dos seus grandes golpes de mestre. Funde jazz e um arranjo latino na guitarra de Krieger, que escreveu este tema. Está lá Miles Davis como estão os Beach Boys. Só é pena que tenham permitido a existência de uma versão reduzida de 3 minutos, que muda drasticamente a textura do tema.
7. “Back Door Man”
Por certo que Howlin Wolf e Willie Dixon, lendas dos blues, não terão ficado chateados com os Doors. É certo que esta é uma cover da música de Wolf, escrita por Dixon, mas ambos só podem ter agradecido uma homenagem destas. O balanço rockeiro que a banda de LA deu a este hino blues é de outro campeonato.
8. “I Looked At You”
Pouco valorizada, esta canção é a maior aproximação dos Doors ao surf-rock, à toalha ao ombro e prancha debaixo do braço. Sendo óbvia essa sensação de maresia e diversão, não deixa de ser bastante jazz, de composição complexa. “And we’re on our way / No we can’t turn back, babe”.
9. “End of the Night”
Uma composição aparentemente pouco complexa. Talvez não só aparentemente. Só que “End of the Night” é uma viagem, muito mais que uma canção. Distorcem-se notas, enquanto Jim Morrison nos convida para um lugar onde nem todos conseguem ir, uma calma sombria, algo não muito distante da morte.
10. “Take It As It Comes”
Das faixas menos depressivas da banda. Com uma mensagem de carpe diem, vai com calma, vai por aí, se escorregares terás de te levantar. E nem sempre, ou quase nunca, Morrison diria para não nos preocuparmos com as coisas más da vida. Até porque ele não o conseguia fazer.
11. “The End”
O melhor fica sempre para o fim. Uma obra-prima que supera a verbalização, que deve ser escutada em silêncio. Onze minutos e trinta e cinco segundos de uma odisseia em direção à morte, de um conformismo elegante, que, na verdade, é antes um poema, muito mais que uma faixa sacada de um disco. Aliás foi esta canção que lhes valeu um contrato. Isto porque Morrison, uma noite no Whisky A Go Go, resolveu improvisar toda a parte edipiana da faixa, apanhando os restantes três elementos da banda de surpresa. Foram despedidos do bar e assinaram pela Elektra. “This is the end / my only friend”.
Miguel Branco
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