Texto e Voz: Pedro Costa | Sonoplastia: Luís Franjoso
Os Clash foram os românticos da explosão punk ocorrida em Londres em 1977. À atitude genuinamente desafiadora do sistema, aliavam a competência artística que, apesar de contraditória quando falamos em punk rock, fez de facto toda a diferença quando comparados aos seus pares da altura. Captaram na perfeição os sinais desses tempos: o contraste entre o otimismo dos anos 60 e o idealismo da era hippie, por um lado, e o lado sombrio e decadente da sociedade da década seguinte, por outro.
“God Save the Queen” e “Anarchy in the U.K.”, dos Sex Pistols, continuam a ser consideradas as canções-símbolo do género punk, mas The Clash é a herança mais duradoura desta época, que transformou, rompendo com o passado, a história da música popular. Editado originalmente a 8 de abril de 1977, o álbum de estreia dos Clash é um testemunho do momento e do contexto físico em que foi criado. Um extraordinário documento, um retrato explosivo de um país à beira da rutura e, ao mesmo tempo, transcrevendo em som e palavras a revolta de toda uma geração face ao status quo da sociedade britânica.
40 anos após o lançamento de The Clash, a Antena 3 assinalou a efeméride em dois momentos diferentes: no próprio dia do aniversário, ouvimos o especial da autoria do Pedro Costa no Domínio Público; e, a 10 de abril, o Nuno Calado recebeu Luís Varatojo para um Indiegente muito especial, com a escuta integral de The Clash.