Neste Dia Internacional da Mulher, a Antena 3 celebra a música portuguesa assinada no feminino. Convidámos dez artistas nacionais a passarem pelos estúdios da 3, ao longo de todo o dia, para assinalarmos a data com conversa e música ao vivo, feita pelas mulheres do nosso país.
GISELA JOÃO
Depois da sua estreia há 10 anos, Gisela João conquistou o mundo e o nosso coração e tornou-se uma das vozes mais imponentes do fado. Começou a cantar, em criança, os fados que ouvia na rádio e mesmo depois de descobrir outras músicas, nunca deixou a primeira paixão. O primeiro álbum saiu em 2013, o mais recente, o terceiro, Aurora, saiu em 2021, revelando-a na intimidade e pela primeira vez a escrever canções.
Partilhou connosco “Meu Amigo Está Longe” – uma das canções que a tornou popular em Portugal e que achou relevante tocar no Dia da Mulher, uma vez que foi a música que a tornou mais mulher e adulta, segundo Gisela João – e o seu single de 2021 “Louca”. Faz parte de Aurora e é uma canção que procura combater a misoginia, registo ideal para o dia em que se defende e luta pela igualdade de género, na poderosíssima voz de Gisela João.
BEATRIZ PESSOA
Beatriz Pessoa vem do jazz e gravou dois EPs entre 2016 e 2018, ano em que também deu voz a uma canção de Mallu Magalhães no Festival da Canção. Em 2021 lançou o seu álbum de estreia Primaveras, gravado no Rio de Janeiro, onde a influência da música brasileira é notória e, na semana passada, lançou PRAZER PRAZER. O seu segundo álbum conta com a produção e direção artística de Marcelo Camelo, numa parceria transatlântica e já tem data marcada para a sua apresentação ao vivo, no dia 20 de abril, no B.Leza, em Lisboa.
Beatriz Pessoa fez-se acompanhar pela Beatriz Fonseca para tocarem “Passou Pequeno” e “Dente D’Ouro” – duas das mais contagiantes canções do seu PRAZER PRAZER.
GOLDEN SLUMBERS
Catarina e Margarida Falcão são as Golden Slumbers, duas irmãs que pegaram no título de uma canção dos The Beatles para criarem, elas próprias, uma identidade musical. Começaram a sua jornada musical em 201 e lançaram o seu EP I Found the Key no ano seguinte. Em 2016, lançaram o seu álbum de estreia The New Messiah e mais recentemente, em 2022, editaram I Love You, Crystal. Embora cada irmã tenha desenvolvido um projeto paralelo, Catarina como Monday e Margaria nos Vaarwell, continuam a surpreender juntas como Golden Slumbers, submersas numa atmosfera etérea de pop cristalina.
Catarina e Margarida cantaram “Woman” – canção que celebra a mulher, revelando uma enorme sororidade feminina – e o mais recente single “Another”, lançado no início de fevereiro.
ANA LUA CAIANO
Ana Lua Caiano estudou piano, jazz e Belas Artes, fez música para filmes e documentários, tudo antes de se dar a conhecer como cantora, compositora e produtora. Criado durante a pandemia, Cheguei Tarde A Ontem é o seu EP de estreia. A artista autossuficiente desenha o futuro da música portuguesa, usando a tradição da música popular como fonte de inspiração, influenciada pelo folclore e adicionando instrumentos eletrónicos na mistura.
Ana Lua Caiano tocou “Olha Maria” – na conversa que teve com Raquel Morão Lopes contou-nos que o tema nos fala de uma mulher portuguesa típica, Maria, que se quer livre e com o pé descalço – e o seu novo single “Mão na Mão” para o segundo EP “Se Dançar é Só Depois”, que nos chega no dia 5 de maio.
DA CHICK
Sempre em boa companhia com Da Chick. Teresa Sousa veio celebrar o Dia Internacional da Mulher com dois temas do seu último álbum “Good Company”: “Pressure” e “Fine by Me”. Lançou o primeiro EP em 2012 e, desde então, que nos brinda com uma mistura de estilos que vão desde disco, a new wave, passando por hip-hop e ainda com uns toques de funk.
RITA VIAN
Algures entre o fado e a eletrónica de vocação mais urbana, Rita Vian encontra espaço para explorar as suas potencialidades vocais e poéticas e revela-se, assim, como uma das vozes mais interessantes da nova música portuguesa. Desde Diagonas, em 2019 e Sereia, EP de 2020, Rita Vian tem vindo a delinear o seu território, não apenas pela voz, intensa como poucas, mas também pela forma como organiza as palavras em canções com substância. “Purga” fez parte da lista de melhores canções do ano, para a Antena 3, em 2021, Caos’a, o EP que vale como álbum, também esteve entre os nossos preferidos desse ano.
SILLY
Maria Bentes é Silly. Nasceu nos Açores, cresceu no Alentejo, vive em Lisboa. A música sempre fez parte da sua vida – estudou guitarra e piano, mais tarde apaixonou-se por hip hop, jazz e bossa nova. Começámos a ouvir falar dela em 2020, com canções como “Além” e “Intencionalmente”. Em 2021, lançou o EP de estreia, Viver Sensivelmente. No final do ano passado, surgiu com uma nova canção: “Água Doce”. Os seus temas, simultaneamente delicados e complexos, estão algures entre a pop mais intimista e o R&B mais futurista e atmosférico.
SURMA
Surma é Débora Umbelino, multi instrumentista, cantora, produtora, compositora, mente agitada e fantasista, que criou um universo musical único na cena nacional. O primeiro álbum, Antwerpen, saiu em 2017, levou-a viajar pelo mundo em concertos de todos os tamanhos e também a explorar novos sons, ideias e colaborações, que alargaram ainda mais os seus horizontes. Em 2022, regressou da pandemia com o segundo álbum, Alla, uma palavra sueca que significa todes, sem género masculino ou feminino, um álbum intimista e experimental, em que Surma prova que sabe quem é e o que quer fazer com a sua música.
AZIA
Azia, rapper e produtora do Porto, não precisa de muito para se fazer notar: voz e uma MPC cheia de sons bastam para passar a mensagem. Beats sujos, palavras cortantes, ambientes escuros e narcóticos. A música de Azia pode não deixar transparecer mas, Mariana Costa, a mulher por detrás do nome, tem formação académica em piano e bateria jazz e vasta experiência em vários géneros musicais. Causa Torpe, o álbum de estreia editado o ano passado, é um ensaio sobre a mentira e a manipulação que não esconde a falta de otimismo nas pessoas e no mundo, mas brilha em toda a sua escuridão.