London Calling
Greves e protestos nas ruas. Motins contra a violência policial racialmente motivada. A juventude numa ansiedade crescente perante um futuro cinzento, com o desemprego a bater à porta. O ano não é 2019, mas sim 1979, e os Clash editavam, a 14 de dezembro, o terceiro álbum, London Calling — o momento em que se tornam a banda punk perfeita. Som e Palavra. Forma e Conteúdo. Unidos numa obra-prima em que punk rima com rock’n’roll, ska, dub, rockabilly. Na capa, inspirada na do histórico álbum de estreia de Elvis Presley, Paul Simonon esmaga o seu baixo no palco do New York Palladium. Quatro décadas depois, os estilhaços continuam aqui, bem visíveis.
Mais de quatro décadas depois, não podíamos esquecer London Calling. Em destaque neste faixa-a-faixa: “London Calling”, “The Guns of Brixton”, “Revolution Rock”, “Spanish Bombs” e “Death or Glory”.
Sandinista!
Em 1980, os Clash lançaram Sandinista!, o quarto álbum de originais, visto por muitos como o princípio do fim da banda britânica. Um disco triplo que não foi muito bem recebido na altura do seu lançamento, mas que, 40 anos depois, continua a afirmar-se como um dos principais legados dos Clash: Sandinista!não esconde a vontade da banda de fugir às amarras do punk rock, mergulhando no reggae jamaicano, bem como em jazz, folk, celta, blues, gospel, rockabilly e até callypso.
O disco revela ainda a consciência política dos Clash, a começar pelo título — uma homenagem direta às forças marxistas da Nicarágua, numa era dominada por Margaret Thatcher.
Recordamos cinco canções de Sandinista!: “The Magnificent Seven”, “Lose This Skin”, “The Call Up”, “Hitsville U.K.” e “One More Dub”.
Combat Rock
Um dos discos mais importantes da carreira dos Clash foi Combat Rock dos The Clash. Editado no dia 14 de maio de 1982, o 5.º disco de estúdio da banda britânica inclui os hinos “Should I Stay Or Should I Go?” e “Rock the Casbah”. As histórias, as polémicas e as músicas que marcam os 35 anos deste álbum histórico.
Especial The Clash: 40 anos de revolta
Os Clash foram os românticos da explosão punk ocorrida em Londres em 1977. À atitude genuinamente desafiadora do sistema, aliavam a competência artística que, apesar de contraditória quando falamos em punk rock, fez de facto toda a diferença quando comparados aos seus pares da altura. Captaram na perfeição os sinais desses tempos: o contraste entre o otimismo dos anos 60 e o idealismo da era hippie, por um lado, e o lado sombrio e decadente da sociedade da década seguinte, por outro.
“God Save the Queen” e “Anarchy in the U.K.”, dos Sex Pistols, continuam a ser consideradas as canções-símbolo do género punk, mas The Clash é a herança mais duradoura desta época, que transformou, rompendo com o passado, a história da música popular. Editado originalmente a 8 de abril de 1977, o álbum de estreia dos Clash é um testemunho do momento e do contexto físico em que foi criado. Um extraordinário documento, um retrato explosivo de um país à beira da rutura e, ao mesmo tempo, transcrevendo em som e palavras a revolta de toda uma geração face ao status quo da sociedade britânica.
40 anos após o lançamento de The Clash, a Antena 3 assinalou a efeméride em dois momentos diferentes: no próprio dia do aniversário, ouvimos o especial da autoria do Pedro Costa no Domínio Público; e o Nuno Calado recebeu Luís Varatojo para um Indiegente muito especial, com a escuta integral de The Clash.