2025 foi especialmente complexo nos Estados Unidos, onde a administração de Trump cortou fundos de investigação em praticamente todas as áreas. A Inteligência Artificial terá sido uma das excepções, mas a inteligência artificial tem estado e continua no centro de todas as atenções.
Por alguma razão a revista Time nomeou os Arquitetos da Inteligência Artificial como personalidade do ano. A IA não só continuou a afirmar-se como ferramenta fundamental na investigação científica, como também consolidou o seu estatuto enquanto força de trabalho: um estudo recente do MIT concluiu que já consegue substituir 11,7% dos trabalhadores nos Estados Unidos e empresas como a IBM ou a Amazon anunciaram a intenção de fazer despedimentos e contratar serviços de Inteligência Artificial para substituir os humanos. Mas nem todos os entusiasmos estão a ser cumpridos.
Temos o exemplo da Klarna, uma empresa sueca que dispensou centenas de pessoas para usar IA e acabou a recontratar trabalhadores. 2025 revelou ainda falhas nos veículos autónomos da Tesla, e no seu sistema de IA, o Grok, que, entre outras coisas, começou a disseminar notícias falsas sobre um suposto genocídio de brancos e decorrer na África do Sul. As notícias falsas são cada vez mais credíveis graças à IA. Também este ano foram vários os casos de pessoas “enganadas” por chatbots de IA que, na sua voracidade para satisfazer os desejos dos utilizadores, acabam por inventar informações – os cientistas chamam-lhe “alucinações” e são um problema real.
Em 2025 tornou-se também claro que a IA é cada vez mais um ombro amigo, psicólogo e psiquiatra, às vezes também oferece possibilidade de romance e nalguns casos até justificação para a morte. A par disto tudo, dos progressos permitidos pela IA e também dos riscos que representa, há ainda um fator ambiental que se tornou obvio em 2025: os consumos de água e energia da Inteligência Artificial são astronómicos: um texto de 100 palavras no ChatGPT gasta mais de meio litro de água e 0,14 watts de energia.
O clima também continuou no centro das preocupações. 2025 registou um aumento de temperatura de 1,48 graus centígrados e pode ser o segundo ou terceiro ano mais quente de que há registo. Em Portugal, o IPMA considera o último verão como o mais quente e seco desde 1931. Relatório da ONU feito para a COP30, em Novembro, dava conta do aumento da temperatura dos oceanos e da subida do nível do mar, da diminuição do gelo dos glaciares e também do aumento das concentrações de gases efeito estufa. Por todo o mundo, os eventos climáticos extremos tornaram-se mais frequentes e imprevisíveis, mas a luta contra as alterações climáticas parece ter esmorecido. Um relatório da OCDE, publicado em Novembro, concluiu que as ações contra as alterações climáticas continuam insuficientes para cumprir os requisitos do Acordo de Paris, estabelecido há 10 anos.
2025 foi mais um ano de confirmação dos efeitos das alterações climáticas e da poluição na saúde humana. As ondas de calor aumentam o risco de morte. Em Portugal, o verão de 2025 registou mais 2600 mortes do que o normal, o que os investigadores explicam com as condições climáticas porque ocorreram durante ondas de calor.
Um estudo deste ano concluiu que a poluição atmosférica, um dos motores das alterações climáticas, não só afeta a saúde física como pode contribuir para o desenvolvimento de várias doenças psiquiátricas, incluindo depressão, ansiedade, esquizofrenia, doenças do espectro do autismo e problemas de atenção. 2025 continuou a ser marcado também pela descoberta de microplásticos em humanos, animais e plantas.
Um estudo francês publicado este ano, concluiu que inspiramos 70 mil partículas de microplásticos por dia, dentro das nossas casas. Outro estudo, publicado na Nature, concluiu que, não só os microplásticos conseguem alojar-se no cérebro humano, como a sua concentração tem vindo a aumentar nos últimos 50 anos. Também na Nature, foi publicado um artigo que revelou que plantas e vegetais inalam microplásticos da atmosfera.
Para acabar em tom positivo, nos oceanos, um dos maiores depositários de microplásticos, há bactérias que se adaptaram às novas condições e já digerem plásticos pet, usados em garrafas e roupa, por exemplo. Apesar de tudo, a natureza parece adaptar-se à poluição produzida por mão humana.