A Antena 3 voltou a marcar presença no Sónar Lisboa. Em junho celebrar-se-ão os trinta anos do Sónar Barcelona, mas na capital de Portugal a festa antecipou-se. Deixámos a Música com Pés e Cabeça em hiato na passada sexta-feira, dia 31 de março, para espreitar o início da segunda edição do Sónar. Continuámos com a já habitual companhia do Rui Vargas, que se juntou a Isilda Sanches, para uma emissão especial onde nos falaram sobre a edição e programa do Sónar Lisboa 2023, onde se proporcionou uma panóplia de conversas – em português, em espanhol e em inglês… – e onde Rui Vargas e Isilda Sanches recordaram momentos passados no Sónar Barcelona, que no início, era uma espécie de “pequeno festival onde era tocada música estranha”, segundo Rui Vargas.
A emissão especial do Sónar começou com uma simpática conversa com Clothilde, alter-ego de Sofia Mestre, que abriu a porta para o Sónar, ainda durante o dia, no Sónar+D, e nos falou sobre o convite feito pelo par Entangled Others, para uma colaboração, que se materializou na banda sonora de uma instalação localizada na Estufa Fria, que resultou no Sediment Nodes. Fã assídua do Sónar Barcelona, Clothilde ficou em êxtase quando foi convidada para o alinhamento do Sónar.
Mas a sensação de entusiasmo é contagiante. A próxima convidada foi a fadista Gisela João, que há bem pouco tempo tinha estado na nossa companhia, a propósito do dia Internacional da Mulher, para a ouvirmos no 10 Mulheres Ao Vivo na Antena 3. A sua presença como visitante no Sónar surpreendeu a grande maioria, que talvez a associasse apenas ao fado, e Gisela revelou-se uma grande fã da música eletrónica. Falou sobre a democratização do género e explicou a importância do papel do Sónar para esse movimento e explicou que estava com alguma pressa, para não perder o concerto do britânico James Holden, que tocou na sexta-feira, dia 31. A Catarina Fernandes falou com o James Holden durante a tarde quando chegou a Lisboa, a propósito do lançamento de “Imagine This Is A High Dimensional Space Of All Possibilities”, o seu novo álbum desde há seis anos e da sua estreia no Sónar:
O organizador e produtor do Sónar Lisboa, Raúl Duro, falou sobre a esperança que tem no Sónar, que conta apenas com duas edições em Portugal, para que em breve se torne um festival macro, sem nunca perder o seu ADN inicial. Explicou ainda que o facto de o festival ter morada exclusiva no Jardim Eduardo VII, ou “coração de Lisboa”, como lhe chamou Duro, permitiu ao público uma maior facilidade para que se deslocassem de forma mais rápida, de palco em palco.
Quem veio mais tarde bater à porta da carrinha da 3, estacionada no Jardim, foi o duo criativo de Ana Quiroga, compositora de música eletrónica e Estela Oliva, artista digital, que nos falaram sobre a tecnicidade do seu espetáculo, META AV, que convidou o público a embarcar numa realidade paralela, que utiliza a música, a imagem e uma elaborada narrativa de ficção cientifica e da estética cyberpunk, onde o espectador é personagem principal no seu próprio jogo, muito como a nossa vida, mas com os vários recursos digitais contemporâneos. Numa conversa (quase) poliglota, Quiroga e Oliva, refletiram sobre o jogo e sobre o papel da música nele, tocada pela Estela Oliva ao vivo.
Em espanhol ouvimos o testemunho de Enric Palau, o principal organizador do Sónar Barcelona, que veio a Lisboa e se juntou a nós para nos falar da importância da internacionalidade da música eletrónica e do lugar que o género ocupou desde há 30 anos para cá, explicando que se tornou algo global, graças ao impulsionamento de géneros musicais como o reggaeton, que, como explicou Palau, parte de uma base eletrónica. Dentro do panorama musical português, Palau destacou Pongo e Eu.Clides, nomes que pairam no nosso radar de música emergente nacional, evidenciando a relação simbiose entre Espanha-Portugal.
Dentro do coração de Lisboa, Isilda Sanches avistou Yen Sung, a DJ mais antiga de Portugal e DJ residente no Lux Frágil, da janela da carrinha durante a emissão, artista que tocou no último dia do festival, no domingo. A DJ e produtora teve um papel simbólico nos anos 90 para desbravar caminho para as mulheres na música em Portugal, saltitando entre o house, o techno, o funk e a disco.
A norte do país o ADN do Sónar também se fez sentir. Na programação do Sónar Lisboa 2023, também participou o trio do Porto, Throes + and The Shine, que conversaram com a Catarina Fernandes sobre a influência da música eletrónica e do kuduro na sua discografia e sobre o concerto, antes do festival sequer ter começado:
Depois de Marco Castro e Mob Dedaldino, também recebemos o testemunho de Manuel Justo, membro dos Sensible Soccers, que também tocou no Sónar. Inseridos numa programação de música eletrónica, Manuel Justo falou a partir do Tremor, dos Açores, sobre a estreia da banda no Sónar:
Perto do fim da emissão especial, tivemos oportunidade de ouvir o último convidado, o DJ Nuno Di Rosso, que passou música no sábado, dia 1 de abril.
Durante três dias, os quatro palcos do Sónar Lisboa amplificaram o melhor da música eletrónica, onde subiram a palco nomes inconfundíveis como Sofia Kourtesis ou Peggy Gou, Max Cooper, Chet Faker e I Hate Models, alto e bom som, com muitos bpms e muita comunhão, numa celebração do potencial da música eletrónica.
Recupera a emissão especial do primeiro dia do Sónar na íntegra na RTP Play.