Jennifer Lawrence vive a loucura em “Die, My Love”, o novo e poderoso filme de Lynne Ramsay.
Lynne Ramsay regressa a Cannes com um murro no estômago chamado “Die, My Love”, baseado no romance homónimo da escritora argentina Ariana Harwicz. A protagonista, Jennifer Lawrence, vive uma mulher em espiral, perdida nos labirintos da depressão pós-parto — num filme que combina brutalidade emocional com uma banda sonora explosiva.
Ao seu lado, Robert Pattinson — numa inesperada (e talvez involuntária) reunião Twilight com a estreia de Kristen Stewart no mesmo festival — interpreta o parceiro de uma mulher que se afunda num estado mental extremo. O som, aliás, é uma personagem neste filme: repetições inquietantes, texturas dissonantes e ruídos desconcertantes transformam a experiência numa imersão total no colapso psicológico da protagonista.
Há uma atitude quase punk na construção do filme — da montagem ao design sonoro — que nos faz viver fisicamente o desconforto da personagem. E esse é precisamente o ponto: não assistir, mas sentir na pele.
“Die, My Love” é um retrato sem filtro da psicose feminina, que se recusa a suavizar ou explicar — apenas mostrar, e confrontar.
A Teresa Vieira refletiu sobre a psicose no feminino nos trabalhos de Kristen Stewart e de Lynne Ramsay.