Em setembro de 2015, chega o sucessor de O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, disco de estreia de Emicida, que marcou presença nas principais listas dos melhores álbuns de 2013. Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa tem uma forte influência da cultura africana e chega às lojas com o apoio da Antena 3.
Parte do disco foi gravado em Angola e Cabo Verde, com instrumentistas locais. Mais do que uma vontade antiga, pisar o solo africano era para Emicida quase como um chamamento da sua ancestralidade. Há anos que, sem imaginar que o projeto se transformaria num capítulo da sua carreira, o músico estudava o continente, os seus ritmos, o seu povo, a sua história e de que maneira ela se fundia com a do Brasil, qual a história que nunca foi contada nos livros da escola.
Emicida foi o convidado especial das Manhãs da 3 desta terça-feira. Podes escutar aqui a entrevista, com Luís Oliveira e Joana Marques. Na terça-feira (15 de setembro), Henrique Amaro recebeu o rapper paulista na Portugália.
Valete escolhe “Mufete”.
2015 é o ano em que Emicida celebra a sua primeira década de carreira e que países da África lusófona celebram 40 anos de independência. Em março deste ano, tudo conspirou, incluindo a seleção do projeto pelo programa Natura Musical, para que o músico conseguisse, ao lado do produtor Xuxa Levy, desembarcar em Cabo Verde e Angola. Emicida procurou instrumentistas locais, foi com eles para estúdio e de lá saiu com Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa. O título sintetiza a essência dessa viagem que rendeu não só mais um disco, mas também um encontro com as suas raízes e uma transformação na sua vida.
“Durante a viagem, esses pontos do título foram imagens muito fortes na minha mente: crianças sorrindo, quadris dançando, pesadelos em volta deles, tentando roubar a alegria que lhes restou, e no meio de tudo isso cada um cumpria suas obrigações, fazia sua lição de casa. Achei que no meio de tanta informação poderia ter um título que apontasse essas imagens todas, como uma lista de coisas que encontrei”, conta Emicida.
Foram 20 dias de viagem, com passagens por Praia (Cabo Verde) e Luanda (Angola), e mesmo que algumas faixas tenham sido gravadas no Brasil, África está presente de maneira intensa em todo o álbum. Em “Mufete” (ver vídeo), nome de um prato típico de Angola, Emicida traz no refrão influênicas das cidades que visitou. A percussão fica a cargo de João Morgado, mítico instrumentista de semba. O angolano Ndu Carlos, Kaku Alves, que foi guitarrista de Cesária Évora durante 14 anos, Fattu, Anna Tréa, dona Jacira (mãe de Emicida), Vanessa da Mata, Caetano Veloso, J. Ghetto e Drik Barbosa (novos nomes do rap), Rico Dalasam, Amiri, Raphão Alaafin e Muzzike são os convidados de luxo deste disco. O poeta Marcelino Freire foi também convidado por Emicida para interpretar o seu poema “Trabalhadores do Brasil”, do qual o rapper é fã. O tema “Casa” conta com um coro de crianças da escola Penta Grana.
03 – Casa
04 – Amoras
05 – Mufete
06 – Baiana
07 – Passarinhos
08 – Sodade
09 – Chapa
10 – Boa Esperança
11 – Trabalhadores
12 – Mandume
13 – Madagascar
14 – Salve Black